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05/08/2011

Outras Leituras (V)

Manuel Caldas regressa ao Príncipe Valente… e ataca Cisco Kid
Leonidas II no Blogue de los 300

Turma da Mônica Jovem vai envelhecer
E. Rodrigues no Planeta Gibi Blog

Marvel Comics ganha processo contra herdeiros de Jack Kirby
Sérgio Codespoti no UniversoHQ

Sobre Jack Kirby e a sentença que deu razão à Marvel
Álvaro Pons em La Carcel del Papel

Originais de Artur Correia no CNBDI
As fotos de João Miguel Lameiras em Por um Punhado de Imagens

20/04/2011

Manuel Caldas

Começou no Invicta Indie Arts, por iniciativa de Manuel Santo, e está a correr por vários blogs portu-ueses ligados aos quadradinhos, uma homenagem ao editor (restaurador e amante de boas bandas desenhadas) Manuel Caldas, a propósito dos 25 anos do seu fanzine Nemo.
Convidado em cima da hora, numa fase de total falta de tempo, apenas pude disponibilizar excertos de alguns dos vários textos sobre as suas edições que já publiquei aqui no blog, edições essas que agora relembro e que recomendo vivamente e sem reservas.
Foster e Val
Príncipe Valente
Surge… Ferd’nand
Krazy + Ignatz + Pupp
Tarzan dos Macacos
Ferd’nand retorna
O Corvo
Hägar
Os Meninos Kin-Der
Dot & Dash
O Livro do Buraco
Lance
Chamando de novo a atenção para estes livros, quero relembrar que a melhor forma de homenagear Manuel Caldas – e quantas homenagens ele merece, sem dúvida! – é comprar (de preferência, pedindo-lhas directamente), ler e divulgar as obras que ele tem editado. A única forma de ele poder continuar com o seu trabalho de editor.
E de nós podermos desfrutar delas, enquanto leitores.

08/11/2010

Dot & Dash













Cliff Sterrett
(argumento e desenho)
Libri Impressi

(Portugal, Outubro de 2010)
300 x 213 mm, 64 p., cor, brochado

Resumo
Dot & Dash (literalmente ponto e traço, a letra ‘a’ no Código Morse) foram publicados originalmente entre 1926 e 1928 para os jornais americanos, como topo da mais famosa criação de Sterrett, “Polly and Her Pals”, na qual fizeram algumas breves aparições. Primeiro como uma tira, depois como tira dupla com vinheta inicial de título.
Esta é uma edição integral da série, completamente restaurada com a habitual competência e paixão por Manuel Caldas, o que possibilita descobri-la no esplendor do seu deslumbrante colorido original.
A edição, trilingue (português, inglês e espanhol, no que diz respeito à introdução, já que a banda desenhada é muda) abre com uma completa apresentação da série por Domingos Isabelinho.

Desenvolvimento
Coisas simples.
Eis o que eu poderia ter escrito no resumo acima: coisas simples.
A isso (a essa coisa tão complicada...) se resume Dot & Dash: à observação, quase sempre simples, quase sempre surpresa, quase sempre descoberta, dos pequenos nadas do dia-a-dia, aqueles pelos quais todos passamos mas dos quais raramente nos apercebemos. Uma poça gelada, um pássaro a cantar, um esquilo a saltar, a sombra que nos acompanha, as pegadas que deixamos impressas no solo, os pingos de chuva, um gato, um cão, um coelho, uma rã ou um caracol.
Dot & Dash são peritos em vê-los, pasmam de surpresa, surpreendem-se com facilidade, assustam-se com mais facilidade ainda, fingem coragem quando o medo facilmente os domina, fogem quase sempre, aborrecem-se, adormecem mesmo, às vezes. Mais ricos, porque viram, tocaram, sentiram, cheiraram, olharam, desco-briram (mesmo que muitas vezes o que viram-tocaram-sentiram-cheiraram-olharam-descobriram não corresponda à realidade “real” mas apenas à que eles “realizaram”).
Se Sterrett se revela perito em mostrar-nos o que Dot & Dash vêem, salientando o pormenor, descobrindo-nos o banal, deslumbrando-nos com a cor, divertindo de forma ingénua e simpática, a par disso, aqui e ali, diverte-se também a alienar a tal realidade “real”, transformando sombras ou valetas em buracos ou poças de tinta, enganando o leitor e também as suas personagens, aumentando nesses casos o efeito cómico.
Personagens que são duas – o nome evidencia-o – dois cães – eram um cão e um gato nos primeiros meses da tira – pequenos e curiosos, irrequietos e que gostam de andar, conhecer, mexer e descobrir.
E que a nós, meros leitores, agarrados a cadeiras, mesas de trabalho, sofás televisivos, importa também descobrir, talvez para abrir a porta – nem que seja só uma fresta – a um outro eu, mais curioso, menos conformista, mais disposto a ver, tocar, sentir, cheirar, olhar, descobrir…

A reter
- A simpli-cidade aparente e desar-mante, mas (também por isso) genial da estrutura narrativa da série.
- A cor, deslumbrante.
- O ritmo, a um tempo contemplativo e dinâmico.
- A edição em si, claro está. Não podia ser de outra forma com Manuel Caldas como responsável…
- Se encomendar o livro directamente ao editor (Manuel Caldas), recebê-lo-á antes de ele chegar às livrarias e com ele receberá um poster de tiragem limitada reproduzindo uma enorme página de jornal de 1928 com “Dot & Dash” e “Polly and Her Pals”. Para além disso isso permitirá que o editor recupere mais depressa (e sem perder a margem que normalmente entrega à distribuidora) o dinheiro investido na edição, contribuindo para que novo livro (quem sabe se o também genial “Polly and Her Pals”) seja editado mais rapidamente!

05/10/2010

Os Meninos Kin-Der

Lyonel Feininger (argumento e desenho)
Libri Impressi (Portugal, Maio de 2010)
330 x 440 mm, 40 p., cor, brochada


Resumo
Os meninos Kin-Der (o letrado Daniel Webster, o comilão insaciável Bocadetorta e o forte Teddy Enérgico), na companhia do seu bassset Sherlock Bones e do autómato Japansky, partem em viagem a bordo de uma banheira (sic). No seu encalço, utilizando um aeróstato, seguem a Tia Jim-Jam e o Primo Gussie, com o objectivo de lhes darem a dose diária de óleo de rícino.

Desenvolvimento
Num mundo ideal não seria preciso dizer que esta é uma obra datada de 1906 - não, não é gralha” – e que o seu autor, Lyonel Feininger, é um célebre artista ligado ao Cubismo e à Bauhaus, de que alguns elementos já podem ser encontrados nesta sua curta (muito curta, para quem gosta de BD…) incursão pelas histórias aos quadradinhos. Todos o saberiam.
Num mundo ideal, não seria necessário falar da história simples e ingénua, ao ritmo de um episódio por pranchas semanal, nem dos episódios de uma simplicidade desarmante, embora com um interessante e conseguido sentido de humor e um ritmo narrativo muito assinalável. Todos os conheceriam.
Num mundo ideal, faria parte do senso comum que o deslumbramento provocado por “Os meninos Kin-Der” se deve essencialmente à sua componente gráfica. Por isso, seria desnecessário referir que cada prancha, embora encaixada na necessária sequência narrativa, funciona como um todo. Ou que a sua planificação varia de semana para semana, entre pranchas de imensa vinheta única aquelas multi-divididas, com vinhetas horizontais e/ou verticais.
Num mundo ideal, seriam por todos reconhecidas pranchas mais experimentais, como a da página 27 em que a acção decorre a dois tempos, no telhado da casa e no seu interior, funcionando a janela do edifício como uma segunda (mini-) prancha integrada no conjunto maior das vinhetas típicas, com formas regulares (quadrados, rectângulos). Ou a divisão da terceira tira (e da respectiva acção) da página 32 em duas vinhetas para prolongar o tempo em que decorre.
Num mundo ideal, o experimen-talismo, a liberdade gráfica, o sentido de composição da prancha de Feininger seriam atributos desta banda desenhada que alimentariam as conversas de todos.

A reter (tanto neste mundo como no ideal)
- A originalidade e modernidade da obra que hoje, mais de um século após a sua criação, se lê com o mesmo prazer e sentimento de descoberta.
- A magnífica restauração dos originais levada a cabo por Manuel Caldas.
- O imponente tamanho da edição e a gramagem do seu papel.
- A excelente e completa introdução de Rubén Varillas que dificultou sobremaneira a escrita deste texto.
- A reprodução de uma prancha em tamanho original incluída na edição para quem a encomendar directamente ao editor, o que aconselho vivamente.

Menos conseguido
- Num mundo ideal, este texto já teria sido escrita e publicada aqui há mais tempo. As minhas desculpas, ao Manuel Caldas e aos leitores de As Leituras do Pedro, em especial àqueles que só após a lerem vão comprar o livro.
- Num mundo ideal, Lyonel Feininger não teria alimentado esta série durante uns poucos meses apenas, mas teria feito dela – e de outras que se lhe seguiriam – o trabalho de toda a sua vida. - Num mundo ideal, a edição incluiria também o integral de Wee Willie Winkie’s World, outra série de Feininger, e teria uma bela capa cartonada em vez de ser uma edição agrafada.
- Num mundo ideal, os jornais norte-americanos (e os dos outros países também…) teriam continuado a publicar bandas desenhadas estimulantes e graficamente arrojadas como esta, neste mesmo imenso formato.
- Num mundo ideal, uma edição como esta não seria uma excepção mas sim a regra nas livrarias portuguesas.
- Num mundo ideal, os exemplares desta edição não seriam apenas umas poucas centenas; ela seria um autêntico “best-seller”. Como não estamos num mundo ideal, longe disso, mas num país chamado Portugal, a única hipótese que temos de nos aproximarmos daquele é comprar e desfrutar desta soberba edição. Futuras edições ideais, como esta, também dependerão disso.
- Num mundo ideal, haveria muitas edições como esta e, por isso, também estantes à sua medida. No nosso mundo real, este é um livro bem difícil de arrumar!

Curiosidade
- Apesar dos seus 33 x 44 cm, maior do que o A3 (!), esta edição reproduz as pranchas apenas a 68 % do seu tamanho original.

15/06/2009

Príncipe Valente

Foster e Val – Os trabalhos e os dias do criador de ‘Prince Valiant’
Manuel Caldas
Livros de Papel (Portugal, Dezembro de 2006)
260 x 340 mm, 128 p., pb e cor, capa brochada com badanas

Príncipe Valente
(6 volumes, de 1937-38 a 1947-48)
Harold R. Foster
Livros de Papel (vol. 1 a 5) e Bonecos Rebeldes (vol. 6) (Portugal, Março de 2005/Junho de 2007)

270 x 348 mm, 112 p., pb, capa brochada com badanas

Resumo
Publicado durante décadas no suplemento dominical de "O Primeiro de Janeiro", o Príncipe Valente é, possivelmente, um dos clássicos da banda desenhada norte-americana melhor conhecidos em Portugal. A isto, há que acrescentar a sua passagem por diversas revistas desde os anos 50 e também algumas edições (muito) parciais em álbum. Por isso, para muitos será desnecessário apresentar a série, mas para outros, justifica-se fazê-lo. Criado em 1937, por Harold Rudolf Foster, "Prince Valiant in the days of King Arthur", no original, é uma soberba saga medieval, que exalta valores como a liberdade, o cavalheirismo, a amizade, a honra e a valentia, e que narra a juventude, idade adulta e envelhecimento de um dos cavaleiros da mítica Távola Redonda da Corte do Rei Artur.
“Foster e Val” é uma biografia (apaixonada e apaixonante) do seu autor, repleta de ilustrações.

Desenvolvimento
Pegando no que atrás ficou escrito, diga-se que a evolução do herói, que vai avançando na idade, casa, tem filhos, que crescem e progressivamente o vão substituindo ou pelo menos partilhando com ele o protagonismo das aventuras, é uma das marcas distintivas da série. Como o é também, o facto de nela não existir qualquer balão, surgindo todo o texto na parte inferior das vinhetas. Mas que acabam por ser aspectos secundários, quando comparados com as qualidades que a tornaram única: a erudição literária do seu texto, o requinte e o pormenor do seu desenho clássico, realista, expressivo e imponente, a diversidade e a consistência das (muitas) histórias que vão sendo contadas, passadas numa época mítica, à qual Foster dá um toque de fantástico aqui e ali, não se coibindo, por oposição, de também dar uma aura de autenticidade através da citação de episódios históricos ou até da participação activa do protagonista neles.
Nos primeiros anos, a acção centra-se na longa procura de Aleta, rainha das Ilhas Brumosas, por parte do Príncipe Valente, que termina com o casamento dos dois após muitos encontros e desencontros. A par da magia da aventura em estado puro e dos múltiplos combates com que Foster alimentou anos da saga, e dos muitos lugares remotos visitados, destaca-se a forma como Foster os entremeia com registos mais caseiros, quase sempre condimentados com um invulgar sentido de humor.

A reter
- A paixão de Caldas pela obra de Foster, patente (e latente) nestas edições.
- O extremo cuidado posto na restauração de cada prancha.
- A qualidade literária dos textos do Príncipe Valente.
- O traço clássico, minucioso e pormenorizado de Foster.

Menos conseguido
- É lamentável que uma edição desta qualidade de um clássico eterno, termine abruptamente ao fim de seis volumes
[1] devido a uma querela motivada (?) por razões financeiras. Como se o pouco dinheiro que se consegue amealhar editando BD em Portugal o justificasse…

Curiosidade
- Mantido por Hal Foster ao longo de mais de 30 anos, em sumptuosas pranchas dominicais, o "Príncipe Valente" conta 2.244 páginas da sua autoria, incluindo cerca de
meio milhar desenhadas por John Cullen Murphy (para não citar a sua actual fase, assinada por Gary Gianni). Da fase assinada a solo por Foster, cuja edição integral estava prevista em 22 volumes, com uma centena de páginas cada, estão já editados seis, com uma qualidade gráfica nunca antes vista que fazem dela a edição definitiva de "Príncipe Valente". Para a concretizar, Manuel Caldas, especialista e apaixonado confesso da obra de Foster, conseguiu que o King Features Syndicate abrisse os seus arquivos para obter as provas originais ou, quando elas não existiam, recorreu às páginas de jornais, compradas durante anos através do eBay, das quais eliminou a cor e restaurou até ao mínimo pormenor para obter o preto e branco cristalino que a actual edição apresenta.
- Cada volume contém no seu final meticulosas notas de leitura que podem ir da simples curiosidade ao enquadramento histórico e que revelam a verdadeira paixão e profundo conhecimento de Caldas pela obra.
- Manuel Caldas, através do selo editorial Libri Impressi, tem em curso uma edição em espanhol, que vende pelo correio para o país vizinho (impossibilitado que está de a distribuir nas livrarias) e também o primeiro volume da série em inglês.
[1] Existe um sétimo volume, editado “a solo” pela Bonecos Rebeldes. Se a qualidade da obra em si se mantém, na (inevitável) comparação gráfica com os seis volumes anteriores, da responsabilidade de Manuel Caldas, entretanto afastado, nota-se (e muito) a falta da sua paixão e minúcia, visível no menor cuidado posto no restauro dos originais, na inestética legendagem mecânica, na omissão das datas originais de publicação e na ausência das suas saborosas anotações e comentários…

(Montagem e actualização de diversos textos publicados entre 2005 e 2008, no Jornal de Notícias e na In’ - suplemento da revista NS, distribuída aos sábados com o JN e o DN)
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