03/03/2013

Baixinha, gorducha, dentuça e… cinquentona














Há 50 anos, surgia no jornal Folha de São Paulo uma nova personagem criada por Maurício de Sousa: mal-encarada, de coelhinho de peluche ao colo, precisou apenas de duas vinhetas para dar com ele no Cebolinha; era a primeira afirmação de força da Mônica!

Quando surgiu já existiam o Bidú, o Franjinha, o Cebolinha ou o Cascão, mas ela – que então era irmã do Zé Luís – destacando-se no seu vestido (que se viria a revelar) vermelho, impôs-se rapidamente, pela força do seu carácter… e dos seus punhos! Por isso não surpreende que quando Maurício de Sousa lançou a primeira revista com os seus heróis, em 1970, fosse o seu nome a aparecer como título e hoje a Turma seja sua!
Inspirada numa das filhas do criador de quadradinhos, a Mônica de papel, tal como a verdadeira, transportava para todo o lado o seu coelhinho de peluche, que frequentemente serve de arma de arremesso contra os rapazes, em especial o Cebolinha que giza os mais (in)falíveis planos para se apoderar dele e dar-lhe nós nas orelhas.
Em torno dela e do Cebolinha, do Cascão e da Magali, os seus amigos chegados – a amizade continua a ser o sentimento que predomina e move a Turma da Mônica – Maurício desenvolveu um significativo império aos quadradinhos que produz de um milhar de novas páginas por mês, vende cerca de dois milhões de revistas e é conhecido – e publicado – em dezenas de países.
Para além das aventuras quotidianas no acolhedor Bairro do Limoeiro, Mônica esteve ao serviço de muitas causas sociais, deu a cara em campanhas educativas, protagonizou adaptações de êxitos da literatura e do cinema, brilhou em desenhos animados e, em 2007, foi a primeira personagem de ficção a tornar-se embaixatriz da Unicef.
Para assinalar condignamente esta data, foi criado um site oficial e, no Brasil, vão surgir edições especiais (incluindo dois volumes com todas as capas das suas revistas e um livro que a mostrará retratada por 150 desenhadores e ilustradores de todo o mundo), brinquedos, jogos, merchandising, selos de correio, uma nova versão do musical “Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e Julieta” e a exposição “Mônica 50 anos” (São Paulo) que traça o percurso da personagem por meio de originais, animações e esculturas e que inclui o coelhinho original da filha de Mauricio.
E se esta é hoje uma mulher crescida, a sua homónima de papel também cresceu, tornou-se jovem, deixou o mundo terno da infância, descobriu universos fantásticos e também algumas das alegrias e agruras da vida: escola, namoro, zangas, ciúmes, dúvidas, temores, incertezas… E cresceu mais, casou (na Turma da Mônica Jovem #50, actualmente nas bancas e quiosques portugueses), qualquer dia será mãe, vai ter de escolher profissão… Viver no nosso mundo real, para orientar e mostrar caminhos aos que continuam a acompanhá-la.
Ou talvez não; talvez essa seja uma outra Mônica – com outros encantos e capacidades de sedução – porque a primeira, a original, aquela que conhecemos há mais anos - e nós podemos estar (mais) velhos, mas ela está na mesma! – continua baixinha, gorducha e dentuça – mesmo cinquentona! – amiga dos seus amigos mas sempre pronta a dar coelhadas aos que passam os (seus) limites.
Parabéns Mônica!

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Março de 2013)



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