16/12/2011

Dustin, o com-abrigo

Jeff Parker (argumento)Steve Kelley (desenho)
Bizâncio (Portugal, Setembro de 2011)
210 x 220 mm, 130 p., pb, brochado com badanas
11,35 €




Resumo
Este álbum mostra o quotidiano despreocupado e preguiçoso de um universitário desempregado, que voltou para a casa que compartilha com os pais e a irmã mais nova.

Desenvolvimento
Num mercado – o das colectâneas de tiras de imprensa – que está actualmente longe da pujança de outros tempos – em que os títulos lançados anualmente eram bem mais numerosos – o aparecimento de uma nova série não deixa de ser um sinal positivo. Mesmo que seja só sinónimo de que alguém acredita que vale a pena apostar nele, que ele irá encontrar os seus leitores.

Tendo como base um dos estereótipos mais comuns no género – a família (ainda) tradicional, constituída por pai, mãe e dois filhos pós-adolescentes, um rapaz e uma rapariga - Dustin, o Com-abrigo apresenta no entanto uma alteração àquela estrutura, reflexo dos tempos que correm, a saída cada vez mais tardia dos jovens de casa dos mais e a entrada, igualmente cada vez mais tardia, no mundo do emprego.
Porque Dustin, o rapaz, protagonista da tira, é um jovem recém-formado que, após ter deixado a casa dos pais para ir para a faculdade, regressou a ela com o canudo mas sem emprego… nem nenhuma vontade de o arranjar, passando o seu dia – para parafrasear alguém – “uma vezes deitado, outras estendido” no sofá, em frente à televisão! Pelo meio, há algumas visitas ao instituto de emprego local e episódicas e (muito) breves experiências laborais.

Como série nova que é, as primeiras tiras – cerca de metade do livro, talvez – servem para nos introduzirem no universo a que os autores querem dar vida, aprendendo a conhecer Dustin e cada um dos co-protagonistas: o pai, advogado, mais activo e sarcástico do que é habitual no género; a mãe, viciada em compras, que trabalha como locutora de um programa radiofónico de sucesso, cuja personalidade aos poucos se vai afirmando à medida que o seu emprego tem cada vez mais lugar na sua definição; a irmã mais nova, estudante de sucesso; a responsável do centro de emprego, mais empenhada em manter o seu tacho do que em ajudar realmente Dustin nas suas (patéticas) tentativas de encontrar – e manter – uma ocupação remunerada.
Sem deslumbrar – pelo menos por agora - no seu primeiro ano compilado neste volume, Dustin possui já um bom número de tiras cujo sentido de humor está acima da média, o que permite acreditar que Kelley e Parker ainda nos vão proporcionar (muitas e) boas gargalhadas.


A reter
- A publicação em português de uma nova série aos quadradinhos.
- A forma como as mudanças na vida real – novas estruturas familiares, dificuldade de emprego para os jovens… - marcam lugar (também) numa tira diária de imprensa.
- A crescente familiaridade e interacção que o leitor vai sentindo com Dustin e a sua família ao longo do volume.

Menos conseguido
- Confesso que quando vi o título deste livro me surpreendi, cheguei até a sonhar alto e a imaginar uma tira diária sobre o quotidiano de um sem-abrigo. A sua leitura, fez-me ver o erro de julgamento que tinha cometido, embora a temática do livro seja também bastante actual
-Claro está, Dustin poderia tornar-se mais interessante se tivesse uma posição mais crítica e acutilante mas, nestes tempos insossos, em que predomina o enjoativo politicamente correcto, isso seria, com toda a certeza, pedir demais…

15/12/2011

Leituras de banca

Dezembro 2011
Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.



Mythos
Mágico Vento 108

J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga 79

Os Grandes Clássicos de Tex #28 e #29
Tex #474

Tex Colecção #266


Zagor Extra 87

Panini
Turma da Mónica
Almanaque da Magali #27

Almanaque do Chico Bento #27

Almanaque Temático #18 – Franjinha - Invenções

Cascão #54

Cebolinha #54

Chico Bento #54

Magali #54

Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #3

Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #3

Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #54

Turma da Mônica – Clássicos do Cinema #26 – Coelho de Ferro

Turma da Mónica – Saiba mais #45 – A História da Matemática

Turma da Mônica – Uma aventura no parque #54

Turma da Mônica Jovem #36


DC Comics
Batman #102

Liga da Justiça #101

Superman #102

Universo DC #11



Marvel
Avante Vingadores #48

Homem-Aranha #112

Os Novos Vingadores #87

Wolverine #76

Universo Marvel #10

X-Men #112

Manga
Vampire Knight #6

14/12/2011

Scott Pilgrim

#5 – Contra o universo
#6 – No seu melhor
Bryan Lee O’Malley (argumento e desenho)
Booksmile (Portugal, Outubro e Novembro de 2011)
127 x 190 mm, 184p. e 248 p. p, cor e pb, brochado
9,99 € e 10,99 €

Resumo
Com seis dos sete ex-namorados maléficos de Ramona vencidos, Scott Pilgrim enfrenta agora o maior desafio da sua vida: encontrar o seu caminho.

Desenvolvimento
Desta vez deixem-me começar pelo que normalmente deixaria para o fim: o trabalho editorial da Booksmile.
Lançar uma série completa – de 6 livros, atente-se – com protagonista anteriormente desconhecido, em apenas um ano, é um acontecimento, que não deverá ter paralelo em Portugal. E que teve o bom senso – algo que raramente tem sido atributo dos editores nacionais - de surgir à boleia da estreia do filme há cerca de uma ano, para tentar dessa forma alavancar as vendas dos livros.
Para mais é uma edição bem conseguida, com uma boa tradução, linguagem actual e adequada à faixa etária que retrata e uma boa legendagem.
Um trabalho assim, merece ser compensado – em vendas – algo que pessoalmente desejo, para que esta primeira incursão da Booksmile na BD possa ter continuidade. Em breve. Porque o mercado – pequeno e limitado – só fica a ganhar.
Agora, passemos à obra. E eu confesso que quase desisti dela a meio. Porque, apesar do bom arranque, Brian Lee O’Malley perdeu-se um tanto por volta do volume 3. Perdeu-se no caminho, tal como a sua personagem andou sempre perdida, sem saber qual o seu caminho. Mas O’Malley emendou bem a mão a partir do quarto tomo – o Scott demorou mais! - e concluiu a sua série com três belos volumes.
Simples no traço orientalizado – apesar de O’Malley se ter revelado um excelente desenhador em determinados momentos – que ao longo da obra foi melhorando na definição individual das diferentes personagens, simples no traço, escrevi eu atrás, mas bem eficaz – bem mais do que isso, até – na narrativa gráfica, quase sempre de ritmo acelerado – como a vida actual – dinâmica, viva, numa perfeita interligação acção/desenho que conduz – arrasta, muitas vezes – o leitor através da teia de amizades de Scott Pilgrim e do seu complexo quotidiano – como complexos são todos os nossos quotidianos...
Scott Pilgrim, deixemos assente, não é tematicamente original – narra as dificuldades de relacionamento do protagonista - um adolescente tardio ou um jovem retardado?, realidade incontornável de tantos hoje em dia - consigo, com os amigos, com a(s) namorada(s), com o mundo real. Mas, a forma como faz essa abordagem, essa sim é original e, quase ouso escrever, única em termos de banda desenhada. Porque é uma abordagem a um tempo divertida mas certeira, que assenta num retrato bastante fiel do que deve ser o quotidiano de muitos adolescentes/jovens ocidentais hoje em dia, mas que combina esse retrato realista com realidades a consubstanciação de situações importadas da BD/anime/jogos-vídeo, o que leva Pilgrim a tentar resolver muitos dos seus problemas através de tácticas/opções próprias desses universos, numa metáfora bem conseguida da fuga da (dura) realidade para ambientes oníricos (mais confortáveis).
Uma abordagem sui-generis, é inegável, mas eficaz, que consegue transmitir os diferentes estados de espírito porque vão passando Scott, Ramona, Knives, Wallace e os outros, abordando temáticas como o namoro, a homossexualidade, a saída de casa dos pais (e o regresso…), a entrada no mundo do trabalho, a procura de emprego, a necessidade de fazer opções, de assumir escolhas, de lutar por elas. Ou seja, em resumo, aquilo que todos nós temos de fazer cada dia, mas que, possivelmente, surge em maior número e com maior impacto, na passagem (cada vez mais tardia) da adolescência para a idade adulta.
Um retrato divertido, sim, mas por vezes também tocante, dos medos, anseios, desejos e ambições que todos nós já tivemos/enfrentamos e de um tempo em que temos que assumir o que escolhemos, um tempo em que temos de nos assumir – com as nossas qualidades, defeitos e erros - um tempo em que “as coisas nunca foram o que eram” e “a mudança é o que acontece”.
A reter
- A edição dos 6 tomos de Scott Pilgrim num ano. Em Portugal. É um marco.
- A fluência narrativa demonstrada por O’Malley.
- O surpreendente realismo do retrato caricatural traçado.
- O final aberto, que desafia o leitor a interpretá-lo segundo as suas condicionantes próprias. Como acontece com a (nossa) vida…

Menos conseguido
- Não sabermos ainda qual será a nova edição aos quadradinhos da Booksmile…!

13/12/2011

Fell - Cidade selvagem

Warren Ellis (argumento)
Ben Templesmith (desenho)
GFloy Studio (Portugal, Novembro de 2011)
170 x 260 mm, 144 p., cor, brochado com badanas
15,99 €

Resumo
Detective destacado para Snowtown, por motivos (pouco abonatórios?) que só ele e os seus superiores conhecem, Fell trava aos poucos conhecimento com os estranhos habitantes de uma cidade que prima pelo clima opressivo, o medo latente e os factos inexplicáveis.

Desenvolvimento
Fell é um policial duro, negro, sombrio e violento.
Duro como Fell, o detective que lhe dá nome, que a co-protagoniza, que, na melhor tradição do policial negro, se revela um indivíduo determinado, (falsamente) confiante, capaz de se interessar pelos casos apenas pelos dramas que lhes estão inerentes, avesso à autoridade - será por isso que está exilado em Snowtown? – habituado a fazer valer a sua opinião, mesmo que para isso tenha que usar métodos menos ortodoxos, que considera válidos desde que lhe permitam atingir o fim desejado. Em resumo, um duro na melhor acepção do termo, mas que mais do que uma vez revela um coração (surpreendentemente) sensível.
Negro, sombrio e violento como Snowtown, a cidade onde a acção decorre e que tem no relato uma papel (pelo menos) tão importante como o de Fell, porque é nela que vivem vítimas e executores, é nas suas entranhas – é difícil chamar ruas aos espaços de Snowtown – que a acção decorre, é o seu (mau) ambiente que ajuda a criar o clima incómodo que percorre todas e cada uma das histórias aqui narradas.

Snowtown – nome enganador… - é uma cidade negra, sempre obscurecida por um denso manto, misto de nevoeiro e fumo, que a envolve permanentemente. Snowtown é uma cidade repleta de segredos, negra também pela amoralidade dos seus habitantes, que podem ser divididos em duas categorias principais: os que tentam sobreviver a qualquer custo – não vendo, não ouvindo, não falando… - dissolvendo-se nas sombras para passarem despercebidos, gente inadaptada a tentar adaptar-se ao inadaptável, (sobre)vivendo e sonhando passar a ponte para um mundo melhor (?), e aqueles que se deixam dominar pela atmosfera opressiva, encontrando nela a justificação para praticarem os crimes mais abjectos e violentos.
Se para alguns, Snowtown - que dista apenas o comprimento de uma ponte da cidade soalheira e aprazível que ocupa a outra margem do rio, ponte essa que o protagonista está impedido de atravessar, tão grave ou notório foi o erro (os erros?) que o levaram para ali - serve de trampolim (enganador?) para subir na carreira, para Fell é local de exílio - e de auto-punição? Por isso, vai tentando adaptar-se à estranha cidade, travando conhecimentos - algo que o seu carácter de solitário, obstinado e reservado, não facilita - e descobrindo (alguns d)os seus segredos e (d)os seus muitos podres.
Relato tradicional embora com laivos de originalidade, composto por vários episódios curtos – duros, negros, sombrios e violentos… - que nos vão dando a conhecer Fell e vão definindo e aprofundando o seu carácter e o daqueles com quem se vai cruzando, Fell tem tudo para agradar aos fãs de policiais, sim, mas também a todos os que gostam de uma história bem contada.
Pois é isso que faz Ellis, com um guião consistente – duro, negro, sombrio e violento – potenciado pelo traço de Templesmith, mais impressionista ao mostrar Snowtown, pintada com tons escuros que acentuam o ambiente sombrio e a violência das acções, mais caricatural no retrato dos seres humanos que a habitam e que nela parecem deslocados.

A reter
- A boa surpresa que esta edição constitui.
- - O tom sombrio, opressivo e incómodo da narrativa de Ellis…
- … que Templesmith soube captar e transmitir através do seu traço bem original.

12/12/2011

IX Troféus Central Comics (2)

Os Vencedores

Melhor Autor
Filipe Melo & Juan Cavia (Dog Mendonça e Pizza Boy vol.1)

Melhor Publicação Nacional
As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy vol.1 (Tinta da China), de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa

Melhor Publicação Estrangeira
Scott Pilgrim vol.1 – Na Boa Vida (Booksmile), de Brian Lee O’Malley

Melhor Publicação Clássica
Dragon Ball vol.1 – Son Goku (Edições ASA), de Akyra Toriyama

Melhor Publicação de Humor (ex-acqueo)
Cartoons do Ano 2010 (Assírio & Alvim)
O Gato do Simon vol.2 – Pula a Cerca (Objectiva), de Simon Tofield

Melhor Publicação Independente
O Amor Infinito que te Tenho (Polvo), de Paulo Monteiro

Melhor Publicação Técnica
Dicionário Universal de BD, de Leonardo de Sá (Pedranocharco)

Melhor Obra Curta
Empregado precisa-se, de J. B. Martins & Carla Rodrigues (in Zona Negra #2)
 
Troféu Especial do Júri
José de Matos-Cruz

11/12/2011

IX Troféus Central Comics

Data: 11 de Dezembro de 2011, às 16h
Local: Auditório do Hard Club, no Mercado Ferreira Borges, no Porto

Programa
- Cerimónia de Entrega dos IX Troféus Central Comics (apresentada por Hugo Jesus);
- Sorteio da mini-bedeteca de oferta do IX TCC (apresentado por Daniel Maia);
- Sessão de Autógrafos;
- Área comercial da loja O Lobo Mau (15H-18H)

Lançamentos editoriais
- O MENINO TRISTE: PUNK REDUX, de J.Mascarenhas (Qual Albatroz);

- Fanzines LODAÇAL COMIX #3 e LODAÇAL COMIX #4, de Rudolfo;

- Fanzine MUSCLECHOO, de Rudolfo.

Apresentações e Projecções
- Projecção do trailer/motion-comic “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy II”, de Filipe Melo;
- Plano Editorial para 2012 da Edições ASA, com Maria José Pereira (Editora);
- PONTAS SOLTAS vol.1 – AS CIDADES, com Ricardo Cabral (Edições Asa);

- MAHOU: NA ORIGEM DA MAGIA (vol.1), com Ana Vidazinha e Hugo Teixeira (Edições Asa);

- O INFANTE PORTUGAL E AS SOMBRAS MUTANTES, de José de Matos Cruz (Apenas Livros);
- Antologias ZONA para 2012, com Fil (Editor/autor);
- Projecto SOHEI, de André Oliveira e Pedro Carvalho (Autores);
- Apresentação Especial (apenas revelada no dia do evento)

Antevisões para 2012
- THE ADVENTURES OF DOG MENDONÇA AND PIZZABOY #4, in Dark Horse Presents, de Filipe Melo e Juan Cava;

- Próximos projectos de RICARDO CABRAL (Edições Asa);
- MAHOU vol.2, de Ana Vidazinha e Hugo Teixeira (Edições Asa);
- VOYAGER vol.2, com Rui Ramos (R’lyeh Dreams);

Estarão presentes no evento vários dos nomeados a concurso e profissionais do sector, como Ana Vidazinha (autora), André Oliveira (autor/editor), Carla Rodrigues (autora), Diogo Campos (autor), Hugo Teixeira (autor), Fil (autor/editor), Filipe Pina (autor), Maria José Pereira (editora), Paulo Monteiro (autor/director da Bedeteca de Beja), Rudolfo (autor/editor), Rui Ramos (autor/editor), e ainda o autor Ricardo Cabral (a confirmar), entre muitas outras pessoas ligada à banda desenhada nacional.

* Destacamos a participação dos parceiros do evento: Loja O Lobo Mau, Arga Warga, Associação Tentáculo, Edições Asa, Filipe Melo & Dark Horse Publishing, Pato Profissional, Qual Albatroz e R’lyeh Dreams.

(Texto da responsabilidade da organização)

10/12/2011

Dia em cheio na Mundo Fantasma

Data: 10 de Dezembro de 2011Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, 1º andar, Porto
Horário: das 10h às 22h

A livraria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, no Porto, organiza hoje o seu primeiro 12-Hour Comics Day, das 10h às 22h.
Às 17 horas será inaugurada a exposição Retroexpectativa, com originais de Jorge Mateus, que estará presente, seguindo-se a apresentação dos seguintes álbuns:
"Mahou – Na origem da magia" (ASA) de Ana Vidazinha e Hugo Teixeira

"Mr. Klunk e o Senhor Klaxon" (Livros Espontâneos), de Paulo Azevedo e Jorge Matos,

igualmente com a presença dos respectivos autores para uma sessão de autógrafos.

12-Hour Comics Day
O que é o (24) 12-Hour Comics Day?
É um evento realizado um pouco por todo o Mundo que desafia argumentistas e desenhadores para criarem um comic de 24 páginas em 24 horas consecutivas. A nossa versão é um pouco menos exigente por ser uma primeira experiência e para garantir que o comic é publicado imediatamente: criar uma história de 12 páginas em 12 horas consecutivas.

O que significa criar uma história em 12 horas?
Significa criar tudo: o texto, a arte, a arte final, cor, balonagem, revisão... tudo. Mal a caneta toque no papel ou no computador, o relógio começa a contar. Não é permitida nenhuma preparação prévia que inclui sketches, layouts, resumo de argumento... mas pode-se planear indirectamente, organizando os materiais, referências, música, comida... Cada autor deve trazer todo o material que acha que vai necessitar.

Em que formato?
As folhas não devem ser menores que A4. As folhas devem ser da proporção do A4. O trabalho pode ser a cores ou a preto e branco. Com ou sem balões.

Em que horas?
Das 10h00 às 22h00 do dia 10 de Dezembro de 2011. As horas são contínuas. Pode interromper para almoçar, mas o relógio continua. Se no fim das 12 horas a história não estiver terminada, ou utiliza a variante de Gaiman e termina como está, ou utiliza a variante de Eastman, continuando até estar pronto. São variantes que representam uma falha nobre e dentro do espírito. O importante é que tenha realmente a intenção de terminar nas 12 horas disponíveis.

Onde?
Na livraria Mundo Fantasma. Parte do dia será em mesas no corredor pois haverá também a inauguração de uma exposição (de Jorge Mateus) e lançamento de dois livros ("Mahou" de Hugo Teixeira e "Mr. Klunk e o Senhor Klaxon" de Paulo Azevedo e Jorge Matos.

Para quê?
A intenção é editar uma publicação com as histórias nos dias seguintes ao evento. Para isso cada autor compromete-se a comprar 10 exemplares (eventualmente 3,00€ x 10 = 30,00€), esse é o preço da inscrição. A tiragem será de 200 exemplares e a livraria Mundo Fantasma assegura o restante da edição. Também oferecemos um jantar rápido num dos cafés do Brasília (Brasília 3).

Há letrinhas pequenas?
São do mesmo tamanho... na publicação a capa e a ordem das histórias irá obedecer a critérios de edição subjectivos da livraria. A apresentação dos autores na capa, na contracapa ou no interior será por ordem alfabética do último nome. Histórias incompletas não serão publicadas. Se o custo de impressão for de 3,00€, o preço de venda será 5,99€O evento nestas condições está limitado a 10 autores.

O 24-Hour Comics Day original foi criado por Scott McCloud.
O desenho é do Rudolfo da Silva.

Retroexpectativa
De 10 de Dezembro de 2011 a 22 de Janeiro de 2012
De 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h

Abrirá hoje ao público, pelas 17H00, com a presença do autor, a exposição RETROEXPECTATIVA, de Jorge Mateus
(Apesar de) nascido em Angola, adoptei Lisboa como minha. suguei-lhe o meu quinhão de tágides, Tejo e tudo. Ainda a sua inverosímil luz que espalha de brancos os contornos da cidade. os magníficos recantos e pormenores, tão bem traduzidos por Cardoso Pires.
Lisboa recebeu-me de braços, bares e bairros abertos em suma e, pomposamente, um cidadão do mundo em geral e de Lisboa em particular. Não será censurável ao visitante que se questione por alma de que santa tanta algaraviada (ou mourisca) prosa sobre Lisboa aquando a presente exposição se encontra num outro pólo lusitano e, onde, quiçá poderá haver alguma-t()riv(i) alidade invicta.
A jeito de resposta o autor (eu) argumenta, acreditando como verdadeira e arrebatadora a alegação: se, por um lado tomei Lisboa, o Porto, por sua vez, ofereceu-me tudo – O Amor e um leve cinzento gótico.
Dito isto estão presentes coisas novas, coisas antigas e outras coisas – Qu’est-ce que c’est.
JORGE MATEUS (Angola, 1971) é ilustrador do semanário Expresso, das revistas Visão e Time Out, da editora Leya. Iniciou-se nos anos 1990, na revista LX Comics, tendo participado em diversos projectos colectivos, como José Muñoz: Cidade, Jazz da Solidão (Livros Horizonte/CML, 1994), Noites de Vidro (CML, 1994) ou Para Além dos Olivais (Bedeteca de Lisboa, 2000). Em 1996 encetou uma colaboração com o Diário de Notícias, como cartunista e caricaturista, que durou cerca de uma década e foi sobejamente premiada. Criou, em 2001, a editora Má Criação, da qual é director de arte, onde lançou Noites de Lisboa, mais um título de um conjunto que foi enriquecido, em 2008, com dois outros álbuns de BD: O Futuro Tem 100 Anos (Bizâncio) e Schoenberg (Tugaland). Experimentou também sentar-se na cadeira de realizador com a curta-metragem de animação 10 Contos e, em 2011, criou o atelier de ilustração mural O Meu quarto é…
Participou em diversas exposições em Portugal e no estrangeiro e foi premiado, entre outros, com o 2.º prémio do concurso do XIII Salão Luso-Galaico de Caricatura (2009), o Grande Prémio do Salão Nacional de Ilustração (2005) e o 1.º Prémio do Salão Internacional de BD Comicarte (1991).
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(Textos da responsabilidade da organização)

09/12/2011

Tex Gigante #24

Os Rebeldes de Cuba
Guido Nolitta (argumento)
Mauro Boselli (guião)
Orestes Suarez (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
182 x 277 mm, 242 páginas, pb, capa brochada
9,00 €

Resumo
A pedido de Henri Picard, um amigo de Montales, este último e Tex deslocam-se a Cuba, que vive um agitado período revolucionário, para tentarem encontrar o filho de Picard, raptado por um feiticeiro local.

Desenvolvimento
Nascido por inspiração da participação de Sergio Bonelli num inusitado encontro de banda desenhada que teve lugar em Cuba em 1994, esta aventura, tal como o (excelente) Tex Gigante anterior, Patagônia, leva o ranger para longe do seu local habitual de acção – mas de forma mais credível, saliente-se.
Só que, ao contrário daquele, este livro, para mim, revelou-se uma desilusão. Parcial, pelo menos. Possivelmente porque as expectativas eram altas, em função dos ecos que já me tinham chegado sobre ele mas que a sua leitura não mas confirmou.
Passo a explicar porquê.
Desde logo, pelo argumento, menos conseguido, que começa logo por ser pouco claro quanto às razões do rapto.
E que, de seguida utiliza demasiadas páginas na introdução e para descrever a chegada de Tex e Montales a Cuba e despoletar a sua inimizade com os militares locais, páginas essas que poderiam ter sido melhor utilizadas para explorar o dia-a-dia e as razões dos revolucionários cubanos e, principalmente, no confronto final entre o pragmático Tex e as artes mágicas de Rayado – evocando até os confrontos (míticos e marcantes) daquele com Mefisto.
Porque estes dois aspectos, que deveriam ser maiores e mesmo o cerne da narrativa, acabam por ser de certa forma “despachados“ em menos de um terço do livro.
E ainda pelo fraco desenvolvimento da (trágica) situação final, da forma narrada de todo desnecessária, porque serve apenas para a “conversão” (muito forçada e escusada) do fazendeiro.
Também graficamente, este Tex Gigante do cubano Orestes Suarez está bastante abaixo do virtuosismo demonstrado por Pasquale Frisenda em Patagônia. As personagens de Suarez demonstram, a espaços, alguma rigidez, o trunfo que seria o facto de ele conhecer pessoalmente os locais da acção não é suficientemente explorado, o que não invalida que revele um bom domínio da técnica de narrar em quadradinhos ao longo de todo o álbum, com uma planificação sóbria mas dinâmica que embala e conduz o leitor.
Mas, quero esclarecer, o que atrás fica escrito, no entanto, não significa que estejamos em presença de um mau western ou de uma fraca aventura de Tex, pelo contrário. Os fãs – os mesmos que me induziram em erro?! – ou mesmo alguns leitores ocasionais - encontrarão sem dúvida bons motivos para amar a história, pela temática fora do habitual que a rege. Mas eu, esperava mais, pelas tais expectativas elevadas e porque tem sido isso que me tem sido proporcionado pela maioria das edições gigantes de Tex.

A reter
- O bom desenvolvimento de algumas personagens: Etienne, Alonso, Serrano.
- Alguns aspectos positivos do argumento: as cenas em que domina a magia, a causa revolucionária, o confronto esclava-gistas/abolicionistas…

Menos conseguido
- … infelizmente insuficientemente exploradas no relato.
- A tragédia que quase encerra o livro, forçada e de todo desnecessária.

(Texto piublicado originalmente no Tex Willer Blog)
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