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02/12/2016

James Bond: Vargr





Escreve Cels Piñol na (curta) introdução a este livro que “os comics de James Bond, ainda que pouco conhecidos, estiveram sempre connosco desde os anos 70 do século passado, ou seja, desde o nascimento da franquia cinematográfica de 007 (…) em formato de tira diária, em adaptações dos filmes ou em séries limitadas (…)”.
Esta é mais uma nova vida aos quadradinhos do mais conhecido agente secreto.

24/09/2016

Leitura Nova: Lumberjanes





Jo, April, Mal, Molly e Ripley são cinco melhores amigas do mais radical, dispostas a uma boa luta, determinadas a terem um verão incrível juntas, no Campo de Miss Qiunzella Thiskwin Penniquiqul Thisle Crumpet para raparigas tipo hardcore.
Para isso vão ter que derrotar yetis, monstros do rio, e resolver anagramas. Será que conseguem superar todos os obstáculos e manter a “Amizade ao máximo”?

23/01/2014

Los Vengadores: La guerra interminable

Numa época dominada – cada vez mais – pelo dinheiro, é normal que a indústria da BD – seja ela comics, franco-belga, manga, Disney ou outra – também se guie pelo ‘vil metal’ - que no entanto dá tanto jeito… - procurando novos produtos, embora estes muitas vezes não sejam mais do que recauchutagens mais ou menos aprofundadas dos que já existem…
O livro que hoje destaco, é um exemplo desta procura de novos leitores. Primeiro título de um novo projecto da Marvel, que se poderia classificar como a primeira graphic novel (aproximadamente) global, pois foi editada em simultâneo em 8 países – EUA, Brasil, Espanha, Itália, Alemanha, França, Finlândia e Turquia – está especialmente direccionado para o segmento de livrarias.
Aspectos positivos e negativos, já a seguir.

23/07/2013

Destructor








Coleción 100 % Max
Robert Kirkman e John Arcudi (argumento)
Cory Walker e Steve Ellis (desenho)
Panini Comics
Espanha, Junho de 2013
170 x 260 mm, 144 p., cor, brochada com badanas
13,00 €


Introdução
Destructor foi um super-herói que surgiu em 1941, nas páginas da revista “Mystic Comics”, criado para combater os exércitos de Hitler.
Jornalista americano em acção na Alemanha para investigar os horrores cometidos pelos nazis, acabaria preso num campo de concentração, onde conheceu um cientista que lhe forneceu um soro semelhante ao que transformou Steve Rogers no Capitão América. Recebeu, assim, força, agilidade, velocidade e resistências fora do comum, que, após fugir de onde estava preso, usou para combater os seus antigos captores.

Desenvolvimento
Passe o paradoxo, num “mundo real” (quase) todos os confrontos entre super-heróis e os seus inimigos deveriam ser como os de Destructor, com os vilões (literalmente…) desfeitos.
Mas, como tal raramente acontece – menos ainda na dimensão mostrada neste livro – quando surge uma história como esta, em que a violência não tem limites e o sangue jorra em todas as direcções e cobre – literalmente, outra vez… – o (suposto) herói, a reacção do leitor pode ser de surpresa – é-o quase sempre – de nojo ou de divertimento. Ou uma combinação das três, em doses proporcionais ao estômago de cada um.
Aquele último registo, foi o adoptado por Robert Kirkman – sim, é o criador de “The Walking Dead”, aqui num dos seus últimos trabalhos com super-heróis para a Marvel , antes de se dedicar á criação que o tronou famoso.
Ao recuperar Destructor, num tom apropriado para leitores adultos (nos EUA…), optou por o mostrar já com alguma idade, com problemas cardíacos, numa luta contra o tempo (de vida que lhe resta) decidido a assassinar – literalmente, de novo… – uma série de vilões que não quer deixar para trás (de si).
Os confrontos – breves, mas de inusitada violência – são autênticos banhos de sangue, com o protagonista a arrancar braços para enfiar pela boca abaixo do adversário, perfurar inimigos a murro, esmagar corpos ou explodir cabeças na direcção do leitor (como na vinheta que abre o livro), ou seja, a provocar imensos danos (não colaterais) bem visíveis e incontornáveis.
A par deste fechar de ciclo, Kirkman (já aqui…) trabalha bem as questões dos relacionamentos do Destructor – com a mulher, a filha, o cunhado – enquanto prepara a sua passagem de testemunho, num último contraste entre o tom violento e as limitações que a idade impõe.
Curiosamente, o registo gráfico de Cory Walker, despojado de pormenores, com problemas evidentes ao nível dos rostos, mas tornado agradável pelas cores vivas e planas de Val Staples, se atenua o lado (hiper-)violento do relato, contribui também para fazer sobressair o seu inegável tom paródico.

O livro conclui com uma história curta, de John Arcudi e Steve Ellis, protagonizada pelo Destructor original, em luta contra os nazis, e fecha com um mini-dossier com esboços e capas da série.


06/11/2012

Heróis Marvel II - #3 Homem de Ferro - Extremis









Warren Ellis, Adam Warren, Mark Haven Britt, Matteo Casali, Tim Fish (argumento)
Adi Granov, Salva Espin, Nuno Plati, Steve Kurth e Filipe Andrade (desenho)
Levoir/Público (Portugal, 1 de Novembro de 2012)
170 x 260 mm, 216 p., cor, cartonado
8,90 €



Assumida e recorrentemente tenho destacado aqui em As Leituras do Pedro a publicação de autores portugueses pela Marvel, nomeadamente de Filipe Andrade e Nuno Plati, sem dúvida os mais produtivos.
Nuno Plati em cima) 
e Filipe Andrade (em baixo)
Por isso, quanto mais não fosse por uma questão de coerência, não podia deixar de referir a sua estreia em português (enquanto autores da Marvel claro está).
Isso aconteceu na passada quinta-feira, no terceiro tomo da segunda série da colecção Heróis Marvel, publicada semanalmente com o jornal Público.
Os seus trabalhos – histórias curtas ­- estão incluídos na mini-série Titanium, um one-shot publicado nos EUA à boleia da versão cinematográfica do Homem de Ferro, sobre a qual não me vou alargar, uma vez que na altura escrevi sobre ela aqui.
E também porque, apesar de tudo, esta “estreia portuguesa” de Andrade e Plati terá apenas um valor simbólico e, acima de tudo, o valor que cada um deles lhe quiser dar.
(Deixo apenas a estranheza de este tomo concluir com uma mini-entrevista e alguns extras de Filipe Andrade desta sua primeira BD publicada pela Marvel e não ter sido dado a Nuno Plati o mesmo tratamento. Opção editorial ou algo mais?)
De qualquer forma, seguindo em frente, esse não é o único aspecto a destacar neste volume que corrige uma lacuna da série I, a ausência do Homem de Ferro.
O seu prato forte é a banda desenhada Extremis, que abre o livro e que de alguma forma relança a personagem e o seu alter-ego Tony Stark e faz a ponte para o uniforme mais moderno apresentado no cinema.
Na sua origem está um Tony Stark atormentado pelos efeitos causados pelas armas que desenvolve e vende e a tentar justificar-se perante si próprio da inevitabilidade desse comércio para conseguir concretizar outros aspectos mais benéficos para o ser humano, igualmente desenvolvidos pelas suas empresas.
(Um Tony Stark algo deprimido e com pena de si próprio, de certa forma a evocar o período em que dependeu do álcool…)
Entretanto, o roubo por um grupo terrorista (uma temática que os super-heróis têm abordado muitas vezes nos últimos anos) de um protótipo de uma nova versão, mais potente, do soro do super-soldado que esteve na origem do Capitão América, obriga-o a acelerar o processo de desenvolvimento de uma nova armadura.
A história é narrada de forma directa e enleante por Warren Ellis, que faz as pontes necessárias entre o passado e o presente para situar o herói e basear os seus temores e indecisões, e combina em doses equilibradas cenas intimistas com outra de acção (com um grau de violência invulgares nos comics de super-heróis).
A transformação experimentada pelo terrorista, o seu ataque a uma dependência do FBI, a sequência entre o flashback que recria a origem do fato do Homem de Ferro e a passagem para a sua versão hipermoderna ou o combate final, são momentos altos desta história que justificam por si só a sua leitura.
Mas o final, com um inesperado volte-face é também uma mais-valia.
Acresce a isto o trabalho gráfico de Adi Gramov, mais eficaz nas cenas de acção do que seria de esperar dado o seu registo algo estático e possivelmente de base fotográfica, pese embora a sua inegável beleza estética.




13/12/2011

Fell - Cidade selvagem

Warren Ellis (argumento)
Ben Templesmith (desenho)
GFloy Studio (Portugal, Novembro de 2011)
170 x 260 mm, 144 p., cor, brochado com badanas
15,99 €

Resumo
Detective destacado para Snowtown, por motivos (pouco abonatórios?) que só ele e os seus superiores conhecem, Fell trava aos poucos conhecimento com os estranhos habitantes de uma cidade que prima pelo clima opressivo, o medo latente e os factos inexplicáveis.

Desenvolvimento
Fell é um policial duro, negro, sombrio e violento.
Duro como Fell, o detective que lhe dá nome, que a co-protagoniza, que, na melhor tradição do policial negro, se revela um indivíduo determinado, (falsamente) confiante, capaz de se interessar pelos casos apenas pelos dramas que lhes estão inerentes, avesso à autoridade - será por isso que está exilado em Snowtown? – habituado a fazer valer a sua opinião, mesmo que para isso tenha que usar métodos menos ortodoxos, que considera válidos desde que lhe permitam atingir o fim desejado. Em resumo, um duro na melhor acepção do termo, mas que mais do que uma vez revela um coração (surpreendentemente) sensível.
Negro, sombrio e violento como Snowtown, a cidade onde a acção decorre e que tem no relato uma papel (pelo menos) tão importante como o de Fell, porque é nela que vivem vítimas e executores, é nas suas entranhas – é difícil chamar ruas aos espaços de Snowtown – que a acção decorre, é o seu (mau) ambiente que ajuda a criar o clima incómodo que percorre todas e cada uma das histórias aqui narradas.

Snowtown – nome enganador… - é uma cidade negra, sempre obscurecida por um denso manto, misto de nevoeiro e fumo, que a envolve permanentemente. Snowtown é uma cidade repleta de segredos, negra também pela amoralidade dos seus habitantes, que podem ser divididos em duas categorias principais: os que tentam sobreviver a qualquer custo – não vendo, não ouvindo, não falando… - dissolvendo-se nas sombras para passarem despercebidos, gente inadaptada a tentar adaptar-se ao inadaptável, (sobre)vivendo e sonhando passar a ponte para um mundo melhor (?), e aqueles que se deixam dominar pela atmosfera opressiva, encontrando nela a justificação para praticarem os crimes mais abjectos e violentos.
Se para alguns, Snowtown - que dista apenas o comprimento de uma ponte da cidade soalheira e aprazível que ocupa a outra margem do rio, ponte essa que o protagonista está impedido de atravessar, tão grave ou notório foi o erro (os erros?) que o levaram para ali - serve de trampolim (enganador?) para subir na carreira, para Fell é local de exílio - e de auto-punição? Por isso, vai tentando adaptar-se à estranha cidade, travando conhecimentos - algo que o seu carácter de solitário, obstinado e reservado, não facilita - e descobrindo (alguns d)os seus segredos e (d)os seus muitos podres.
Relato tradicional embora com laivos de originalidade, composto por vários episódios curtos – duros, negros, sombrios e violentos… - que nos vão dando a conhecer Fell e vão definindo e aprofundando o seu carácter e o daqueles com quem se vai cruzando, Fell tem tudo para agradar aos fãs de policiais, sim, mas também a todos os que gostam de uma história bem contada.
Pois é isso que faz Ellis, com um guião consistente – duro, negro, sombrio e violento – potenciado pelo traço de Templesmith, mais impressionista ao mostrar Snowtown, pintada com tons escuros que acentuam o ambiente sombrio e a violência das acções, mais caricatural no retrato dos seres humanos que a habitam e que nela parecem deslocados.

A reter
- A boa surpresa que esta edição constitui.
- - O tom sombrio, opressivo e incómodo da narrativa de Ellis…
- … que Templesmith soube captar e transmitir através do seu traço bem original.
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