Frédéric Féjard (argumento)
Benjamin Jurdic (desenho)
Casterman/KSTR (França, Agosto de 2009)
167 x 242 mm, 152 p., cor, capa cartonada
Resumo
Seth, recém-saído da cadeia, e Matt, seu amigo de sempre, com a ambiciosa companheira deste, Liza, planeiam roubar uma mala com diamantes a um advogado de poucos escrúpulos, o que deixará bem na vida este trio de delinquentes de quarta categoria. Só que o destino diverte-se a colocar alguma areia na engrenagem e, como é normal nestas coisas, o plano que parecia simples e infalível começa a complicar-se quando pelo meio surgem dois polícias corruptos que completam o seu salário com pequenas chantagens e protecção imposta a traficantes e prostitutas. E que se agravam ainda mais quando o dono dos diamantes roubados, por acaso (?!) um mafioso, põe na pista dos ladrões um assassino contratado.
Desenvolvimento
Uma vez concretizado o roubo, inicia-se então uma perseguição a vários níveis, com cada um dos intervenientes a fazer pela vida, tentando ao mesmo tempo enganar parceiros e adversários, com os diamantes algumas vezes a não estarem onde era esperado e a mudarem de mão várias vezes, até ao final que, se não é apoteótico, reúne grande parte dos intervenientes no mesmo local, esclarecendo o papel de cada um e culminando num final se não de todo surpreendente, pelo menos algo inesperado, em que o destino, o acaso ou o que lhe quiserem chamar, impõe mais uma vez a sua lei, como o fizera em vários momentos do relato.
Relato fresco e agradável que, ao longo de centena e meia de páginas mantém um ritmo alto, assente em cenas com mais acção e menos diálogos – apenas os necessários para a narrativa avançar – não deixando ao leitor muito tempo para se recompor das diferentes surpresas que Féjard lhe preparou, mas que nem assim tiram consistência e credibilidade à obra, apesar de personagens e situações não serem de toda originais.
Por seu lado, Jurdic, com um traço linha clara, caricatural e geralmente expressivo, com uma planificação variada em que se sucedem diferentes planos, privilegia a legibilidade em detrimento de belas pranchas, sendo por isso perdoáveis alguns pormenores de somenos importância, diluídos num conjunto bem servido em termos de cores, quase sempre quentes e fortes, que contribuem também para dar vida ao relato. Mas que falha de forma mais evidente nos momentos de maior tensão, em que se sente alguma falta de emoção.
Se a leitura é sempre um prazer – para mim, pelo menos - por vezes o corpo (ou a cabeça) pede algo ligeiro, agradável, que permita desfrutar no momento, ajudando a passar algum tempo, sem pretensões de maior. “3 fois rien”, cumpre bem esse propósito.
A reter
- O tom divertido do relato, a sensação de descompressão que a leitura provoca.
Menos conseguido
- Apesar de tudo, a história e as personagens, demasiado tipificadas, deixam a impressão de que já as conhecemos/vimos/lemos em qualquer lado…