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11/10/2013

Harden #1 (de #2): Sin Piedad












Joaquim Diaz
Le Lombard
França, 13 de Setembro de 2013
237 x 310 mm, 48 p., cor, cartonado
14,45 €


O que primeiro chama a atenção em Harden, projecto de Joaquim Diaz há muito em gestação, é a planificação – em que se reconhecem influências (assumidas) dos comics norte-americanos - com as páginas bem preenchidas com múltiplas vinhetas, de dimensão variada, assentes numa profusão de pontos de vista, como que fornecidos por uma câmara móvel que ‘dança’ pelos cenários, o que torna a leitura a um tempo mais pormenorizada – pelos muitos detalhes ‘puxados’ para primeiro plano – e mais dinâmica – pela forma como obriga o leitor a ‘correr’ pelas vinhetas com mudanças sucessivas de orientação ao longo da prancha.
A par disto, Diaz, competentemente, realça a profundidade de campo ‘desfocando’ aspectos de primeiro plano ou os fundos para melhor salientar o que é mais relevante e destaca momentos fulcrais da narrativa em vinhetas de maior dimensão, frequentemente associados a actos de (extrema) violência e, por isso, de grande impacto visual.
Sin Piedad, primeiro tomo de um díptico, centra-se em Izmaël, antigo membro de um gang de Los Angeles, que trocou a violência urbana das ruas por uma comissão no Iraque.
Agora regressado a casa, profundamente marcado (pelo que lhe fizeram e pelo que ele fez), após um acontecimento traumático, ainda não explicado e de cujos contornos violentos nos vamos apercebendo aos poucos, compreendemos – em simultâneo com o protagonista – que há passados aos quais não é possível fugir e que a (sempre) renovada guerra entre os que tentam controlar as ruas e os seus negócios marginais, não deixa lugar a posições neutras ou de mero espectador, forçando a tomar uma posição activa, mesmo que contrária à sua vontade. Como acontece a Izmaël, quando a irmã e o sobrinho são mortos por ele ter recusado regressar ao seu antigo gang, partindo para uma cruzada de vingança, em que a combinação entre o ódio a explodir, as angústias que o assolam e os fragmentos recalcados do passado que aos poucos vai libertando, o transformam numa implacável máquina de matar humana, numa espiral de confrontos e violência, em que feridos e mortos se multiplica, num relato construído num crescendo, que com facilidade prende o leitor. 


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