Há 50 anos,
surgia no jornal Folha de São Paulo uma nova personagem criada por Maurício de
Sousa: mal-encarada, de coelhinho de peluche ao colo, precisou apenas de duas
vinhetas para dar com ele no Cebolinha; era a primeira afirmação de força da
Mônica!
Quando
surgiu já existiam o Bidú, o Franjinha, o Cebolinha ou o Cascão, mas ela – que
então era irmã do Zé Luís – destacando-se no seu vestido (que se viria a
revelar) vermelho, impôs-se rapidamente, pela força do seu carácter… e dos seus
punhos! Por isso não surpreende que quando Maurício de Sousa lançou a primeira
revista com os seus heróis, em 1970, fosse o seu nome a aparecer como título e
hoje a Turma seja sua!
Inspirada
numa das filhas do criador de quadradinhos, a Mônica de papel, tal como a
verdadeira, transportava para todo o lado o seu coelhinho de peluche, que
frequentemente serve de arma de arremesso contra os rapazes, em especial o
Cebolinha que giza os mais (in)falíveis planos para se apoderar dele e dar-lhe
nós nas orelhas.
Em torno
dela e do Cebolinha, do Cascão e da Magali, os seus amigos chegados – a amizade
continua a ser o sentimento que predomina e move a Turma da Mônica – Maurício
desenvolveu um significativo império aos quadradinhos que produz de um milhar
de novas páginas por mês, vende cerca de dois milhões de revistas e é conhecido
– e publicado – em dezenas de países.
Para além
das aventuras quotidianas no acolhedor Bairro do Limoeiro, Mônica esteve ao
serviço de muitas causas sociais, deu a cara em campanhas educativas,
protagonizou adaptações de êxitos da literatura e do cinema, brilhou em
desenhos animados e, em 2007, foi a primeira personagem de ficção a tornar-se
embaixatriz da Unicef.
Para
assinalar condignamente esta data, foi criado um site oficial e, no Brasil, vão surgir edições especiais (incluindo dois volumes com todas as
capas das suas revistas e um livro que a mostrará retratada por 150 desenhadores
e ilustradores de todo o mundo), brinquedos, jogos, merchandising, selos de
correio, uma nova versão do musical “Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e
Julieta” e a exposição “Mônica 50 anos” (São Paulo) que traça o percurso da
personagem por meio de originais, animações e esculturas e que inclui o coelhinho
original da filha de Mauricio.
E se esta é
hoje uma mulher crescida, a sua homónima de papel também cresceu, tornou-se
jovem, deixou o mundo terno da infância, descobriu universos fantásticos e
também algumas das alegrias e agruras da vida: escola, namoro, zangas, ciúmes,
dúvidas, temores, incertezas… E cresceu mais, casou (na Turma da Mônica Jovem
#50, actualmente nas bancas e quiosques portugueses), qualquer dia será mãe, vai
ter de escolher profissão… Viver no nosso mundo real, para orientar e mostrar
caminhos aos que continuam a acompanhá-la.
Ou talvez
não; talvez essa seja uma outra Mônica – com outros encantos e capacidades de
sedução – porque a primeira, a original, aquela que conhecemos há mais anos - e
nós podemos estar (mais) velhos, mas ela está na mesma! – continua baixinha,
gorducha e dentuça – mesmo cinquentona! – amiga dos seus amigos mas sempre
pronta a dar coelhadas aos que passam os (seus) limites.
Parabéns
Mônica!
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias
de 3 de Março de 2013)
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