O outro
Desenganem-se os que esperam encontrar aqui o voo final do herói criado por Alberto Weinberg para a revista Tintin em 1954. O tema desta obra é completamente diferente.
... o que não impede o piloto canadiano de ter uma - aliás duas - presença(s) fugaz(es) no álbum quando o protagonista lê uma das suas aventuras.
Le dernier vol de Dan Cooper retoma um caso real, o daquele que é supostamente o mais famoso pirata do ar da História.
Foi a 20 de Novembro de 1971 que tudo começou. Um homem, registado como Dan Cooper - lá está! - num voo de Portland para Seattle, uma vez a bordo exigiu 200.000 dólares afirmando ter uma bomba. Chegados a Portland, recebeu o dinheiro, libertou os passageiros mantendo quatro membros da tripulação como reféns e deu ordem para seguirem para o México. Dez minutos mais tarde saltou de pára-quedas e nunca mais foi visto.
Em 2016, após 45 anos de investigações infrutíferas, o FBI abandonou oficialmente o mais longo inquérito do seu historial.
Em Le dernier vol de Dan Cooper, Jean-Luc Cornette e Renaud Garreta partem da realidade, combinando-a com ficção e apresentam uma resposta plausível para o mistério. Numa história credível, mostram um homem refém do seu plano, sujeito ao que podia correr mal - e correu - e transformado em ídolo dos jovens que contestavam a autoridade. Com isto e alguns imponderáveis, dão consistência e palpabilidade a uma situação que se tornou lendária e quase etérea.
De leitura simples e direta, com bom ritmo, um desenho competente, inevitavelmente realista, muita imaginação e toda a credibilidade que se impunha, sem beliscar o que é do conhecimento geral, Le dernier vol de Dan Cooper revela-se uma boa leitura... de final tão enigmático quanto o que (não) conhecemos da vida real.
Le
dernier vol de Dan Cooper
Jean-Luc
Cornette (argumento)
Renaud
Garreta (desenho)
Glénat
França,
2025
240
x 320
mm, 88
p., cor, capa dura com sobrecapa
19,00
€
(imagens disponibilizadas pela Glénat; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Olá Pedro.
ResponderEliminarBem que por cá podiam pegar nesta obra. Mas desde que o público largou a BD franco/belga, as esperanças foram esmorecendo.
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarConcordo, é uma boa obra, que merecia edição nacional.
EliminarSe por BD franco-belga falamos dos clássicos da revista Tintin, sim, a geração que os leu está a passar, o público-alvo dela possivelmente não suportaria uma edição nacional; mas, com excepção do manga, o que mais se publica em português actualmente é banda desenhada franco-belga.
Boas leituras!
Convém referir que os clássicos da revista Tintim, eram banda desenhada de altíssima qualidade! Eu acho que a qualidade é intemporal!...
ResponderEliminarNão coloco em causa essa qualidade e eu próprio sou leitor regular deles, como espelham os textos aqui no blog. Mas, a forma de narra hoje em dia é diferente; os tempos, os ritmos, os grafismos são outros e o leitor mais actual pede temas, pede estilos, que a maior parte dessa banda desenhada não dá. E o mercado é pequeno, para suportar o tipo de dições que os clássicos franco-belgas justificavam.
EliminarBoas leituras!