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26/02/2021

Le Cri du Peuple



A Grande História

18 de Março de 1871.
Cercada há quatro meses pelos prussianos, Paris acorda sob a humilhante notícia da capitulação. Face ao desejo de armistício manifestado por Adolphe Thiers, chefe do governo, a população revolta-se contra as autoridades e, durante nove semanas, vai viver a aventura da auto-governação, rapidamente baptizada de Comuna de Paris.
Tomando como ponto de partida um romance de Jean Vautrin, Jacques Tardi fez deste evento um imenso fresco em banda desenhada, considerada por muitos a sua obra-prima.

13/06/2018

Aqui Mesmo


Contra os autores






Costuma dizer-se que uma obra, uma vez escrita - e também desenhada, no caso de uma BD - deixa de estar na posse do(s) seu(s) autor(es) e passa a pertencer aos seus leitores. Mesmo quando estes discordam expressamente daqueles...

19/03/2015

Foi assim a guerra das trincheiras







Pela quarta quinta-feira consecutiva, a Levoir disponibiliza com o jornal Público mais um volume da colecção Novela Gráfica.
Depois da abertura ‘norte-americana’, Foi assim a guerra das trincheiras é o terceiro tomo originário do mercado franco-belga. Assinado por Jacques Tardi, é um violento manifesto antimilitarista, que podem antever através do texto e das pranchas disponibilizados pela editora.

11/07/2011

Le Perroquet des Batignolles

#1 – L’Énigmatique Monsieur Schmutz
Michel Boujut e Jacques Tardi (argumento)
Stanislas (adaptação e desenho)
Dargaud (França, 17 de Junho de 2011)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
13,95 €


Resumo
Criado como folhetim radiofónico de sucesso, escrito por Michel Boujut, crítico de cinema recentemente falecido, e Jacques Tardi, autor de Adèle Blanc-Sec, e difundido entre 1997 e 1998 na rádio France Inter, este é um policial denso e rocambolesco em torno do mundo da rádio e da arte, semeado de referências, da literatura à música, do cinema clássico à banda desenhada, em especial a Hergé.



Desenvolvimento
Tudo começa com a morte de uma famosa cantora de ópera, Christina Volgesang, seguida da tentativa de assassinato de Edith, apresentadora do boletim meteorológico na rádio e companheira de Oscar Moulinet, técnico de som, que será o protagonista da história, no papel de detective amador. A uni-las há dois exemplares de uma pequena caixa de música com a forma de um pato dourado. No interior de cada um, como se há-de vir a descobrir, existe um fragmento de uma fita magnética, com uma mensagem gravada. As duas caixas de música – a par de diversas outras – foram enviadas a diversas pessoas por um conhecido falsário de arte, entretanto falecido.

Oscar, acompanhado de alguns amigos e de conhecimentos que vai fazendo, parte à procura de outros exemplares existentes, para tentar completar a mensagem neles escondida enquanto tenta descobrir o responsável pelo assassinato – e por outros que se seguirão.
Se este resumo soa vagamente familiar, a razão é a proximidade deste ideia aquela que serve de base a “Tintin e o Segredo da Licorne”, onde a pista para o tesouro do pirata Rackham o terrível, se encontra no interior de três miniaturas da caravela Licorne. Não um plágio, mas uma homenagem sincera a Hergé e à sua obra, alvo de múltiplas referências ao longo deste primeiro tomo, de que a poupa de Oscar é apenas mais um exemplo, deixando ao leitor o prazer de descobrir outras. Mas não só Hergé e a BD – Jacobs, Tillieux… - são citados em “Le Perroquet des Batignoles, já que o mundo da arte e da falsificação – tal como em “Tintin e a Arte-Alfa” – a rádio, o cinema clássico e a literatura são alvo de múltiplas referências nesta obra entre a nostalgia e a modernidade.

A história em si – apenas no começo pois são 5 os tomos previstos – é densa e bem trabalhada, aqui e ali rocambolesca, avança a um ritmo moderado – embora por vezes se torna trepidante quando a acção acelera - para dar tempo ao leitor de apreender tudo o que vai ser transmitido, mas prende e cativa, resultando bem e suscitando a curiosidade de ouvir como funcionou na sua versão radiofónica.
Como aspecto menos positivo poder-se-á apontar algum excesso de balões de texto, que sobrecarregam as pranchas e não permitem desfrutar tão bem da arte de Stanislas (um dos co-fundadores de L’Association), que – não por caso, acredito – foi o desenhador de “As Aventuras de Hergé”, uma biografia não autorizada do pai de Tintin, que teve edição portuguesa da MaisBD. Dono de uma linha clara, algo estilizada, muito legível e agradável, Stanislas mostra-se à vontade quer no tratamento da figura humana, quer nos cenários urbanos de Paris do final do século XX, quer no retrato da Bretanha onde a natureza impera.

No final deste tomo, Oscar e os seus amigos, após inúmeras peripécias, atentados e investigações, apesar de já terem reunido alguns dos patos dourados existentes, pouco parecem ter avançado na investigação (e na história…), até porque a pista aparentemente mais evidente, possivelmente será falsa como mandam as regras que norteiam qualquer bom policial. Resta esperar pelos próximos volumes – Stanislas promete o próximo para daqui a… um ano e meio - para confirmar – ou não - as suas (e as nossas) suspeitas.

A reter
- A trama densa e bem delineada.
- A presença constante de Hergé e da sua obra, numa bela homenagem ao pai de Tintin.
- O traço de Stanislas, mais um cultor de linha clara a que não consigo resistir.

Menos conseguido
- Algum excesso de texto, embora perceba que seria difícil transmitir toda a informação necessária sem o utilizar, já que a única alternativa, possivelmente inviável do ponto de vista comercial (e criativo?) seria estender a obra por alguns volumes mais…
- Alguma falta de consistência no tratamento de Oscar, o protagonista, bem menos interessante do que alguns dos secundários, como a sua companheira Edith ou Patafoin, a sua filha.

15/03/2011

Cinemax (2)

Para quem não viu na RTPN, aqui fica o excerto do programa Cinemax, do passado dia 12 de Março, no qual estive presente a propósito da estreia em Portugal do filme “As Múmias de Faraó – As Aventuras de Adèle Blanc-Sec”, dirigido por Luc Besson e baseado na banda desenhada homónima de Jacques Tardi.

10/03/2011

Cinemax


A pretexto da estreia portuguesa, hoje, do filme “As Múmias de Faraó – As Aventuras de Adèle Blanc-Sec”, de Luc Besson, - que pessoalmente aconselho - baseado na banda desenhada de Jacques Tardi, participei na gravação do programa Cinemax, nas suas duas versões (diferentes), na Antena 1 e na RTPN.
A versão áudio pode ser ouvida hoje, a partir das 23h12, com repetição dia 12, Sábado às 5h00 e às 18h00; quanto à versão televisiva, passa na RTPN, no próximo sábado, dia 12, às 20h30, repetindo dia 14, às 2h10.

18/10/2010

Adèle Blanc-sec , vol. 1

Jacques Tardi (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Setembro de 2010)
225 x 300 mm, 96 p., cor, cartonado


Adèle Blanc-sec é um dos casos estranhos em que a edição de banda desenhada é fértil em Portugal.
Lançada originalmente pela Bertrand, no final da década de 70 do século passado, era uma série que destoava num catálogo em que imperava a BD juvenil de aventuras, o que não impediu a edição dos quatro primeiros tomos (correspondentes aos dois primeiros arcos das aventuras de Adèle Blanc-sec) em apenas dois anos, volumes que durante muitos anos se encontravam com facilidade em livrarias e alfarrabistas.
Anos depois, em 2003, a Witloof acabada de surgir, surpreendia por voltar a apostar numa obra já editada, de um autor que não era propriamente um nome de referência no nosso país e cuja bibliografia nacional praticamente não tivera continuidade (com excepção de “A Sacanice”, surpreendentemente lançada pela Terramar em 2000, e de “Varlot Soldado”, da Polvo, em 2001). Com uma edição ligeiramente maior, com nova tradução e capas pouco diferentes, apenas com a imagem original ampliada, a Witloof ficou-se pela (re)edição dos três primeiros volumes.
Agora, é a ASA que volta a esta obra emblemática de Tardi, à boleia de um filme que - ao que parece infelizmente - não se sabe se e quando vai estrear em Portugal. A tradução e a capa (uma montagem) são novas mais uma vez, surgindo também como novidade a compilação das duas primeiras histórias (Adèle e o Monstro e O Demónio da Torre Eiffel, correspondentes ao primeiro arco) num único volume. E a certeza (tanto quanto é possível assegurá-lo neste momento) de que mais dois volumes, com os tomos 3/4 e 5/6 (estes até hoje inéditos em português) serão editados durante 2011. A faltar, para encerrar o primeiro ciclo de Adèle, ficará o álbum “Tous les Monstres”, bem como duas derivações à série: “Adieu Brindavoine” e “La fleur et le fusil”.
A verdade é que nada do que para trás fica escrito põe em causa o interesse ou a qualidade da obra de Tardi, um dos grandes nomes da BD francófona das últimas quatro décadas, quer com esta Adèle, quer com as suas adaptações de clássicos policiais franceses ou de episódios históricos. Como denominador comum a todas elas, a presença de Paris como local central da acção, uma Paris revisitada e retratada com mestria, rigor e paixão ao longo de várias épocas. Porque mesmo que o traço de Tardi seja semi-caricatural, no que ao tratamento da figura humana diz respeito, revela-se perfeito para pôr no papel os cenários reais que as personagens teriam calcorreado se tivessem realmente existido no tempo em que o autor as coloca.
Mesmo assim, no conjunto da sua obra, Adèle Blanc-sec destaca-se pelo tom fantástico e irónico que perpassa as suas páginas.
Fantástico, porque na origem destas rocambolescas histórias está um pterodáctilo ressuscitado por pseudo-cientistas e uma seita de adoradores de um demónio assírio, em pleno coração da França. E uma trama longa e retorcida (e pontualmente difícil de acompanhar, tantas são as personagens envolvidas e as peripécias apresentadas), repleta de referências, em que abundam conspirações, perseguições e tiros.
Irónico, porque a par daquela trama densa, Tardi diverte-se – nitidamente – a criticar de forma mordaz polícias e políticos, a guerra e a ciência, autores (como ele próprio) e (os seus) heróis, de forma bem conseguida e irresistível. Ao mesmo tempo que brinca com a (sua) história e as situações, numa narrativa que adopta o estilo dos folhetins do início do século XX, o que a torna a um tempo estranha mas também apetecível e, por isso, bastante recomendável, sendo sem dúvida uma bela homenagem à literatura popular!
Como (triste) nota final, fica a confirmação que a edição de “integrais” em Portugal (que, ao contrário da maior parte das edições similares de clássicos francófonos ou americanos, continuam a ter custos relativos a tradução e balonagem e a pagar direitos de autor) é financeiramente pouco vantajosa para o leitor, apesar do preço do actual tomo com dois álbuns (21,70 €) ficar abaixo do que custariam dois livros isolados.
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