Quatro anos depois, a primeira observação que se (me) impõe
é que a Comic Con tornou-se um hábito. Um acontecimento - uma festa, arrisco
sem problemas - em que importa estar, independentemente do que lá se vai encontrar,
independentemente de quem lá vai estar.
Embora, paradoxalmente, seja importante quem lá está.
E foi neste aspecto - os convidados - e - mais ainda - no dia em que estiveram presentes - que a Comic Con começou a elevar a sua fasquia e conseguiu ultrapassar uma inacreditável marca de cem mil visitantes. 100.748, para ser exacto.
E foi neste aspecto - os convidados - e - mais ainda - no dia em que estiveram presentes - que a Comic Con começou a elevar a sua fasquia e conseguiu ultrapassar uma inacreditável marca de cem mil visitantes. 100.748, para ser exacto.
Porque, mesmo com um cartaz menor em Cinema & TV -
leia-se sem grandes vedetas e sem vedetas das séries da moda… - a deslocação
para domingo - por vontade própria ou agenda dos convidados - fez com que este
dia, embora inferior ao ‘sábado de todas as enchentes’ tivesse uma frequência
bem superior aos anos anteriores. A presença única de Kristin Vangness, Clark
Gregg e, principalmente, Daniela Ruah, chamaram muita gente ao último dia. O
painel desta última esteve lotado e a fila para as fotos autografadas (pagas…)
foram as maiores da edição deste ano.
Como tem acontecido desde há quatro anos, o cartaz de BD -
comparativamente, claro - era superior ao de Cinema & TV. Embora sejam
estes últimos, naturalmente, que fazem a diferença. Hermann e Giorgio Cavazzano
são dois grandes senhores, dois nomes míticos - e revelaram-se atenciosos e
disponíveis para os fãs. Para eles as filas foram relativamente pequenas para o
seu prestígio e qualidade? Ainda bem para quem lá foi. Aliás, a situação
repetiu-se para quase todos os autores, independentemente de serem portugueses
ou estrangeiros, com uma excepção: a dupla Filipe Melo e Juan Cavia. Bendis fez
falta? Sem dúvida. Mas note-se que foi o único cancelamento - bem justificado…
- deste ano…
Para quem, como eu, a Comic Con é antes do mais uma
oportunidade para encontrar/conhecer autores, a edição deste ano correu muito
bem, tendo sido fácil ‘saltar de fila em fila’ para conseguir um autógrafo, um
desenho, dois dedos de conversa, dentro de um mesmo horário. Mas sinal de que
foram poucos os que os procuraram…
A organização tem defendido a BD (quase) com ‘unhas e
dentes’. Sim. Uma Comic Con sem BD não faz sentido? Não. Mas sem a BD, a Comic
Con teria o mesmo impacto, o mesmo sucesso. Algo que deve fazer pensar quem
esteve - Casa da BD, Devir, Goody, Kingpin Comics (sendo que em nenhum destes
stands era exclusivamente de BD, embora o da Goody, bem-sucedido, andasse lá muito
perto) - e principalmente quem esteve ausente.
O número de visitantes subiu também graças à nova modalidade
de entrada de uma criança grátis com um adulto pagante e pela atracção que
constituiu a presença (bem-sucedida) de vários youtubers. Os dois aspectos
contribuíram para baixar - significativamente digo eu - a média etária dos
visitantes e também para fazer crescer o seu número. É com eles - e para eles -
que a Comic Con pode crescer.
Em termos logísticos, correspondendo a críticas recorrentes,
houve melhorias sensíveis - circulação para os auditórios, localização do
Artists Alley e da zona de autógrafos de Comics & Literatura. O auditório
desta última zona era melhor que o de anos transactos - embora nem sempre imune
ao ruído ambiente - mas tinha o senão de ficar localizado ‘longe de tudo’.
Quem regressa à Comic Con sabe o que o/a espera. O
merchandising, os auditórios com os painéis, os autógrafos, a zona de
videojogos - sempre muito concorrida. E sabe também - os visitantes de uma
forma geral sabem - que as filas (em certos horários) são inevitáveis. Para as vedetas, para a
alimentação, para o multibanco, para as atracções. Mas a ida com amigos, a
animação do cosplay, a emoção dos jogos em directo, a proximidade de algumas
vedetas, as fotos recorrentes, transformam em festa e diversão o que podia
causar um e outro problema.
Falta renovação - ou ofertas diferentes? Sim, sem dúvida,
mas isso não pode ser imputado à organização. Ou só à organização. A indústria -
vamos considerar o termo genérico e abrangente… - tem de fazer a sua parte. Tem
de procurar entendimentos, tem de dar para receber, tem de se envolver para a
proveitar a concentração n um mesmo espaço de cem mil potenciai interessados
nos seus produtos. Embora tenha obviamente de fazer contas, pesar os prós e os
contras e optar. A eventual mudança para Lisboa poderá fazer alguma diferença? Eventualmente
sim, especialmente porque poderá reduzir alguns custos logísticos, nas acredito
que a Comic Con pode existir e continuar a ser um êxito sem sair da Exponor e
de Matosinhos.
Onde espero que continue.
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua
extensão)
Primeira análise séria ao evento que leio, única que não debita o texto ensaiado do costume. Parabéns! Concordo no geral, mas parece-me que o evento precisa de um espaço maior para crescer, o que bem ou mal só existe em Lisboa. O ruído de uns auditórios para os outros, o isolamento inexistente, e a confusão de entrada para as sessões de autógrafos e auditórios é incomportável num evento que pretende ser sério. Para termos uma noção de envergadura, a comic con tem mais participantes que a web summit... alguém imagina a web summit na exponor?
ResponderEliminarTer pouca gente nas filas dos autógrafos é bom para os caça-autógrafos, mas reflete a falta de procura/interesse/público, para essa actividade.
ResponderEliminarTemos opiniões tããããão diferentes... :)
https://www.youtube.com/watch?v=lIx4G2_4T8M