Nicolas Débon (argumento e desenho)
Dargaud (França, Maio de 2009)
242 X 320 mm, x p., cor, capa cartonada
Resumo
Há 99 anos, iniciava-se a 8ª Volta à França em Bicicleta, a primeira a levar os ciclistas aos Alpes e aos Pirinéus. A sua história, de forma ficcionada, é recontada em “Le Tour des Géants”, uma BD editado em França pela Dargaud.
Desenvolvimento
O tiro de partida teve lugar a 3 de Julho, no Pont de la Jatte, à noite, e foram 110 os ciclistas que lá se apresentaram, entre os quais os principais favoritos: Faber, “Tatave” Lapize (que viria a vencer), Garrigou ou Petit-Breton. Partiram para três duras semanas em cima das suas bicicletas, bem diferentes das apuradas máquinas que os atletas hoje utilizam, apesar de este ser um “Tour” marcado pelas inovações técnicas, entre as quais travões (“às vezes mesmo dois”), uma alavanca de velocidades que permitia mudar entre as duas disponíveis sem “pôr o pé no chão” e a redução de peso das bicicletas, algumas das quais “não passavam os 13 quilos”! Ao fim dos 4735 quilómetros da prova, percorridos em 28 dias e 15 etapas, algumas com mais de 400 quilómetros (!), chegaram apenas 41 destes verdadeiros “gigantes” da estrada.
Estas informações, que podem ser lidas nas primeiras pranchas desta obra de Nicolas Débon, nascido na Lorraine em 1968, formado em belas-artes e que hoje se dedica exclusivamente à ilustração e à BD, mostram o seu lado rigoroso e documental, que é equilibrado com apontamentos de humor que atenuam o seu peso.
No entanto, é antes de tudo dos homens que fala esta bela banda desenhada, feita a traço firme, semi-realista e elegante, e pintada com cores suaves, em tons de azul, cinzento e sépia, que definem locais e ambientes. É o lado humano dos ciclistas, a forma como ultrapassaram obstáculos naturais – chuva, frio, neve, quedas, estradas quase inexistentes - em épicos duelos com a natureza, mecânicos – avarias que eles próprios tinham que reparar (o vencedor terminou uma etapa em cima da jante!) -, pois esta era uma prova à qual não se aplicava o conceito de equipa, e humanos – ameaças, sabotagens, alimentação mal doseada -, a forma como se ultrapassaram a si próprias, aos seus medos e limitações, que constitui o essencial de um relato que prende e empolga, tanto os aficionados do ciclismo quanto o leitor normal.
A reter
- A boa convivência entre as vertentes documental e ficcional do álbum.
- Os tons utilizados para o colorir.
(Versão revista do texto publicado a 4 de Julho de 2009 no Jornal de Notícias)
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