12/03/2012

Iznogoud Président








Les nouvelles aventures d’Iznogoud d’après Goscinny et Tabary
Nicolas Canteloup e Laurent Vassilian (argumento)
Nicolas Tabary (desenho)
IMAV Éditions (França, 21 de Fevereiro de 2012)
220 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
11,00 €



Resumo
Este álbum marca o regresso de Iznogoud, “o grão-vizir que quer ser califa no lugar do califa”, agora com uma nova equipa criativa: os argumentistas Nicolas Canteloup (humorista e imitador) e Laurent Vassilian (autor dos textos para Canteloup) e o desenhador Nicolas Tabary (filho de Jean Tabary, co-criador de Iznogoud juntamente com René Goscinny).
A filha deste último, Anne Goscinny, é a responsável pela publicação do livro, pelas IMAV Éditions.
Como é habitual na série, criada há 50 anos, Izonogoud pretende tornar-se califa no lugar do califa Haroun El Poussah, embora desta vez o caminho passe por… umas eleições presidenciais!

Desenvolvimento
Por isso, não pensem os leitores mais apressados após a leitura do título da obra que o grão-vizir virou costas à ditosa Bagdad e é um dos concorrentes às presidenciais francesas – para as quais, no entanto, possuía a estatura adequada…! – ou tem em vista a presidência lusa, pois as suas ambições não se coadunam com a reforma de miséria que esta paga!
Iznogoud, mais um dos muitos casos de retoma de heróis clássicos, em que a BD francófona é cada vez mais fértil – crise de criatividade ou procura do sucesso fácil? - mantém neste regresso as características que lhe são bem conhecidas: o desejo de poder a todo o custo, a invenção dos mais surpreendentes estratagemas para conseguir os seus fins, a fidelidade (não recompensada) do seu criado Dilat Larath, a pachorra e bonomia da califa…
A isto tudo, acrescenta uma grande dose de actualidade, sucedendo-se os gags em torno da (baixa) estatura de Sarkosy e da presença ao seu lado de uma grande mulher, os anacronismos como as referências ao Fez-bouc, ao Kentuky Freud Chicken, às greves (dos carrascos), à guerra do golf(o), à crise do petróleo, à crescente invasão chinesa do ocidente ou à psicanálise, a participação de Mario Bross e Barak Obama (aliás Yessoui Khan), escândalos sexuais (ou quase) e truques - baixos eleitorais – não, não é piada! - que alimentam os muitos trocadilhos e jogos de palavras que se em muitos casos fazem jus à (pesada) herança recebida de Goscinny, aqui e ali se revelam algo excessivos e mesmo desadequados do espírito da série.
A isto, pode-se acrescentar uma história equilibrada e construída de forma estruturada, apesar da progressiva perda de ritmo pela inclusão de demasiados pormenores e alguns excessos de texto, apesar do bom achado consubstanciado na personagem do Grande Lâkan (baseado em Jacques Lacan, psicanalista francês, 1901-1981), um psicanalista antes do seu tempo, cuja verve leva (quase) todos os seus pacientes a mudarem a sua vida e de objectivos e que surge como figura tutelar ao longo de toda a trama e com um papel bem determinante no seu desfecho devido ao seu desejo de… ser grão-vizir no lugar do grão-vizir!
 
A reter
- O humor presente na maior parte dos trocadilhos e jogos de palavras.
- A colagem à actualidade francesa, o que poderá ser, sem dúvida, (mais) um trunfo para o êxito desta obra no país de origem mas um óbice à sua tradução.


Menos conseguido
- O visual menos conseguido do califa Haroun El Poussah, que contrasta com o restante trabalho gráfico de Nicolas Tabary, equilibrado embora algo parco em cenários e pormenores.
- A perda de ritmo ao longo do livro e os excessos de texto já referidos.


11/03/2012

Jean Giraud/Moebius (1938-2012)









Jean Giraud, aliás Moebius faleceu ontem aos 73 anos, num hospital francês, onde estava internado há cerca de uma semana. Um cancro vitimou um dos maiores criadores que a banda desenhada já conheceu.
Natural de Nogent-sur-Marne, em França, onde nasceu a 8 de Maio de 1938, Giraud após publicar as suas primeiras bandas desenhadas e cumprir o serviço militar, em 1958 conheceu Jijé, de quem se tornaria ajudante na realização de Jerry Spring, e cujo traço emulou nos primeiros episódios das aventuras de um certo Tenente Mike Blueberry, criado com Jean-Michel Charlier, para a revista Pilote, em 1963.
Progressivamente, Giraud viria a encontrar o seu próprio estilo, realista, vigoroso, limpo e pormenorizado, impondo-se como um dos grandes desenhadores realistas da banda desenhada francófona. Após a morte de Charlier, em 1989, assumiria também os argumentos, despojando Blueberry do seu lado mais espetacular e da acção a rodos que eram a sua imagem de marca, para conferir um tom mais intimista, humano e místico ao mais importante western que a BD deu a conhecer.
Seria no entanto como Moebius, a sua segunda personalidade para a BD, revelada também a partir de 1963, que este criador de excepção se revelou um visionário, abrindo novas perspectivas e potencialidades à narração em quadradinhos. Assumindo um traço linha clara, límpido e luminoso, Moebius imaginou universos fantásticos, em que combinou ficção-científica, fantástico, policial e registos mais intimistas, como até então a BD nunca tinha visto.
Fundador da editora Humanoides Associés e da mítica revista Metal Hurlant, Jean Giraud/Moebius, entre muitos outros galardões foi distinguido com o Grande Prémio de Angoulême em 1981. Para lá da BD, participou na concepção gráfica e/ou no story-board de películas cinematográficas como Dune, Aliens, Maitres du Temps, Tron ou Starwatcher.
Com mais de 60 álbuns escritos e/ou desenhados, a solo ou em parceria com Jean-Michel Charlier, Alejandro Jodorowsky, Dan O’Bannon ou Stan Lee, Jean Giraud/Moebius foi um dos grandes criadores contemporâneos e a sua obra influenciou de forma indelével gerações de artistas gráficos.
Em Portugal, a estreia de Giraud foi promovida directamente em álbum pela Editorial Ibís, em 1969, com “Fort Navajo”, primeira aventura do Tenente Bluberry, que regressaria dois anos mais tarde, na revista Tintin. As suas aventuras foram integralmente publicadas em português, primeiro pela Meribérica e, mais recentemente, pela ASA numa parceria com o jornal Público.
Quanto a Moebius, estreou-se entre nós pela Futura em 1983, com a saga do Incal, estando igualmente editadas entre nós obras fundamentais como A Garagem Hermética, Arzach ou o Mundo de Edena.



10/03/2012

Death Note











#1. Aborrecidos
Tsugumi Ohba (argumento)
Takeshi Obata (desenho)
Devir (Portugal, Janeiro de 2012)
130 x 190 mm, 200 p., pb, brochado
9,99 €



Resumo
Shinigami, um dos lendários deuses da morte, deixa cair na Terra um Death Note – Caderno da Morte - que é encontrado por Light Yagami, um excelente estudante.
Qualquer nome escrito num Death Note leva essa pessoa à morte, de ataque cardíaco ou da forma que for descrita no caderno.
Yagami decide utilizar o Death Note para livrar o nosso planeta do mal, começando a matar assassinos e outros criminosos violentos, o que acaba por chamar a atenção das autoridades a nível mundial, que encarregam da sua investigação L, um investigador prestigiado cuja verdadeira identidade ninguém conhece.

Desenvolvimento
Por tudo o que já li sobre Death Note, confesso que este era um dos mangas que estava no topo da minha lista de preferências. A sua edição em português foi, por isso, uma excelente (surpresa e) novidade. E poderá ser mesmo um dos lançamentos do ano, assim a Devir lhe dê continuidade, editando em português, com regularidade os 11 volumes restantes.
Conhecendo apenas este primeiro tomo, confesso-me desde já rendido à obra de Ohba e Obata, mesmo se duas questões sensíveis ficam para já (quase) por aflorar: o direito de provocar a morte a outrem – a recorrente questão da justificação da pena de morte; a razoabilidade de combater o aborrecimento matando outros.
Porque, os dois protagonistas, Shinigami e Light, encontram-se extremamente aborrecidos (daí o título deste tomo), funcionando o Death Note como uma (estimulante) distracção para ambos. Distracção perigosa, sublinhe-se porque Light, apesar da aparente bondade das suas acções – erradicar o mal da Terra – no fundo quer tornar-se senhor absoluto do mundo e não hesita em eliminar mesmo os inocentes que se atravessem no seu caminho.
Apesar disso, o transformar do enredo essencialmente num relato policial – apesar do tom fantástico e de terror inerente – acaba por não desiludir de forma alguma, pois o argumento está extraordinariamente bem escrito e desenvolvido, não só pela forma como vai sendo exposto e aprofundado o funcionamento do Death Note, mas também pelas sucessivas surpresas e volte-faces que o argumento vai tendo, pela forma como Light explora as “instruções de uso” do Death Note.
Na verdade, o duelo de génios que se estabelece entre Light e L, assente sobretudo num enorme suspense, embora com alguma acção e um fundo de terror psicológico, tem tudo para prender e apaixonar mesmo aqueles que geralmente desdenham da banda desenhada vinda do oriente.
O desenho de Obata, que acompanha bem a trama, tem para mim um senão: o aspecto do deus da morte, demasiado caricatural, a fazer lembrar o Joker de Batman, nas suas versões mais espalhafatosas. O que contrasta com alguns apontamentos hiper-realistas que Obata vai introduzindo em momentos específicos para acentuar aspectos cruciais da história.
Mas pondo isto de lado, é de toda a justiça realçar a grande legibilidade do desenho, um bom tratamento ao nível do ser humano, uma planificação ponderada e diversificada, com grande variedade de planos e o bom uso de trama em páginas bem preenchidas que – contrariando o que tantas vezes acontece no manga – obrigam o leitor a demorar-se, assimilando (também) assim os pormenores – que são muitos - do argumento.

A reter
- A edição de Death Note em Português. Mais um contributo para a construção (?) de um nicho de mercado que a ASA iniciou com Dragon Ball e Yu-Gi-Oh?
- A excelência do argumento, sólido, consistente, bem estruturado e que recorrentemente surpreende o leitor.
- O clima de suspense e terror psicológico que perpassa pelas páginas de Death Note.

Menos conseguido
- O ar “apalhaçado” de Shinigami.
- A repetição das páginas 137 a 144.


Nota
- Apesar de este livro estar em português, a utilização de imagens em inglês para ilustrar este texto deve-se à impossibilidade de obter boas imagens no scanner sem destruir completamente o livro…

09/03/2012

MAB Invicta (II)

Local: Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto - Av. Rodrigues de Freitas, nº 265 (junto à Biblioteca do Porto no Jardim de São Lázaro)
Data: 10 e 11 de Março de 2012
Horário: a partir das 10h30











Exposições

- Sama: Exposição inédita de originais, prints e serigrafias deste novo e grande artista brasileiro.

- Exposição póstuma a Sergio Bonelli com fotografias deste autor/editor nas viagens que fez e com texto de José Carlos Francisco, principal dinamizador da personagem Tex em Portugal

- Exposição Zakarella cedida por Nuno Amado prints de Carlos Alberto e originais de outros autores sobre esta personagem mítica



Bancas presentes

- Invicta Indie Arts

- Fnac

- Necomi com o apoio da Pressplay

- Dr. Kartoon

- Chili com Carne

- Editora Asa

- Bancas com todos os livros dos autores nacionais e internacionais



Preço dos Bilhetes

- 3,50€ por dia

- 6,00€ sábado e domingo

- 10,00€ dois fins de semana



Programação

Sábado, 10 de Março de 2012

Abertura

10h30 - Orquestra de Canidelo com temas de Banda Desenhada e Cinema: Simpsons, Tom & Jerry, Exterminador Implacável, Blade Runner, entre outros.



Autores presentes a partir das 14:30 com sessão de autógrafos

- Melinda Gebbie

- David Hine

- Lars Henkel

- Ulf K.

- Anke Feuchtenberger

- Kai Pfeiffer

- Dominique Goblet

- Oliver Deprez

- Denis Deprez

- Regina Pessoa

- Ricardo Cabral

- Hugo Teixeira e Ana Vidazinha

- João Mascarenhas

- Geral e Derradé

- Mario Miguel de Freitas

- Carla Rodrigues

- Pedro Carvalho

- Fil

- Manuel Alves

- Gabriel Martins

- Ana Oliveira

- Rui Dias Sena

- Marcos Farrajota e Joana Pires

- Filipe Melo



Programação paralela à sessão de autógrafos

- 12h00: Apresentação de Jorge Ferreira sobre a extensão e o projecto Casa Viva do MAB

- 14h30: Apresentação do filme “Zepe” (por Diogo Stuart e Manuel Espírito Santo)

- 15h00: Entrevista áudio a Stuart de Carvalhais (através de vinil) e conversa com familiares

- 15h30 : Entrevista à autora Melinda Gebbie para o MAB e para o blogue “Leituras de BD”

- 16h30: Exibição das animações de Regina Pessoa com a presença da autora “História Trágica com Final Feliz” e “A Noite”

- 17h00: Primeira apresentação mundial do livro ilustrado por Melinda Gebbie acerca das suas memórias desde os anos 70

- Primeira apresentação mundial do livro ilustrado por Melinda Gebbie para a adaptação de Alan Moore de um poema do poeta William Blake

- 18h00: Exibição do filme “Vinzent” do realizador alemão Ayassi, vencedor do prémio do jurí da crítica do Festival Internacional de Cinema Fantasporto em 2005 com introdução de Lars Henkel e Manuel Espírito Santo



Domingo, 11 de Março de 2012



Autores presentes a partir das 14:30 com sessão de autógrafos

- Melinda Gebbie

- David Hine

- Lars Henkel

- Ulf K.

- Anke Feuchtenberger

- Kai Pfeiffer

- Dominique Goblet

- Oliver Deprez

- Denis Deprez

- Regina Pessoa

- Ricardo Cabral

- Hugo Teixeira e Ana Vidazinha

- João Mascarenhas

- Geral e Derradé

- Mário Miguel de Freitas

- Carla Rodrigues

- Pedro Carvalho

- Fil

- Manuel Alves

- Gabriel Martins

- Ana Oliveira

- Rui Dias Sena

- Marcos Farrajota e Joana Pinto

- Filipe Melo



Programação paralela à sessão de autógrafos

- 14h30: Animações do projecto “Dialectus”: “No Mundo da Lua” e “Zeca e Zuzzie (1º episódio)

- 16h00: Exibição de animações de Lars Henkel com apresentação de Manuel Espírito Santo

- Melinda Gebbie com o exclusivo MAB de projecção futura de dois livros: livro de memórias de Melinda Gebbie e livro ilustrado por Melinda Gebbie com adaptação de Alan Moore de um poema de William Blake

- Apresentação de curtas-metragens internacionais por Marcos Farrajota:

- Dunga don't Cry de Vladimir Palibrk (Sérvia);

- A little song about my diseases: 1) Psoriasis 2) Candida Albicans 3) Cannibalistic bulimia de mina anguelova (Portugal);

- Punk Machine de Grrr (Suiça);

- Promotion canopée de Toffeur (França);

- Pedro Zamith : o Walt Disney underground de João Tocha (Portugal);

- Deep in space de Laur Balaur (Roménia);

- It's moving de André Ruivo (Portugal);

- Infinite girlfriend (vídeo-clip de Mincemeat or Tenspeed) de Javier Fabregas (Espanha);

- Dilúvio de Manuel Pereira (Portugal);

- Devir ii (vídeo-clip de Ghuna x) de André Gil Mata, Dinis Santos e Miguel Marinheiro (Portugal)

- 17h00: On the quest for beograd underground, Espanha/Sérvia, 65' de Muriel Buzarra, Natsa Sarkic e Carlos Lopez: Documentário sobre as movimentações alternativas de Belgrado que passam pela banda desenhada, música, artes plásticas ou áudio-visual. A Sérvia vive um momento eufórico de produção artística após vários anos de guerra, sanções económicas e regimes ditatoriais. Curiosamente são entrevistados muitos autores e activistas da bd como o conhecido Aleksandar Zograf, e ainda Wostok, Septic, Vladimir Palibrk ou Johanna Marcadé.



Outros pontos de interesse relativamente aos autores presentes

- Lars Henkel: Lançamento mundial do novo livro ilustrado de Pete Seeger

- Kai Pfeiffer: Primeira exposição mundial com originais do livro que está a elaborar com Dominique Goblet “Si Entente”

- Dominique Goblet: Primeira exposição mundial com originais do livro que está a elaborar com Kai Pfeiffer “Si Entente”

- Anke Feuchtenberger: Livros exclusivos da autora para o festival MAB

- Venda de livros exclusivos dos autores assim como serigrafias, originais e prints



Outras exposições no Porto

- Exposições na extensão do MAB na Casa Viva do Colectivo Zona, Rudolfo da Lodaçal Comix, da Chilicomcarne e de novos talentos e também concertos de bandas nacionais e internacionais a partir das 18h00 até às 22h30. Entrada grátis. Morada: Praça do Marquês de Pombal, nº 167

- Exposição dedicada aos 75 anos do personagem Príncipe Valente na estação de metro de São Bento coordenada por Manuel Caldas

- Exposição no Museu Nacional da Imprensa sobre o pai da banda desenhada portuguesa Stuart de Carvalhais: “Stuart BD & Azulejos” patente de 10 de Março a 31 de Maio em parceria com o MAB. Horário: Todos os dias das 15h às 20h

- Exposição dedicada a Stuart de Carvalhais no Palacete dos Viscondes de Balsemão (Praça de Carlos Alberto, nº 71) em parceria com o MAB. Horário: 2ª a 6ª das 9h às 20h. Entrada grátis



(Texto da responsabilidade da organização; este programa pode sofrer alterações de última hora)

08/03/2012

Super-heróis na Turma da Mônica



1.       Em (pelo menos) três das publicações da Turma da Mônica agora disponíveis nas bancas portuguesas há uma presença comum: super-heróis da Marvel e da DC Comics.
2.      Ou, melhor dizendo, de personagens neles (muito) inspirados.
3.      O que, diga-se de passagem, não é algo assim tão invulgar.
4.      Ou não fossem esses super-heróis – há já muitos anos – uma referência - cultural, sim - comum e universal, o que torna perfeitamente acessíveis e assimiláveis as situações e/ou piadas criadas em torno deles, dos seus poderes e formas de agir.
5.      E compreensível a sua utilização nas historinhas da turma, seja o registo de paródia, citação ou até homenagem.
6.      (O que não invalida que nalguns casos também possam desempenhar o papel de chamariz para aqueles que normalmente passam ao largo da Turma da Mônica…)

7.      Das três publicações referidas, o caso mais notório é:









Clássicos do Cinema Turma da Mônica #27
Lanterninha Verde
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Agosto de 2011)
190 x 275 mm, 48 p., cor, brochado, bimestral
R$ 5,50 / 2,50 €

8.     Clássicos do Cinema Turma da Mônica é uma colecção bimestral, que parte de (previsíveis) sucessos de bilheteira, geralmente mais próximos do público adolescente, para recontar as suas histórias tendo por protagonistas os habituais integrantes da Turma da Mônica.
9.      Com a actual predilecção do cinema pelos super-heróis – e porque muitos dos leitores da turma também serão certamente seus fãs e leitores - não surpreende que estes recorrentemente sejam objecto desta colecção.
10.  As histórias nela publicadas, vivem do equilíbrio – nem sempre fácil, geralmente satisfatório - entre as bases do enredo original com as situações típicas e habituais vividas pela Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali no seu quotidiano no Bairro do Limoeiro.
11.   Em Lanterninha Verde (ou Lantelninha Velde?), isso acontece mais uma vez, sendo o ponto de partida os complexos capilares do Cebolinha, a quem a descoberta de uma lanterna (literalmente, e não de um anel) transforma num super-herói (ou super-vilão…?) que deseja – agora e sempre! – tornar-se no dono da rua!
12.  Por isso, como sempre, o confronto com a Mônica é inevitável, como inevitável é o final, ficando a expensas da roupagem de super-herói que a narrativa enverga, algumas variações intermédias divertidas e o surpreendente desfecho que, se (mais uma vez) não lhe traz a vitória, lhe concede pelo menos alguma satisfação.
13.  Como cada vez mais acontece nas edições especiais da Turma, as páginas finais são preenchidas com esboços e desenhos preparatórios da história, o que ajuda a valorizar a componente artística – tantas vezes ignorada - que está por detrás destas publicações a que muitos geralmente associam – apenas - um forte pendor comercial.

14.  A segunda revista é:











Cebolinha #56
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Agosto de 2011)
130 x 190 mm, 64 p., cor, brochado, mensal
R$ 3,20 / 1,50 €

15.   Neste caso, a presença de bem conhecidas personagens Marvel – ou das suas derivações “mauricianas” - logo na capa é apenas um chamativo extra para uma história que se enquadra na componente cívica e educativa, sempre presente nas aventuras da Turma.
16.  Se a sua mensagem é directa e simples – a reciclagem de brinquedos pode contribuir para a felicidade dos que são menos favorecidos – uma leitura mais atenta descobre temáticas mais sérias nas entrelinhas:
17.   Como a necessidade de enfrentar o crescimento/envelhecimento (que o pai do Cebolinha contraria voltando às brincadeiras infantis…) ou…
18.  O consequente aumento da complexidade da vida que isso acarreta, quer porque o leque de opções se alarga, quer pela necessidade de enfrentar as suas consequências….
19.  Embora, no final da história, seja o humor e a solidariedade que prevalecem. Naturalmente.
20. (Em termos de revista, para quem aprecia humor nonsense, não posso deixar de indicar a BD protagonizada pelo Louco que é uma verdadeira… loucura!).

21.  Finalmente, temos








As Tiras Clássicas da Turma da Mônica – Volume #7
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Setembro de 2011)
205 x 205 mm, 128 p., cor, brochado
R$ 19,80 / 8,00 €

22. Esta edição mostra, aos mais distraídos, que esta inclinação de Maurício de Sousa e do seu estúdio pelos super-heróis não segue uma moda (passageira?) actual, pois já nos anos 70 do século passado, quando estas tiras foram publicadas pela primeira vez em jornais do Brasil, eles já serviam (ocasionalmente) de mote ou argumento cómico, quer através da sua intervenção directa, quer através da simples evocação.
23. – O que talvez indique que a moda actual não será assim tanto “moda” nem tão “actual”…
24. Ou reforce que o imaginário colectivo há muito acolheu Batman, Spiderman, Superman ou X-Men entre tantos outros…
25.  Na primeira das duas tiras desta recolha que têm super-heróis, curiosamente o “Superman” de Maurício surge perfeitamente integrado no universo da Turma (ou será o contrário?), sinal de outros tempos em que os direitos não tinham o peso que hoje se (re)conhece.
26. Quanto à evocação do capitão Marvel – hoje bem menos popular - a sua adequação às características próprias do Cascão provoca de imediato um sorriso.
27.  (E, no que a este álbum diz respeito, onde as bases do humor que hoje (re)conhecemos a Maurício de Sousa já estavam bem consolidadas, há bem mais para apreciar, propondo eu aos eventuais leitores que procurem as temáticas então aceitáveis e hoje inimagináveis em bandas desenhadas para um público infanto-juvenil…)
 

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