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20/02/2014

La Porte de Brazenac






Brazenac, França, Inverno de 1771.
De regresso a Paris, Damien de Beltoise é apanhado por um temporal e vê-se forçado a pedir hospitalidade no castelo local, onde encontra o barão Pierre de Brazenac, o seu senhor e único habitante, que vela o seu último criado, acabado de morrer.
Entre os dois homens, unidos pelo interesse pela fauna e pela flora, estabelece-se rapidamente uma relação de amizade, mas estavam longe de imaginar os acontecimentos surpreendentes que iam partilhar em breve.

06/01/2011

Coeur de Glace

Marie Pommepuy (argumento)
Patrick Pion (desenho)
Dargaud (França, 14 de Janeiro de 2011)
Colecção Long Courier
240 x 320 mm, 72 p., cor, cartonado

Resumo
Quando Kay é levado pela Rainha das Neves, a sua amiga Gerda decide partir à sua procura, iniciando um longo périplo, recheado de perigos e criaturas fantásticas, como ogres, uma velha que a obriga a comer restos de outras crianças e um corvo falante.

Desenvolvimento
Apesar de livremente inspirado na Rainha das Neve, um conto escrito no século XIX por Hans Christian Andersen, esta é uma história que está longe de ser indicada para crianças e, muito menos, para ler à hora de dormir. Porque, se nela estão presentes muitos dos protagonistas e das temáticas habituais naquele género, ela é, antes de mais, uma história adulta de contrastes, entre o maravilhoso do mundo da infância e o realismo cruel da idade adulta, o bem e o mal, a poesia e a crueldade, o horror e a beleza, a amizade e a maldade, que a espaços roça mesmo o registo de terror.
Por isso, em cada momento do relato, aquilo que vemos raramente corresponde ao que realmente é e mesmo os momentos mais agradáveis têm sempre um reverso assustador. Veja-se, por exemplo, a estadia de Gerda em casa da senhora que cultiva o seu jardim ou – exemplo supremo – o desfecho do álbum.
Na sua origem, este é um relato de busca iniciática, em que Gerda é movida pela sua amizade por Kay, o vizinho da casa em frente com quem sempre brincou até ao dia em que a Rainha das Neves (a Morte…) decidiu reclamá-lo. Embalada pelas crenças doces da infância, Gerda decide ir à sua procura, para recuperar o seu amigo e restabelecer o equilíbrio que desapareceu do seu mundo.
A história, que começa pela captura de Gerda por um bando de ogres, com o propósito de a comer, vai sendo narrada pela protagonista à ogre mais jovem (e a nós, leitores), em sucessivos flash-backs que ajudam a ritmar a narrativa e a equilibrar momentos de tensão com outros mais descontraídos.
Ao longo dela, há um sentimento dominante, a amizade que Gerda vai encontrando e cultivando nos sucessivos encontros: a jovem ogre, o corvo falante, o mendigo, o rapaz-árvore… A mesma amizade, intensa e motivadora, que a empurra na sua busca, pelos mais estranhos e aterradores cenários - a floresta, a planície gelada, o jardim da velha senhora, o palácio encantado - todos transformados em obstáculos que aquele sentimento sempre ajuda a vencer. Até ao encontro final com Kay que, menos que o happy-end habitual em histórias de encantar, leva a uma (amarga) reflexão sobre quanto o amor (adulto…) – ao contrário da amizade (infantil…)? – pode ser egoísta e castrador.
O traço de Pion, de alguma forma mimetizando o estilo dos grandes ilustradores do século XIX, mostra-se perfeitamente adequado ao actual registo, apesar de uma planificação relativamente tradicional, confere o ritmo adequado ao relato, interligando os diversos episódios (soltos…) que o compõem e transmitindo em cada momento o efeito pretendido, seja o lado doce e agradável de cada um, sejam – de forma mais marcante – os momentos de pesadelo, mais assustadores.

A reter
- A forma como cada momento, aparentemente doce e feliz, apresenta sempre um reverso, que muitas vezes choca e arrepia. Como a fuga do jardim aparentemente idílico, só conseguida através do esfolamento do rapaz-árvore.
- O traço de Pion que, sem mudar de registo, consegue mostrar as duas faces contrastantes de cada momento.
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