Colecção
Rivages/Casterman/Noir
Léonard Chemineau (argumento e desenho)
James Carlos Blake (romance original)
Casterman (França, 14 de Março de 2012)
185 x 260 mm, 128 p., cor, brochado com badanas
18,00 €
Resumo
México 1910. Em plena guerra civil, este romance desenhado
acompanha o percurso de Pancho Villa e dos seus amigos, divididos entre os
ideais da revolução e uma vida animada por tiros, mulheres e pilhagens.
Desenvolvimento
Esta é a primeira banda desenhada de fôlego escrita e
desenhada por Léonard Chemineau. E o mínimo que se pode dizer é que se trata de
uma bela estreia.
Nascido em 1982, engenheiro de formação, Chémineau foi descoberto
no concurso de Jovens Talentos de 2009 do Festival de Angoulême e nesta obra de
estreia justifica bem a aposta nele feita.
O traço, um pouco sujo, entre o semi-realista e o
caricatural, revela-se surpreendentemente maduro e cativante e demonstra da
parte do autor um grande à-vontade no tratamento da figura humana e de todo o
tipo de cenas necessárias para a história que escolheu contar, assentando numa
planificação de matriz tradicional mas dinâmica graças à sua agilidade intrínseca
e ao uso variado de pontos de vista. Para isso contribui também o agradável
colorido das pranchas, em que predominam os tons lisos e fortes que ajudam a
compor a quente e opressiva atmosfera mexicana.
O ponto de partida para esta incursão na conturbada revolução
mexicana que abalou aquele país (e o vizinho Estados Unidos) no início do
século XX, é o romance homónimo do mexicano James Carlos Blake que, mais do que
debruçar-se sobre os ideais revolucionários, as questões políticas ou as precárias
condições de vida que moviam os mexicanos em busca de um futuro melhor e mais
justo – ou só diferente? – opta por acompanhar Pancho Villa e os seus
homens-de-mão - com destaque para Rodolfo Fierro (que tinha a certeza que não morreria
a mãos humanas…) - nos seus raides pelas
zonas dominadas pelos adversários, em acções violentas que, apesar das
aparentes motivações políticas, pareciam ter como único fim o saque, a pilhagem,
belas mulheres e muito álcool, ou seja tudo o que é necessário para vidas com
adrenalina a rodos, longe de julgamentos morais e à margem de equilíbrios
feitos tendo por base os conceitos de bem e de mal.
Surpresas, traições, golpes bem-sucedidos, desilusões,
amizade e um grande desapego à vida humana, são também os condimentos de uma
história que ganha laivos de credibilidade, pelas referências históricas que
vão sendo introduzidas, e de humanidade, pelos sucessivos flashbaks que ajudam a
conhecer melhor os protagonistas, o seu passado e as suas motivações.
A reter
- A qualidade gráfica e narrativa desta obra que marca a
estreia de Léonard Chemineau, um autor que, acredito, ainda vai dar muito que
falar.
- A forma como o autor consegue tornar credíveis e humanos
personagens que parecem mais simples heróis de BD.