08/04/2010

Aqui há gato #6 – Formação desordenada

Darby Conley (argumento e desenho)
Bizâncio (Portugal, Fevereiro de 2010)
212 x 222 mm, 130 p., pb, brochado com badanas


O “desordenada” do título é um dos adjectivos aplicáveis a esta tira, ou melhor, aos seus protagonistas: Satchel, o cão, pacato, preguiçoso, comilão e estúpido até dizer chega – “chego onde?” -; Bucky, o gato, cruel, violento, sádico e abusador, perito em esgotar cartões de crédito; Rob, o ser humano, supostamente dono deles – mas na prática seu criado (não há tantos assim hoje em dia…?) – e vítima principal da relação de amor (de Satchel) /ódio (de Bucky).
Com eles, de forma sustentada, Darby Conley, constrói um micro-cosmos pontualmente alargado com o pai, um amigo ou uma eventual namorada de Rob, os companheiros felinos e caninos dos dois animais ou o furão, inimigo jurado de Bucky, no qual aborda temas globais como o desporto (basquetebol, râguebi, basebol ou o seio de fora de Janet Jackson na final da Superbowl, ou não fosse esta uma tira diária de imprensa norte-americana), a guerra do Iraque, a religião, o turismo, as espécies em vias de extinção, a alimentação ou até tiras concorrentes, como Garfield. E nos dá, com justificação de sobra, todas as razões para abominarmos animais em vias de se tornarem como Satchel e Bucky!
Tudo de uma forma irónica e divertida – mesmo quando levanta questões sérias - , com um traço muito expressivo, especialmente ao nível das fisionomias, bem mais trabalhado, pormenorizado e conseguido do que é costume neste tipo de banda desenhada.

(Texto publicado originalmente a 3 de Abril de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

2 comentários:

  1. Deixei de comprar esta série editada pela Bizâncio devido à tradução. Não que seja má, mas muito das piadas perdem-se na impossibilidade de traduzir os inúmeros "trocadilhos" só possíveis na língua original. É muito mais divertido ler no original. Lembro-me do Achille Talon ser também muito mais divertido de ler em Francês, os trocadilhos próprios dos "gags" franceses eram abundantes e não passiveis de tradução para o Português.

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  2. Obrigado pela visita, Refém!
    É verdade que traduzir humor é das situações mais complicadas que se apresentam a um tradutor, que muitas vezes tem que recriar ou mesmo inventar de raiz piadas na sua língua para substituir os trocadilhos intraduzíveis do original...
    E falo com conhecimento de causa...
    Abraço!

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