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24/02/2010

Little Lulu faz 75 anos

Little Lulu - a popular Luluzinha - criada por Marjorie Henderson Buell, a primeira autora de BD a ter sucesso nos Estados Unidos, completou 75 anos. Nasceu como cartoon no The Saturday Evening Post, a 23 de Fevereiro de 1935, num gag que a mostrava a lançar cascas de banana (e não pétalas) à frente de uma noiva que se encaminhava para o altar, e assim se manteve durante mais de uma década.
Sempre com um vestido vermelho (e por vezes com uma boina da mesma cor) e com cachinhos nos cabelos, tinha entre 8 e 10 anos e era decidida, teimosa, mandona, inteligente, por vezes maliciosa e convicta de que valia tanto como o sexo oposto.
O seu carácter forte levou-a a protagonizar também uma revista aos quadradinhos (entre 1948 e 1984), uma tira diária (1950-1969), desenhos animados (a partir de 1943), uma série televisiva com actores reais (1970) e um animé (animação japonesa, 1976/77), tendo chegado a rivalizar em popularidade com os principais heróis Disney. Nos Estados Unidos, nas décadas de 1940 e 1950, foi a cara dos lenços Kleenex e da Pepsi e os brasileiros Roberto e Erasmo Carlos inspiraram-se nesta BD para comporem a música “A Festa do Bolinha”.
Publicada de forma discreta nas páginas de algumas publicações nacionais, foi popularizada em Portugal através de revistas brasileiras, onde muitos puderam ler as suas aventuras que decorriam em torno do quotidiano infantil, entre partidas brincadeiras e zaragatas com os seus amigos, entre os quais se destacavam Tubby (Bolinha), com quem mantém uma relação de amor/ódio, Iggy Inch (Carequinha), Annie (Aninha), o riquinho Wilbur Van Snobbe (Plínio), a bela Glória, Alvin James (Alvinho) ou a professora Miss Feeny (Dona Marocas). Através deles, os diversos autores que passaram pelas bandas desenhadas, entre os quais se destacam John Stanley e Irving Tripp, abordavam também, de forma superficial e descontraída, questões sociais como as diferenças entre os sexos (quase sempre através do popular clube dos rapazes “Menina não entra”), a dualidade pobreza/riqueza, vida escolar ou familiar, sempre com o humor como denominador comum.
Para os saudosistas, a editora norte-americana Dark Horse tem em curso a publicação integral das bandas desenhadas da Luluzinha, uma edição que é seguida no Brasil pela Devir.
No ano passado, a Ediouro, na senda do sucesso da Turma da Mônica Jovem, lançou no Brasil a revista Luluzinha Teen e sua Turma, criada por artistas locais, num estilo inspirado no manga japonês, que explora a adolescência das personagens originais. Com razoável receptividade por parte dos leitores, levantou muitas reticências à crítica que lhe aponta em especial o desfasamento entre as personagens adolescentes e as crianças originais. A preto e branco, como trunfos tem apresentado um ritmo próximo das séries televisivas, uma consultoria de moda para as roupas dos protagonistas e a participação em cada edição de personagens reais provenientes da música ou da tv. Foi também editada uma edição especial, a cores, inspirada na saga Crepúsculo, com a temática dos vampiros como tema de fundo.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de NotíCias de 23 de FevEreiro de 2010)
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