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28/06/2009

Là où vont nos pères

Là où vont nos pères
Shaun Tan (argumento e desenho)
Dargaud (França, Março de 2007)
240 x 320 mm, 128 páginas, cor, capa cartonada


Resumo
Um homem faz a mala, despede-se da mulher e da filha e parte. Embarca num navio e cruza o oceano, rumo a um país desconhecido, à terra prometida. É (mais) um emigrante.

Desenvolvimento
Esta é (mais) uma história de emigração.
Que começa com um homem que se despede - de forma pungente. E que depois parte. Só, com uma mala de mão. Com poucos pertences e uma fotografia. Talvez o mais valioso de todos. Uma fotografia de uma família, da sua família: ele, a mulher e uma filha pequena.
O homem parte para longe. Para o outro lado de um vasto oceano. Para um admirável - mas assustador - mundo novo. De linguagem incompreensível. De escrita indecifrável. Com novos animais, novas plantas, novos alimentos. Lá chegado, só - ainda mais só -, tem que arranjar alojamento, um emprego… uma nova vida. Uma nova forma de viver.
Esta é a história de muitos (de quase todos?) os emigrantes: abandonar os entes queridos para procurar melhores condições de vida (os seus sonhos?). E é também a história deste notável "Là où vont nos pères".
Notável porque é um enorme romance mudo, feito de imagens aparentemente soltas, trabalhadas a lápis, em incómodos tons de cinzento e sépia, por Shaun Tan.
Notável pela forma como explode em imagens de página inteira ou as monta até 30 por página, como forma de apressar ou retardar o ritmo da narrativa, de revelar mudanças de espírito, de nos surpreender numa paisagem, de nos reter num pormenor, de nos emocionar numa descoberta ou com um revés.
Notável na forma como retrata o desconhecido, como transmite emoções e sentimentos, como ilustra o passar do tempo.
Notável, ainda, porque diz, porque faz acreditar que a integração dos emigrantes é possível, que os sonhos se concretizam…

A reter
- O traço realista, quase fotográfico, de Shaun Tan.
- O ritmo que a obra tem, graças à forma como o autor montou as imagens.
- A cuidada edição da Dargaud.

Curiosidade
- "Là où vont nos pères" foi considerado o Melhor Álbum editado em França em 2007 pelo júri do Festival de BD de Angoulême.

(Versão revista e actualizada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Abril de 2007)
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