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28/12/2012

Branca de Neve: a mais bela há 75 anos




  






  
A famosa canção “Eu vou, eu vou, para casa agora eu vou…” ecoou pela primeira vez a 21 de Dezembro de 1937, no Carthay Circle Theatre, em Hollywood, já lá vão 75 anos. Era a estreia de “Branca de Neve e os sete anões”, a primeira longa-metragem animada da Disney.

Com estreia portuguesa um ano mais tarde, “Snow White and the Seven Dwarfs” (título original), era também a primeira longa-metragem animada produzida nos Estados Unidos, a primeira totalmente a cores e tornou-se no primeiro dos Clássicos Disney.
Drama romântico visto por milhões de pessoas ao longo dos seus 75 anos, deixou gravadas nas memórias músicas inesquecíveis, o nome dos sete anões (Mestre, Feliz, Zangado, Soneca, Atchim, Dengoso e Dunga na versão brasileira que Portugal viu durante muitos anos) e cenas marcantes como a fuga alucinada de Branca de Neve pela floresta assombrada, a dança com os animais na casa dos anões, o espelho falante, o trágico fim da rainha má ou o beijo final do príncipe que desperta Branca de Neve do sono da morte.

Dirigido por David Hand, o filme, que tinha um orçamento inicial de 150 mil dólares mas custou 10 vezes mais, demorou quatro anos e meio a produzir e inspirou-se num conto dos irmãos Grimm intitulado “Branca de Neve” (“Schneewittchen), publicado pela primeira vez no início do século XIX, no livro "Kinder-und Hausmaërchen" ("Contos de Fada para Crianças e Adultos"). Adriana Caselotti deu voz à protagonista e Harry Stockwell ao príncipe, papeis assumidos por Sandra de Castro e Henrique Feist na versão lusa de 2009.

Nomeado para o Óscar da Melhor Banda Sonora (que perderia para “One Hundred Men And A Girl”), “Branca de Neve e os sete anões” valeria a Walt Disney um Óscar honorário em 1939, para comemorar o primeiro filme inteiramente animado do cinema norte-americano, que era muito especial: a estatueta tradicional era acompanhada por outras sete, mais pequenas.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Dezembro de 2012)

25/07/2012

Quentin Tarantino escreve BD














A DC Comics, editora de Batman e Superman, anunciou que vai publicar a versão aos quadradinhos do próximo filme de Quentin Taraintino, intitulado “Django Unchained”.
A notícia, divulgada pelo próprio realizador durante a San Diego Comic-Com, uma das mais importantes convenções de BD norte-americanas, que decorreu entre 12 e 15 de Julho, especifica que se tratará de uma mini-série em cinco números, que começará a ser publicada no próximo mês de Novembro.
Ainda não foram divulgados os nomes dos desenhadores que participarão no projecto, sabendo-se apenas que o argumento tem como ponto de partida a versão integral do storyboard escrito por Tarantino para o filme. Desta forma, a banda desenhada será mais completa, pois incluirá cenas que foram cortadas na versão cinematográfica.
“Django Unchained”, protagonizado por Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Christoph Waltz e Jamie Foxx, é um western que conta como um ex-escravo e o seu antigo senhor se unem para libertar a esposa daquele, aprisionada por um fazendeiro conhecido por maltratar e obrigar as suas escravas a prostituírem-se.
Com estreia marcada nos Estados Unidos para Dezembro do corrente ano, o filme deverá chegar aos cinemas portugueses a 24 de Janeiro de 2013.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 23 de Julho de 2012)

09/07/2012

Valérian no cinema















Depois de muitos saltos espácio-temporais que os levaram ao passado e ao futuro, a realidades paralelas e a galáxias distantes, a próxima paragem de Valérian e Laureline deverá ser no grande ecrã, pela mão do produtor e realizador francês Luc Besson.
Aquela que é, possivelmente, a mais célebre série de banda desenhada franco-belga de ficção-científica, com mais de 2,5 milhões de álbuns vendidos, estreou-se em 1967, na revista “Pilote”. Foi criada por Pierre Christin e Jean-Claude Mézières que, ao longo de 40 anos e 21 álbuns (mais dois tomos enciclopédicos, fora de colecção) – a série foi fechada pelos autores em “O AbreTempo” (2010) – desenvolveram um universo fantástico, maravilhoso, consistente e profundamente original, longe dos estereótipos do género, no qual Laureline progressivamente veio a assumir um papel cada vez mais preponderante ao lado do protagonista original Valérian.
Esta é uma oportunidade para Besson e Mézières voltarem a trabalhar juntos, depois do desenhador ter participado na concepção gráfica do filme “O quinto elemento”, dirigido por Besson. A ligação deste último com a BD não é nova, pois já produziu e realizou adaptações de Michel Vaillant (em 2003) e de Adèle Blanc-Sec (2010).
Ainda não há data para a estreia desta película, até porque o realizador está a trabalhar em “Malavita”, tendo agendado, para o início de 2013, um thriller de acção com Angelina Jolie. Também ainda não foram indicados quaisquer nomes para o elenco, sabendo-se apenas que o filme será em inglês, live-action e produzido pela EuropaCorp, de Besson, que em 2007 colaborou com uma produtora japonesa em “Time Jam: Valérian & Laureline”, uma adaptação animada da mesma série, exibida na TV francesa.
Em Portugal, Valérian estreou-se em 1971, nas páginas da revista “Tintin”, onde foi presença regular, estando integralmente editado em álbum, pela Meribéruca/Líber e as Edições ASA.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 5 de Julho de 2012)


25/04/2012

Vingadores: da BD para o cinema















O filme “Os Vingadores”, que estreia em Portugal hoje, transpõe para o grande ecrã um conceito que os quadradinhos há muito exploram: os grupos de super-heróis.
Geralmente criados para fazer face a ameaças de grande dimensão, partindo do princípio que o todo é maior do que a soma das partes, servem também para explorar afinidades e rivalidades entre os seus componentes.
O primeiro super-grupo da história foi a Liga da Justiça da América, criada pela DC Comics em 1960, que reunia Superman, Batman, Lanterna Verde, Mulher Maravilha, Flash, Aquaman e Caçador Marciano. A popularidade alcançada despertou na Marvel o desejo de ter uma estrutura idêntica, tendo Stan Lee sido encarregado de a imaginar. Como a editora não tinha então muitos super-heróis, a solução foi a criação do Quarteto Fantástico, que era mais uma super-família. Entretanto, com a criação do Hulk, Homem-Aranha, Homem de Ferro e outros super-heróis, três anos depois Lee e Jack Kirby puderam finalmente transpor o conceito inicial para o seu universo, nascendo assim os Vingadores, a maior aposta cinematográfica da Marvel este ano.
Curiosamente, a película dirigida por Joss Whedon, não segue nenhuma das muitas equipas criadas na banda desenhada ao longo de meio século, reunindo sob a capa dos Vingadores, na esteira das mais recentes adaptações cinematográficas, o Homem de Ferro (interpretado por Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Hulk (Mark Ruffalo) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) que juntos irão combater Loki, o meio-irmão de Thor.
Há, apesar de tudo, uma aproximação à formação original dos Vingadores criada por Lee e Kirby, que integrava o Homem de Ferro, Thor, Homem-Formiga, Vespa e Hulk, que, no entanto, duraria apenas o tempo de uma história, antecipando as muitas convulsões que os Vingadores tiveram nos quadradinhos, onde chegaram mesmo a conviver mais de quatro dezenas de super-heróis em simultâneo. Para os fãs de comics, possivelmente a fase mais memorável remonta aos anos 70, quando autores como Roy Thomas, neal Adams, George Pérez ou John Byrne estiveram à frente dos destinos dos Vingadores.
Nos últimos meses a Marvel lançou nos Estados Unidos diversos títulos dos Vingadores, entre os quais se destaca “Avengers Assemble” protagonizada pela mesma formação do filme e, nos últimos dias, disponibilizou gratuitamente no seu site, para leitura online, “Avengers: Heroes Arise #1” , uma banda desenhada escrita por Jeff Parker e desenhada por Manuel Garcia, resultante de uma parceria entre a Marvel Comics e a mítica marca de motos Harley-Davidson.

15/03/2012

John Carter






John Carter (2012)
Realização: Andrew Stanton
Intérpretes: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Samantha Morton, Willem Dafoe, Thomas Hadden Church, Mark Strong, Bryan Cranston, David Schwimmer, Jon Favroeau
Duração: 132 minutos
Distribuição: ZON Lusomundo









John Carter: A Princess of Mars #1 a #5
Roger Langridge (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Marvel Comics (EUA, Novembro de 2011 a Matrço de 2012)
170 x 260 mm, 32 p., cor, comic-book
$ 2,99 US




Estreia hoje nos cinemas portuguesas o filme John Carter, inspirado no romance Under the Moons of Mars, da autoria de Edgar Rice Burroughs, publicado em 1912.

Esta estreia, acontece em simultâneo com a publicação do último dos 5 números da mini-série “John Carter: A Princess of Mars”, que o português Filipe Andrade desenhou para a Marvel a partir de um argumento de Roger Langridge, que de alguma forma serviu para recordar o universo fantástico que Burroughs, igualmente criador de Tarzan, desenvolveu ao longo de 10 romances.



Na base da história, que se inicia após o fim da Guerra da Secessão norte-americana, está o capitão John Carter que, perseguido por índios tem que se refugiar numa caverna de onde – de forma díspar na BD e no filme – acaba por ser transportado para o planeta Marte (cujos habitantes chamam Barsoom).

Aí, começa por descobrir que as suas capacidades físicas foram extraordinariamente aumentadas devido à diferença de gravidade, ao mesmo tempo que vai conhecendo as diversas civilizações marcianas que caminham em passo acelerado para a extinção, num planeta árido e quase deserto onde as raras cidades ainda existentes pouco mais são do que sombras de um passado glorioso.

Capturado primeiro pelos Tharks, gigantes verdes com cerca de 3 metros de altura e dois pares de braços, Carter acaba por conhecer a bela Dejah Thoris, princesa de Hellium, por quem se apaixona e a quem vai ajudar na sua luta pela libertação e preservação do planeta.

Se é a primeira vez que o cinema se ocupa desta obra de Burroughs – depois de uma tentativa em 1966, frustrada pelos custos envolvidos – este herói já vive aventuras nos quadradinhos desde 1939, primeiro no formato comic-book, depois nos jornais, onde chegou a ser desenhado por John Coleman Burroughs, filho do romancista.

Na banda desenhada, ao longo dos anos sucederam-se as adaptações e aventuras originais, umas mais conseguidas do que outras – incluindo uma estranha derivação que juntava três criações de Burroughs: John Carter, Tarzan e os heróis de Pellucidar (um mundo interior terrestre ainda habitado por dinossauros) – onde se podem encontrar as assinaturas de Gray Morrow, Jesse Marsh, Al Williamson ou Murphy Anderson, enre outros. A versão desenhada por último foi publicada em Portugal no Mundo de Aventuras, em 1974/1975 e, posteriormente, em álbum pela Agência Portuguesa de Revistas.

Se o ponto de partida – e o de chegada também - é o mesmo para as duas versões hoje em análise, a forma como desenvolvem as respectivas histórias, os locais em que a acção decorre e as personagens que exploram apresentam diferenças significativas - o que só abona a favor da imaginação de Burroughs - devendo, por isso, ser visto/lido mais como criações complementares do que como a mesma versão em suportes diferentes.
 
À BD, assente em tons bastante sombrios e onde eventualmente poderia haver cenas com cores mais fortes, apesar de menos pormenorizada, há que reconhecer um ritmo mais elevado, graças também ao facto de entrar directamente na trama, utilizando depois sucessivos flashbacks para contar o passado terrestre de Carter. A narrativa é bem explanada pelo traço esguio e anguloso de Andrade, como habitualmente muito dinâmico embora não muito detalhado, e assenta especialmente nos diálogos entre as personagens e nos combates individuais individuais, em detrimento de cenas de conjunto mais espectaculares ou de grandes combates aéreos.

No filme, que actualiza (e bem) alguns dos conceitos originais, criados há já 100 anos – como é o caso da questão das deslocações entre a Terra e Marte - depois de uma introdução algo longa e com pouco ritmo, que narra os antecedentes terrestres do protagonista, com a chegada a Marte, o filme ganha ritmo e consegue então prender o espectador, apesar das duas horas e pouco que dura.

Comum ao traço de Andrade e ao grafismo do filme são os corpos longos e esguios dos Tharks e os seus longos dentes (presas?), muito bem utilizados numa cena em que um rival afronta Tars Tarkas, que combinam bem com a decadência que reina em Barsoom.

O mesmo já não se pode dizer das naves espaciais que os diversos povos índigenas utilizam pois, apesar de visual e aerodinamicamente interessantes - claramente inspiradas em insectos voadores – se apresentam demasiado frágeis e pouco credíveis no contexto de decadência já citado, mesmo enquanto herança de tempos passados.

Mas isto – bem como o comportamento caricatural e demasiado canino de Woola, o monstro de estimação de John Carter – são questões menores numa película que cumpre bem o papel de diversão assumido, no qual as imagens computorizadas e o 3D, sem deslumbrar, estão bem conseguidos e são funcionais, quer nas cenas mais povoadas, quer para definir a profundidade das cenas em grandes espaços abertos, contribuindo decisivamente para recriar na tela o imaginativo universo que Burroughs criou.

Sem brilhar intensamente mas também sem comprometer, os intérpretes sustentam bem os seus papeis, sejam eles os seres humanos ou aqueles gerados em computador, com destaque para os tharks cujos dois pares de braços funcionam muito bem no filme, ao contrário do que tantas vezes tem sucedido nos quadradinhos, onde frequentemente parecem um empecilho e um quebra-cabeças para os desenhadores.

Curiosamente, se a Marvel já anunciou uma sequela em BD, a mini-série “John Carter: The Gods of Mars”, por Sam Humphries (argumento) e Ramón Pérez (desenho) já para este mês, a Disney, que foi comedida na promoção do filme, tem-se mostrado mais discreta quanto a uma continuação, apesar do elevado investimento feito (cerca de 250 milhões de dólares), o que não deixa de ser algo surpreendente. Ou talvez não, porque os primeiros resultados não foram animadores, tendo o filme arrecado apenas 30 milhões nos EYA, embora de alguma forma compensados com os 70 milhões no exterior daquele mercado.

Indiscutível é que no universo criado por Edgar Rice Burroughs há muito mais para explorar.





25/06/2011

Smurf Global Day

Hoje é o Smurf Global Day, algo como Dia Mundial dos Smurfs, que é como quem diz, mais correctamente, Schtroumpfs. A iniciativa é da Sony and Colombia Pictures e enquadra-se na promoção da primeira longa-metragem dos simpáticos seres azuis, cuja estreia está prevista para 29 de Julho nos Estados Unidos.
A escolha do dia 25 de Junho serve ao mesmo tempo para assinalar o aniversário do nascimento de Peyo, o seu criador, em Bruxelas, em 1928. De seu verdadeiro nome Pierre Culliford, deu os primeiros passos num estúdio de animação onde conheceu Franquin (criador de Gaston Lagaffe) e Morris (Lucky Luke), tendo naturalmente transitado para a banda desenhada.
Em 1950, criou a série “Johan et Pirlouit” (João e Pirulito em Portugal) onde apareceram os Schtroumpfs (agora chamados Smurfs por via das versões televisivas e cinematográfica norte-americanas; ao menos não foram buscar a designação espanhola de Pitufos…).
O sucesso dos pequenos seres azuis levou Peyo a desenvolvê-los em série autónoma, dando-lhes um inimigo, o Feiticeiro Gargamel e explorando a sua linguagem típica, repleta do termo “Schtroumpf”, e as diferenças devidas às suas características e personalidades, que lhes dão nome: o sábio, o zangado, o cozinheiro, o dorminhoco, o brincalhão, etc. E no facto de na sua aldeia haver apenas uma personagem do sexo feminino.
Para assinalar o dia de hoje, estão previstas diversas iniciativas, a mais visível das quais a tentativa de bater o recorde de pessoas vestidas como Schtroumpfs: corpo pintado de azul e boné, calções e sapatos brancos. Haverá concentrações em Bruxelas, Atenas, Haia, Dublin, Cidade do México, Cidade do Panamá, Varsóvia, Moscovo, Joanesburgo, Nova Iorque e Londres, sendo 2510 o número a ultrapassar. Em Espanha, a vila de Júzcar, em Málaga, conhecida pelas suas casas brancas características da Andaluzia acordará completamente pintada de azul, e o famoso The O2, em Londres, vai transformar-se no The O Blue. Nas principais praças de Paris, Reiquiavique, Bogotá, Zurique ou Copenhaga vão ser implantadas Casas Azuis, habitadas por pequenos Schtroumpfs em tamanho real (cerca de 20 centímetros).
O salto da banda desenhada para a televisão, nos anos 90, apesar de descaracterizar os Schtroumpfs fez a sua popularidade passar as fronteiras francófonas.
O actual filme, dirigido por Raja Gosnell, que congregou esforços de duas das maiores produtoras, a Columbia Pictures e a Sony Pictures, assinala a sua chegada ao mundo real, para onde foram enviados por Gargamel e onde vão interagir com Neil Harris e Jayma Mays. Nas vozes originais encontram-se Hank Azaria (dos Simpsons), Kate Perry ou Jonathan Winters. A estreia portuguesa está marcada para 11 de Agosto.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de Junho de 2011)

30/04/2011

Poderoso Thor

Corria o ano de 1962. Stan Lee em plena euforia criativa, lançava, sem o saber ainda, as bases do que viria a ser o complexo universo Marvel, explorando o conceito de super-heróis com problemas comuns (de personalidade, financeiros, sentimentais…) iniciado um ano antes com o Quarteto Fantástico. Depois de juntar o Hulk à primeira super-família, decidiu alargar o seu conceito explorando um dos temas mais recorrentes na literatura: o confronto entre pai e filho. Com a introdução de uma variante: ambos eram deuses nórdicos. O pai, Odin, reinava em Asgard, e o filho, caído em desgraça, era obrigado a penar junto dos humanos para aprender a humildade e o auto-controle.
Nascia assim o poderoso Thor, cuja estreia se deu no número 83 (datada de Agosto de 1962) da revista “Journey into Mystery”, que passou a acolher regularmente o deus nórdico, assumindo mesmo, a partir do nº 126, de Março de 1966, o título de “The Mighty Thor”. Ao lado de Lee, na criação de Thor, estava Jack Kirby, possivelmente o maior desenhador de super-heróis de sempre, que ajudou a dar a Thor a credibilidade devida a um deus: longos cabelos loiros, olhos azuis, um corpo musculado, imponente, vigoroso e um ar decidido.
Filho de Odin, rei dos deuses, Thor era o seu herdeiro natural. Apesar dos seus grandes feitos desde a adolescência, e de ter recebido o martelo místico designado como Mjolnir, símbolo do deus do trovão, que lhe conferia força e o poder de voar, o herói era obstinado e impulsivo e por isso o pai decidiu exilá-lo na Terra, com a memória apagada, aprisionando-o no corpo de Donald Blake, um deficiente físico.
Durante uma década, Thor aprendeu a superar os problemas causados pela sua perna defeituosa, formando-se em medicina e tornando-se útil para os seus semelhantes. Induzido por Odin, convencido que ele tinha aprendido a lição, viajou até à Noruega onde, na sequência de um ataque extraterrestre, se refugiou numa caverna onde encontrou um tronco retorcido que utilizou como bengala. Num momento de desespero, bateu com ela no chão, descobrindo que se tratava do seu martelo místico e que esse acto o transformava no poderoso Thor. Só que, ao contrário do que Odin esperava, Thor decidiu continuar entre os humanos, ajudando-os a combater o mal, agora sob a sua forma verdadeira.
Entre os seus principais inimigos – humanos, deuses, extraterrestres - surgiu desde logo Hulk, o único que com ele se consegue comparar em força física, e, principalmente, Loki, o seu meio-irmão adoptivo, invejoso da sua popularidade e desejoso de ocupar o trono em seu lugar. Foi na sequência de um confronto com ele que Thor, involuntariamente, viria a fundar os Vingadores (Avengers), juntamente com o Homem de Ferro, o Homem-Formiga e a Vespa, “um grupo de heróis unidos para combater inimigos que nenhum herói poderia combater sozinho”.
Ao longo de cinco décadas, Thor já experimentou de quase tudo: assumiu várias identidades terrenas, teve vários substitutos – incluindo uma mulher! – e, nos anos 80, numa das suas melhores fases, quando foi escrito e desenhado por Walt Simonson, responsável por recuperar o herói, a sua mística e a sua grandiosidade, e pela inclusão de personagens marcantes, foi até transformado em sapo, combatendo um exército de ratos…; substituiu Odin, tornando-se rei de Asgard – reino várias vezes destruído - e chegou a aniquilar a Terra numa realidade alternativa.
E, claro está, fazendo parte do universo Marvel, em que nada é garantido nem absoluto, nem a própria morte, também ele, vencendo a imortalidade inerente à sua divindade – dom que se transforma em fardo quando o leva a sobreviver à morte de muitos dos seus amigos terrenos – faleceu. Para regressar, mais forte e destemido, como um verdadeiro herói, pois ele é o poderoso Thor.


Thor em 3D
A estreia de Thor, o filme, hoje nos cinemas portugueses, uma semana antes dos Estados Unidos, traz uma novidade para quem tem seguido as aventuras cinematográficas dos super-heróis Marvel: a abertura de uma porta para o lado mágico e místico do seu universo e para as suas realidades alternativas, após diversos filmes de tom mais realista, assentes na componente tecnológica e científica.
A par disso, embora seja notória a fidelidade a uma herança aos quadradinhos com quase 50 anos, com a inclusão de quase todas as personagens marcantes e da maior parte dos seus elementos clássicos, há a preocupação em criar uma cronologia cinematográfica própria, que permita que o filme chegue também aos que não são fãs da BD.
Em termos de actores – e há muito que um filme Marvel não reunia nomes tão sonantes – o destaque vai para as prestações de Anthony Hopkins (como Odin), Tom Hiddleston (Loki) e Natalie Portman (Jane Foster), enquanto que o protagonista, um musculado Chris Hemsworth, cumpre o percurso de queda e redenção, de forma competente. A dirigi-los está o veterano Kenneth Branagh, desde logo adepto do projecto pelo lado shakespeariano do enredo.
Se o 3D nada acrescenta ao filme e se é verdade que ele tem algumas cenas menos conseguidas – como a rápida conversão de Thor ao papel de protector da Terra ou a deficiente exploração da sua rivalidade com Loki – elas não chegam para ofuscar os seus pontos fortes: as cenas que decorrem numa Asgard imponente e magnífica, o tom épico das batalhas magistralmente encenadas por Branagh ou o empolgante confronto de Thor com o vilão Destruidor.




(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Abril de 2011)

24/03/2011

Elizabeth Taylor (1932-2011)

Nos quadradinhos
Diva do cinema, ontem falecida, Elizabeth Taylor teve passagem fugaz pela banda desenhada, onde se inclui uma biografia na colecção “Mujeres Celebres”.
Apesar disso, ficou imortalizada como uma das mais célebres personagens femininas de Astérix, a rainha Cleópatra, a quem serviu – involuntariamente – de modelo. Aliás, mais tarde, Goscinny e Uderzo revelaram que a ideia para o livro, cuja capa original de 1965 é decalcada do cartaz do filme de Mankiewicz, surgiu exactamente após o visionamento da película, durante o qual se fartaram de rir. De Elizabeth Taylor, a Cleópatra de Astérix não herdou apenas o visual (incluindo “o nariz muito bonito”!), mas também os modos da actriz.
O sucesso da Cleópatra do celulóide, em 1963, interpretada por Elizabeth Taylor, deu origem a uma adaptação aos quadradinhos, feita na Argentina por autores desconhecidos, e a colagens ao tema mais ou menos evidentes, nos meses (e mesmo nos anos) seguintes, em histórias aos quadradinhos (e/ou nas capas) de títulos conhecidos como “Archie’s girl Betty and Veronica” #88, “Tales of Suspense" #44 (protagonizado pelo Iron man), “Adventure Comics” #291, "80pp Giant Lois Lane" #14, “Wonder Woman” #161 ou ”Rip Hunter Time Master”, este último um viajante do tempo que na edição #21 se cruza com a (também actriz) Lyz Traymore...
Mas, seria na BD que Elizabeth Taylor, casada oito vezes com sete homens diferentes, encontraria o homem dos seus sonhos, Herbie Popnecker, uma criação de Shane O’Shea e Ogden Whitney, em 1958, que foi estrela da revista “Forbidden Worlds”.

Feio, baixo e gordo, Herbie, que podia voar, tornar-se invisível ou falar com animais, entre muitos outros poderes que obtinha lambendo um chupa-chupa mágico (!), conquistou o coração da actriz na edição #116 mas deixou-a a suspirar por si, como ela fez a muitos homens ao longo da vida.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 24 de Março de 2011)

15/03/2011

Cinemax (2)

Para quem não viu na RTPN, aqui fica o excerto do programa Cinemax, do passado dia 12 de Março, no qual estive presente a propósito da estreia em Portugal do filme “As Múmias de Faraó – As Aventuras de Adèle Blanc-Sec”, dirigido por Luc Besson e baseado na banda desenhada homónima de Jacques Tardi.

10/03/2011

Cinemax


A pretexto da estreia portuguesa, hoje, do filme “As Múmias de Faraó – As Aventuras de Adèle Blanc-Sec”, de Luc Besson, - que pessoalmente aconselho - baseado na banda desenhada de Jacques Tardi, participei na gravação do programa Cinemax, nas suas duas versões (diferentes), na Antena 1 e na RTPN.
A versão áudio pode ser ouvida hoje, a partir das 23h12, com repetição dia 12, Sábado às 5h00 e às 18h00; quanto à versão televisiva, passa na RTPN, no próximo sábado, dia 12, às 20h30, repetindo dia 14, às 2h10.

18/02/2011

True grit

Christian Wildgoose (argumento - baseado no romance homónimo de Charles Portis e no argumento cinematográfico dos irmãos Cohen - e desenho)
Paramount (Fevereiro de 2011)

27 p., pb, digital

Apesar de True Grit já ter estreado nos EUA no final de 2010, só há dias é que a Paramount disponibilizou esta banda desenhada inspirada numa das cenas-chave da película dirigida pelos irmãos Cohen, ou seja, a tempo de o promover na maior parte dos países europeus, asiáticos e sul-americanos onde só agora estreia (como aconteceu ontem em Portugal, onde recbeu o título "Indomável").
Embora seja óbvio (e assumido) o intuito promocional da BD, a verdade é que ela funciona bem autonomamente, introduzindo os leitores no universo do filme, em particular dando a conhecer o Marshall Rooster Cogburn (interpretado por Jeff Bridges).
O seu autor é o britânico Christian Wildgoose, que conta que tudo começou quando editou no seu site um sketch da personagem de Bridges, feito após o visionamento do trailler do filme. De alguma forma a imagem chegou às mãos de um responsável da Paramount que o convidou para fazer desenvolver uma BD, partindo do filme.
Agora, estão disponíveis gratuitamente online duas dúzias de pranchas, apenas a preto e branco (e cinzento para realçar os volumes), nas quais Cogburn narra num tribunal como encontrou duas vítimas dos irmãos Wharton e partiu em sua perseguição. O traço de Wildgoose, duro e agreste, revela-se ideal para o tom duro e violento da trama, não se coibindo de mostrar algumas cenas mais fortes, e para retratar o cenário em que ela decorre, deixando sem dúvida o leitor desejoso de conhecer o resto da história…
Para isso, terá que ir ao cinema… ou esperar que Wildgoose seja convidado a desenhar o restante deste western.
O que não impede que este comic, também disponível em versão francesa, esteja nomeado para os Eagle Awards, nas categorias de “Best British Black and White Comic” e “Bets Letterer” (Jim Campbell).



(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Fevereiro de 2011)
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