Olhar para trás
Nunca fui leitor Marvel regular durante o tempo em que poderia ter sido agarrado pelo género, a adolescência e juventude; nessa época fiz apenas leituras esparsas de super-heróis e só mais tarde, por uma questão de conhecimento geral de banda desenhada, procurei suprir essa minha lacuna.
Fi-lo em obras aconselhadas ou mais mediáticas e tentei entrar no universo imenso, diversificado e a muitos níveis maravilhoso, fazendo jus ao seu epíteto. No entanto, nunca coloquei os dois pés nele, assustado e repelido pelas cronologias infindáveis e os sucessivos recomeços que mortes e ressurreições implicam.
Apesar disso, ao longo dos anos, uma e outra vez caí na armadilha dos recomeços, do partir do zero - ou do #1 - deixando-me acreditar que desta vez seria diferente. A nova revista O Espetacular Homem-Aranha que tem chegado às bancas portuguesas ultimamente, é o exemplo mais recente, embora aqui o recomeço numeral conviva com a manutenção da numeração anterior...
Confesso que fui também atraído pelo traço de John Romita Jr. - cada vez mais refém dos seus maniqueísmos… - e que reencontrei não a (re)novidade que esperava, mas uma continuidade sinceramente não desagradável mas também não especialmente sedutora - ao contrário do inenarrável Aranhaverso que fecha - ocupamdo quase metade - cada número da publicação, com aventuras dos ‘aranhas’ mais absurdos que possam imaginar - ou talvez não…
Lida a primeira mão cheia de exemplares da nova edição (brasileira), guardo como principal motivo de interesse (na verdade um interregno na cronologia que estava a ser seguida) este número #4 - correspondente à Amazing Spider-Man #900 [se ela não tivesse voltado a zero algumas vezes…] -, pelo curioso reencontro de Peter Parker/Homem-Aranha com alguns dos seus primeiros adversários, numa narrativa com algumas variações bem conseguidas, que a tornam mais estimulante e atenuam o branco/negro da tradicional dualidade herói/vilão.
Mas, desta nova versão - talvez devesse ter escrito ‘recauchutagem’ - guardo principalmente, numa ode à imortalidade do herói Peter Parker (?), já não adolescente mas jovem adulto, a forma como ele encontra, como aliados ou adversários, os filhos (e netos) dos seus inimigos primordiais, mostrando que o tempo não passa - ou passa devagar… - pelos heróis, embora possa afectar os que os tentam derrubar.
Em tempo útil
Com este texto já adiantado, ao pegar na mais recente edição distribuída em Portugal de Miles Morales Homem-Aranha, em que Saladim Ahmed conclui a sua positiva passagem pelo título, fiquei profundamente desiludido ao ler o seu resumo, onde se afirmava que (esta versão d)o herói aracnídeo iria mergulhar no (tal) multiverso.
Contrariada a aversão, descobri uma história simples, sem grandes ambições para lá de divertir e fazer passar um bocado agradável, em que mais uma vez surgem como pretexto e tema central a luta pela liberdade, a amizade e a superação pessoal, num universo em que as personagens que (re)conhecemos estão longe de ser o que sabemos.
E que traz como bónus, no final, o regresso narrativo ao quotidiano banal do jovem negro transformado em homem-aranha, mostrando o que eu mais aprecio n(est)as suas histórias, o modo como a sua vida consegue ser simples, banal e (quase) realista
O
Espetacular Homem-Aranha #4/#48
Inclui
Amazing Spider-Man #6 (EUA, 2022)
Vários
autores
Brasil,
Março de 2023
Actualmente
distribuído em Portugal
170
x 260 mm, 96 p., cor, capa cartão
R$
29,90/8,00€
Miles
Morales/Homem-Aranha #7
Inclui
Miles
Morales: Spider-Man #37-#42
(EUA,
2019)
Vários
autores
Brasil,
Abril
de 2023
Actualmente
distribuído em Portugal
170
x 260 mm, 144
p., cor, capa cartão
R$
29,90/10,60€
(capas disponibilizadas pela Panini; prancha disponibilizadas pela Marvel; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
O miles tem um final de run fraco,o clone nem uma cidade conseguiu conquistar,o plot do volume 2 foi esquecido....Quanto ao Peter vale mais pela arte e ainda não chegou ão pior os tie ins de Dark web,o inferno 2.1
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