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11/04/2017

Jerry Spring: L’Intégrale #4

Uma belíssima leitura







Há textos cuja escrita é incontornável, mas que vários factores tornam reduzidos.
É o caso deste.

06/04/2015

Jerry Spring: Integral #5

 










Acompanho – com a proximidade (e a disponibilidade financeira) possível – o mercado espanhol de BD há muitos anos, mas não cesso de me surpreender com a sua vitalidade – apesar das queixas que os locais recorrentemente exprimem.

13/11/2014

Jerry Spring: L’Intégrale #3











Não foi propositado, mas o acaso - diversos acasos - fez com que este texto e o de ontem se sucedessem aqui no blog, numa coincidência curiosa pois ambos poderiam ter como subtítulo: “Evocação”.
Desenvolvo já a seguir.

13/01/2014

Jijé nasceu há 100 anos













Há um século nascia o belga Joseph Gillain. A banda desenhada conhece-o como Jijé e recorda-o como criador de Jerry Spring.
Uma breve biblio-biografia já a seguir.

27/11/2010

Jerry Spring - L'intégrale en noir et blanc - Tome 2 – 1955/1958

Jijé (argumento e desenho)
René Goscinny (argumento)
Acquaviva (argumento)
Dupuis (Bélgica, Outubro de 2010)
218 x 230 mm, 240 p., cor, cartonado

Resumo
Segundo tomo da edição integral das aventuras de Jerry Spring a preto e branco, agrupa os álbuns “La Passe des Indiens”, “La piste du Grand Nord”, “Le Ranch de la Malchance” e “Les 3 Barbus de Sonoyta”, com a curiosidade de o segundo e o terceiro agruparem várias histórias de tamanho diverso, incluindo uma com argumento de René Goscinny.

Desenvolvimento
Se é (relativamente) difícil, num intervalo de tempo tão curto, voltar a escrever sobre a reedição integral de Jerry Spring, o prazer que a sua leitura me proporcionou, a par da qualidade da obra-prima de Jijé, obrigam-me a fazê-lo.
E aproveito a “repetição”, para destacar um aspecto distintivo deste western: o seu carácter humanista, o que o leva por caminhos diversos de outros expoentes do género, como Blueberry, que prima pela aventura trepidante em ritmo acelerado, Comanche, em que impera o confronto entre o oeste selvagem e as mudanças trazidas pelo ”progresso”, ou Tex e o seu peculiar sentido de justiça a qualquer custo. Ou ainda Buddy Longway, talvez o que mais se aproxima de J. Spring, embora o tom e os contornos sejam diferentes, pois onde aquele avança, apesar de tudo, pela temática tradicional, o segundo tem o núcleo familiar e o seu quotidiano como base. Embora se perceba perfeitamente porque reclama Derib a herança temática e de valores de Jijé (e não a sua herança gráfica, bem mais evidente nos primeiros trabalhos de Jean Giraud, que foi seu assistente).
Este carácter humanista de Jerry Spring, revela-se em pormenores como o facto de o protagonista nunca atirar a matar, o humor sempre patente nos relatos (talvez demasiado caricatural na última história deste tomo) ou os “tempos mortos” das histórias em que Spring se limita a desfrutar da amizade de Pancho ou do contacto com a natureza selvagem. E cujo prazer que Jijé experimentou no seu desenho é bem evidente, pela naturalidade e o realismo das paisagens e, principalmente, dos belos cavalos. Daí também, o facto de a maior parte das narrativas decorrer fora dos locais habitados.
Para tudo isto contribuíram, sem dúvida, a temporada que Jijé e a sua família passaram nos Estados Unidos, e também a sua educação católica, que o levariam a exercitar a sua mestria noutras temáticas como a biografia de Don Bosco aos quadradinhos.
O que não impede que o seu traço, leve, delicado, vivo e dinâmico, bem trabalhado no contraste entre o branco e as manchas de negro, revele uma insuspeita sensualidade, revelada, por exemplo, nos surpreendentes nus mostrados neste tomo ou na graça da bela co-protagonista da última narrativa.
E não retira, também, longe disso, o tom aventuroso a Jerry Spring, envolvido na investigação de disputas fraudulentas de terrenos, roubos violentos, assaltos a minas de ouro ou bandidos mexicanos. Para nosso deleite e prazer.

Curiosidade
O primeiro tomo desta reedição integral, faz parte da selecção do Festival de Angoulême, na lista de candidatos ao Prémio do Património. Justamente.

13/09/2010

Jerry Spring - L'intégrale en noir et blanc - Tome 1 – 1954/1955

Jijé (argumento e desenho)
Dupuis (Bélgica, Agosto de 2010)
218 x 230 mm, 240 p., cor, cartonado

Resumo

Primeiro volume da edição integral a preto e branco de Jerry Spring, reúne os álbuns “Golden Creek (Le secret de la mine abandonnée)", “Yucca Ranch", "Lune d'argent" e "Trafic d'armes", originalmente publicados em 1954 e 1955.

Desenvolvimento
Pertenço a uma geração para quem o western era (um)a (das) aventura(s) em estado puro. E ainda é!
Por isso – e como leitor do “Mundo de Aventuras”, que me formou para um gosto eclético dentro dos quadradinhos – Jerry Spring foi um dos heróis que (também) encheu os meus sonhos. Blueberry e Buddy Longway, para mim, surgiram mais tarde, Tex (para desgosto do José Carlos Francisco), só em anos recentes, outros heróis menores (na dimensão que ocupam na história da BD) por lá passaram também mas deixando marca menos impressiva.
Assim, quando antevi a possibilidade de reencontrar Spring, numa edição com esta qualidade, para mais no preto e branco original, preferido por Jijé em detrimento da cor mais comercial, não hesitei. E o mínimo que posso dizer é que valeu a pena. Porque o reencontro com este herói da minha juventude, não destruiu nada da imagem que a minha memória guardava e ainda acrescentou a (re)descoberta de um clássico incontornável da 9ª arte.
Apesar de se considerar mais desenhador do que argumentista, a verdade é que Jijé, neste western, revela dotes mais do que suficientes para prender o leitor ao longo das narrativas, diversificadas dentro de alguns dos habituais estereótipos do género, bem conseguidas e consistentes, graças também ao seu ritmo acelerado, muitas vezes trepidante, devido à riqueza e variedade de planos e enquadramentos utilizados por Jijé.
Por isso não se compreende porque por vezes recorreu a outros colegas de profissão (Goscinny, Rosy…) até porque, apesar de aceitar os seus pontos de partida, no decurso dos álbuns acabou sempre por seguir o seu instinto, para desagrado deles.
As histórias incluídas neste tomo, as primeiras de Spring, revelam já um protagonista sólido e bem definido e um fio condutor sólido e credível, apesar de ligeiras discrepâncias menores, e mostram como Jijé soube beber nas suas inspirações (narrativas e gráficas) embora dotando a sua personagem de roupagens originais.
Desde logo, pelo carácter humanista de Jerry, cowboy romântico por excelência, gentleman por baixo da pele (não muito grossa) de homem do Oeste, como comprovam várias situações em que opta pelo diálogo e não pela violência, pela compaixão e não pela brutalidade desnecessária. E, também, pelo humor patente ao longo dos relatos, presente em muitos dos diálogos de Jerry ou, por exemplo, pela cobiça despertada por Ruby em todos aqueles com quem o herói se cruza em “Lune d’Argent”.
Se o protagonismo pertence ao americano – por vezes herói a solo dos relatos – a seu lado está quase sempre o mexicano Pancho que com ele forma um dueto (fisicamente) equiparável a muitos outros existentes na BD, pois Jerry é alto e atlético, enquanto Pancho é baixo e gorducho. No entanto, Pancho actua menos como contrapartida cómica e (bem) mais como verdadeiro parceiro, revelando, muitas vezes, mais bom senso e experiência, e contribuindo assim para salvar(-se e a)o amigo de situações limite.
O desenho de Jijé, mesmo sujeito a prazos apertados e ao seu excesso de trabalho – era então o faz-tudo da revista Spirou e das edições Dupuis – se foi traçado a pincel com rapidez e celeridade, não o denota, revelando antes um desenhador por excelência que, felizmente, a BD foi roubar à pintura. A planificação adoptada, com apenas três tiras por prancha, frequentemente ocupadas com uma única vinheta, deixa o seu desenho respirar e ajuda mesmo a realçar as suas principais qualidades: um traço elegante, ágil e muito dinâmico, e uma excelente utilização de manchas de negro utilizadas com mestria para guiar os olhos do leitor e destacar na brancura da página os pontos principais da acção.
Jijé sente-se tão à vontade com a figura humana – sejam os protagonistas delgados ou rechonchudos, novos ou velhos, homens ou (bonitas) mulheres - como no desenho de (soberbos e imponentes) cavalos. Nos cenários, em que montanhas e planícies tomam a primazia a aglomerados urbanos, adivinha-se que Jijé os conheceu e percorreu (durante uma viagem aos Estados Unidos), conseguindo transmitir-lhes uma aura realista e uma credibilidade que o recurso ou a “prisão” a documentação fotográfica muitas vezes não permite. Este aspecto contribui decisivamente para a solidez realista deste western, o que não invalida que o herói ganhe sempre no final, por muitas provas e atribulações que tenha de atravessar. Como aliás convém!

A reter
- Já o escrevi algumas vezes (e disse-o muitas mais), mas não me canso de o repetir: estou rendido aos volumes “integrais” francófonos. Pela irrepreensível qualidade gráfica, pela relevância e diversidade da documentação incluída (esboços, capas originais, arquivos de base, fotos, contextualização histórica da obra, etc.), pela importância das obras reproduzidas, pelo preço acessível. E também, neste caso concreto, “tout-court” pelo valor sentimental que Jerry Spring tem para mim. Não admira que tenha cada vez mais tomos destes na minha biblioteca…
- A qualidade do traço de Jijé, pormenorizado, rico, ágil, dinâmico, apesar de sujeito aos prazos apertados e à rapidez de execução. Por isso, se justificam as palavras de Derib (autor de Buddy Longway): “sou o único a considerar Jijé o maior desenhador de bandas desenhadas realistas?”.

Curiosidades
- Estreado em Portugal no “Cavaleiro Andante”, logo em 1956, em Portugal Jerry Spring passou também pelas páginas do “Zorro”, “Spirou” (1ª e 2ª séries) e “Selecções BD” (2ª série), para além do já citado “Mundo de Aventuras”. Quatro dos álbuns escritos e desenhados por Jijé - El Zopilote, Pancho em Apuros, Cavalos de Montana e Lobo Solitário - foram editados a cores pelas Edições 70, entre 1983 e 1984.
- Assistente de Rob-Vel, de quem herdou Spirou, Jijé privou (e trocou experiências e ajuda nos trabalhos quando os prazos apertavam) com Morris e Franquin, tendo um certo Jean Giraud dado os primeiros passos na BD no seu estúdio, em pranchas deste mesmo Jerry Spring, cuja influência gráfica é bem notória nos primeiros álbuns de Blueberry.
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