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01/09/2011

Loustal – Livre à colorier

Collection Univers d'auteursJacques de Loustal
Casterman (França, 24 de Agosto de 2011)
211 x 281 mm, 11
2 p, pb, brochado
15,00 €

Os (já) muitos anos que levo a escrever sobre banda desenhada têm-me proporcionado com (agradável) frequência boas surpresas quando o carteiro me toca à porta. Este álbum, recebido sem contar, é mais um desses casos.
Impossível de imaginar no contexto da edição de BD em Portugal – e, francamente, em quase todos os outros países, com raras excepções – constituiu quase um piscar de olhos de um autor cuja carreira e percurso aos quadradinhos tem como uma das principais marcas o (bom) uso da cor.
Passo a explicar: este álbum, um livro de arte, não uma banda desenhada, recolhe cerca de uma centena de desenhos a preto e branco de Jacques de Loustal (um dos convidados do último Festival Internacional de BD de Beja).
Desenhos soltos, de temáticas diversificadas, por onde passam paisagens urbanas, marítimas e campestres, vulgares ou exóticas, e personagens, muitas personagens. Escritores, leitores, pintores e modelos (voluntários ou não…), músicos, desocupados e viajantes, polícias e gangsters, casais e solitários, gente apaixonada, gente junta, gente afastada… Desenhos emotivos, apaixonados, sentidos ou apenas retratos fixados num momento de inspiração. Exemplos diversos e heterogéneos da arte de um autor (re)conhecido que, reconheço, mostram que a (sua) opção pela cor serviu, sem dúvida, para os valorizar – muito, em muitos casos.
Não deixando de ser uma proposta curiosa, especialmente recomendável para os fãs de Loustal, que nelas poderão (re)descobrir os universos e temas que mais lhe são próximos, pode também servir de desafio a aspirantes a coloristas, que se atrevam a comparar as suas opções cromáticas com as que aquele autor francês (tão bem) nos tem proporcionado ao longo da carreira.

26/08/2011

Chevalier Ardent #20

Les Murs qui saignent
François Craenhals (argumento e desenho)
Casterman (França, Setembro de 2001)
48 p., cor, cartonado
8,54 €

Durante muitos anos foram uma instituição dentro da banda desenhada francófona e era impensável fazer uma história sem eles. Falo dos heróis clássicos, os invencíveis, defensores do bem, inimigos do mal, capazes de saírem incólumes das situações mais complicadas, de vencerem os vilões mais retorcidamente maquiavélicos.
Em Portugal, pelo menos duas gerações deram os seus primeiros passos nos quadradinhos na revista Tintin (1968-1982). Nomes como Ric Hochet, Bernard Prince, Tounga, Luc Orient, Bruno Brazil ou Comanche, evocam boas memórias, sustos enormes, alívios imensos, recordações da infância, incontornáveis, inesquecíveis.
Um desses heróis, o Cavaleiro Ardente, atinge agora os 20 álbuns, com "Les Murs qui saignent", no qual François Craenhals, da forma que já conhecemos, desenvolve na Idade Média uma narrativa que combina acção e mistério, na qual conduz Ardent e Gwendoline na descoberta do segredo que envolve a morte da rainha Marmande.
Mas se os heróis e as técnicas narrativas são as mesmas, hoje olhamo-los com outros olhos. Mais críticos, mais realistas, menos capazes de se maravilharem, de se deslumbrarem. Por isso, às vezes os reencontros são penosos. Porque reparámos em personagens desproporcionados, em incongruências temporais, em respostas que ficam por dar, em soluções que deixam a desejar.
Mas quando ultrapassamos isso, quando pomos de lado o olhar crítico da maturidade, da responsabilidade (de alguma idade?) são como velhos amigos que revemos ao fim de anos de separação. Sabemos que não vão trazer nada de novo, que estão exactamente na mesma, que (quase) não mudaram, (quase) não envelheceram, que mantêm os mesmos ideais.
Olhamos para eles com nostalgia, perdoamos (todas?) as fraquezas, as coisas que só podem acontecer numa banda desenhada (e elas também existem para isso), só pela alegria do reencontro. E, por isso, continuam a alimentar os nossos sonhos. Nem que sejam os sonhos mais antigos, do tempo em que eles ainda eram mais fortes do que a realidade que nos envolvia.

(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 23 de Outubro de 2001)

02/05/2011

La frontière invisible, tome 1

Les Cités Obscures
Benoit Peeters (argumento)
François Schuiten (desenho)
Casterman (França, Abril de 2002)
235 x 305 mm, 64 p., cor, cartonado com sobrecapa, 13,50 €


Foi há já 20 anos que foi colocada a primeira pedra das "Cidades Obscuras". Os seus "artífices" são François Schuiten e Benoit Peeters que, "mais do que uma série”, as preferem definir como “a descrição progressiva de um universo...". Um universo desvendado álbum após álbum, "como se descobre um esqueleto enterrado na areia de que não se conhece a forma completa!".
O mais recente elemento, "La frontière invisible, tome 1" (Casterman, cor, 64 p.) é "uma história que começa com a chegada ao Centro de Cartografia de Sodrovno-Voldachie, de Roland, um jovem brilhante que se empenha nas suas tarefas, subindo rapidamente na hierarquia. Ao mesmo tempo, trava conhecimento com Schkodrá, uma bela e jovem prostituta, que se recusa a despir para não revelar o mapa traçado no seu próprio corpo.
Enquanto assistimos à transição de Roland da adolescência para a idade adulta, sentimos que tudo começa a mudar quando modernos aparelhos são trazidos para substituir os meios artesanais existentes e o Centro é visitado pelo marechal Radisic, o dirigente supremo do país, cuja política expansionista, assente na velha máxima de que o fim justifica todos os meios, o que põe em causa o equilíbrio existente nas Cidades Obscuras.
Mais uma vez, a história contada é simbólica, usando tempos e lugares incertos, para falar de realidades recentes como o nacionalismo ou a utilização política da história e da geografia como instrumentos bélicos.
Lembra Schuiten, que mais uma vez associa ao seu traço fino e pormenorizado, uma belíssima utilização da cor, que "uma fronteira é a linha que separa um território de outro, mas é também o que os divide!"

P.S. - Diz-se que a realização de um homem passa por três aspectos: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Saltando a questão da árvore, escrever, depois (ou a par) de várias experiências, tenho-o feito regularmente aqui, nas páginas do JN, não livros, mas sobre livros que li e tenho a oportunidade de partilhar. O filho, nasceu há dias. E é a ti, Daniel, que dedico este texto. Espero que a leitura dos livros que vou destacando, te venha a dar pelo menos tanto prazer como deu a mim, te faça transpor fronteiras, desbravar horizontes e despertar a imaginação, num tempo em que a leitura é, infelizmente, uma actividade cada vez menos praticada.


(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 7 de Maio de 2002, a propósito do nascimento do meu primeiro filho, Daniel, a 2 de Maio)


Nove anos depois: parabéns Daniel!


Nota
Este álbum, primeiro de um díptico concluído dois anos mais tarde, seria editado em português pela Witloof, em Outubro de 2002, com o título “A Fronteira Invisível – Tomo 1”, existindo também uma edição da Casterman que compila os dois tomos que constituem a história.

03/03/2011

Les Nuits Assassines

J.-M. Goum (argumento)
Byun Ki-hyun (desenho)
Casterman (França, 11 de Março de 2009)
170 x 240 mm, 168 p., cor, brochado com badanas, 16 €


Resumo
Na região dos Alpes austríacos, no início dos anos 70, uma pequena povoação é abalada pela morte súbita de Axel Neunhöffer, um homem saudável acabado de completar 36 anos. Precisamente da mesma forma e com a mesma idade com que o seu pai faleceu.
Mas esta é apenas a primeira de uma série de mortes inesperadas na família, cuja razão – doença hereditária? maldição? assassino em série? – as autoridades locais e um jornalista em busca de projecção pessoal vão tentar descobrir.

Desenvolvimento
Na origem deste livro um pressuposto: criar uma obra que fizesse a ponte entre duas culturas (aos quadradinhos): a ocidental (leia-se franco-belga), representada pelo argumentista J.-M. Goum, diplomado em comunicação, com passagens pelo jornalismo e pela organização de espectáculos, e a asiática, na pessoa do desenhador Byun Ki-hyun, pertencente à nova geração coreana.
A existência deste ponto de partida, após a leitura da obra, obriga a uma primeira constatação: mais do que a soma de duas partes, Les Nuits Assassines revela duas formas distintas de narrar graficamente: a estrutura narrativa, o ritmo e a planificação são tipicamente ocidentais; o traço está mais próximo do anime semi-realista, sem recurso a aspectos mais comuns ao manga (e ao manhwa): onomatopeias, linhas de acção e movimento, personagens caricaturais para expressar emoções… Não que daí venha mal ao mundo, até porque o todo é convincente e funciona, mas porque saíram goradas eventuais expectativas de descoberta ou inovação.
A história em si, é um policial típico, com um toque de fantástico, que beneficia bastante pelo facto de se passar numa localidade pequena e isolada, onde abundam as tensões, em especial entre as famílias Neunhöffer e Oefeln, unidas – contra vontade dos seus “patriarcas” – pelo casamento de Axel, a primeira vítima, e Helga. União em que o amor e a cumplicidade rapidamente deu lugar a dúvidas, desconfianças, conturbação e opções mal explicadas, devido às pressões exercidas pelos restantes familiares. As personagens são consistentes e apresentam aspectos interessantes, sendo a base de uma história bem delineada, com alguns momentos de suspense bem conseguidos, ao longo da qual o argumentista vai expondo de forma equilibrada e credível diversas explicações para as sucessivas mortes que assolam a província austríaca do Voralberg.
E que, como não podia deixar de ser, tem um desfecho que vai surpreender os leitores.

22/12/2010

La semaine des 7 Nöel

Olivier Grojonowski (argumento e desenho)
Casterman (França, Outubro de 1999)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado

A história repete-se. Depois de quase 30 anos de crescimento económico no início do novo milénio, um crash bolsista em Outubro de 2029 leva à falência a população francesa, fazendo com que os hotéis passem a ter dois tipos de tabela: para dormir ou para saltar da janela.
O governo, esgotadas as soluções tradicionais, organiza então um referendo que tem uma grande participação e como resposta um “sim” esmagador à pergunta: “Pode o Natal ser decretado sempre que o governo achar necessário?”. A razão é simples: sendo o período natalício o de maior consumo ao longo do ano, multiplicando esses períodos, aumentam-se as vendas, haverá maior produção e a economia, qual Fénix, renasceria das próprias cinzas.
Uma ideia (de uma ironia irresistível) que parecia genial mas que em breve se transforma num pesadelo para os franceses, progressivamente mergulhados numa ditadura natalícia, governados por tiranos Pais Natais, que os obrigam a celebrar o Natal todos os dias, a assistir a ceias de Natal todas as noites, a trocar presentes de Natal todas as meia-noites, a usar apenas e exclusivamente as cores tradicionais do Natal (branco, o predominante vermelho, preto). As mesmas cores que pintam a quase totalidade das pranchas do álbum, conferindo-lhe não um ar alegre e festivo como se poderia pensar, mas um aspecto soturno, opressivo e triste, como soturno, opressivo e triste é este relato concretizado no traço caricatural de Olivier Grojonowski, mais conhecido por O’Groj.
Relato que, apesar de começar com a ironia descrita, progressivamente vai perdendo força e humor, transformando-se numa opressiva descrição kafkiana de uma sociedade que é abalada quando os novos agentes da ordem começam a aparecer assassinados, descalços, obrigando a que se tomem medidas de emergência que apenas revelam que até os opressores estão insatisfeitos.
Mas, felizmente, o Natal não é assim – todos os dias, mesmo quando um homem não quer… - pese embora o cada vez maior consumo a ele associado, em detrimento dos valores mais importantes que o deveriam nortear.
Para todos, um verdadeiro e Feliz Natal… uma vez por ano!

(Versão ligeiramente retocada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Dezembro de 1999)

23/09/2010

Fantôme

Suk Jung-hyun (argumento e desenho)
Casterman (França, Abril de 2007)
170 x 241 mm, 200 p., cor, brochado com sobrecapa


Devido à coexistência (nos mercados ocidentais) de comics, BD franco-belga e mangas, e às múltiplas influências que daí resultam, alguns acreditam que no futuro (não tão distante) toda a produção de BD convergirá para um mesmo padrão. Tenho dúvidas, porque continuo a acreditar na capacidade criativa dos autores.
Não sendo exemplo disto, até porque tal ainda não se concretizou, este "Fantôme", de Suk Jung-hyun, ilustra, de alguma forma, como tal se poderá traduzir: o traço, hiper-realista, e as cores estão mais próximos do conceito europeu de BD do que daquilo que costumamos associar (do que conhecemos?) à produção asiática; o desenvolvimento dos diálogos e as várias cenas de acção têm indiscutivelmente a marca manga (nu caso manhwa - BD coreana); a teoria de conspiração subjacente ao argumento, apela a uma temática bem americana.
Servida por uma planificação cinematográfica e dinâmica, a história, passada num futuro próximo, em que um cataclismo natural reduziu drasticamente a população, agora reunida num único estado, trazendo a vantagem do fim das guerras - mas também a necessidade de criar tensões para justificar a única força policial existente e a sua relação com um canal de TV -, lê-se bem e permite arriscar a extrapolação de que a massificação referida terá aspectos positivos quando significar o aproveitamento do que cada um daqueles géneros tem de melhor.

(Texto publicado na página de Livros do Jornal de Notícias de 27 de Maio de 2007)

23/08/2010

La Montagne Magique

Jiro Taniguchi (argumento e desenho)
Casterman (França, Outubro de 2007)
226 x 303 mm, 72 p., cor, cartonado


Primeira experiência em formato franco-belga (álbum cartonado, a cores, de “apenas” 72 páginas) de Jiro Taniguchi, o mais europeu dos mangakas, se desilude um pouco pois não ressalta dela qualquer ganho particular com a mudança, é uma continuação dos temas que mais têm marcado a carreira do autor japonês, que mais uma vez revisita a sua infância. Melhor algumas das suas recordações de infância, dotando-as depois de contornos ecológicos e fantásticos, que as transformam num belo conto, humano e sensível, sobre os medos infantis, a força do amor filial, a persistência, a coragem e o muito que se consegue quando acreditamos em nós próprios em prol dos outros.
Tudo começa em Tottori – terra natal do autor - onde vivem Ken’ichi, de 11 anos, e a sua irmã Sakiko, de 7, órfãos de pai e confrontados com a possibilidade de também perderem a mãe, que necessita de ser submetida a uma operação delicada, sujeita a uma longa e difícil recuperação. A dificuldade surgida aprofunda a relação entre os dois irmãos, que se tornam mais unidos e vão viver uma estranha experiência relacionada com a montanha próxima da localidade, considerada morada de seres míticos e dos guardiães daquele local, quando uma salamandra gigante, há muito prisioneira no museu, contacta telepaticamente Ken’ichi e lhe propõe realizar um desejo se ele a devolver à sua origem…

(Texto publicado originalmente no BDJornal #24, de Outubro de 2008)

27/04/2010

Faire le Mur

Maximilien Le Roy (argumento e desenho)
Casterman (França, Abril de 2010)
170 x 240 mm, 96 p., cor, brochado com badanas

Resumo
Esta é (uma parte d)a história de Mahmoud Abu Srour, um jovem palestiniano de 22 anos que vive no campo de refugiados de Aida, na Cisjordânia.
Ele trabalha na mercearia da família, onde foge do quotidiano através dos seus desenhos e dos sonhos que tem com as jovens ocidentais que por vezes passam por lá. Como Audrey, uma francesa que deverá chegar dentro de dias para passar com ele o fim-de-semana, em casa de uma irmã. Só que para isso, terá que ignorar as leis (impostas) e ultrapassar o muro construído pelos israelistas…

Desenvolvimento
Este é um reato assumidamente subjectivo e politizado. Porque escrito na primeira pessoa (embora por entreposto autor). Porque relata experiências vividas. Porque só mostra – só pode mostrar – o seu próprio ponto de vista, só narra aquilo que sentiu na pele, só revela o que viveu do lado de lá… do muro que separa os territórios palestinianos… do resto do mundo (que por vezes se diz civilizado). Porque fala de uma realidade que os países ocidentais não conseguem (não querem...?) resolver.
Mahmoud Abu Srour - Maximilien Le Roy em sua vez, num relato em que o tom utilizado é antes de tudo autobiográfico…, se assim se pode dizer - conta-nos episódios diversos da sua vida, por vezes narrados em curtos flashbacks, a preto e branco ou entremeado com alguns dos seus esboços, feitos com cores vivas, que contrastam com os tons esverdeados que dominam a narrativa principal. Conta como o terreno que o pai possuía lhes foi retirado pela força para ser construído um colonato judaico, algumas (más) experiências com a polícia ou o exército israelita, os expedientes para atravessar o muro quando não se tem autorizações válidas, a revolta perante aqueles que pactuam com os ocupantes, a incompreensão face à não-actuação da ONU e dos outros países…
Apesar de tudo isto, de Maximilien Le Roy explanar muitas das ideias– e ideais – de Abu Srour e das razões e motivos que estão na sua origem, num longo solilóquio, raramente quebrado por diálogos pontuais com outras personagens, a leitura faz-se de forma agradável e a narrativa, se bem que de ritmo (propositadamente) lento, para o leitor poder pesar cada palavra, cada silêncio, está longe de se tornar maçadora ou desinteressante. Pelo contrário prende e cativa, é incómoda, até, deixando no final uma sensação de angústia face à nossa impotência perante a realidade exposta.

A reter
- A forma como Le Roy se identificou totalmente com Abu Srour.
- O modo como o autor faz respirar o texto, através da visualização fragmentada de pequenos gestos quotidianos, como o acender do cigarro nas quatro vinhetas que compõem a prancha da página 8, aqui reproduzida.
- A textura do desenho, devida ao papel utilizado.

Curiosidades
- O livro inclui, no seu final, uma fotobiografia de Mahmoud Abu Srour, uma reportagem fotográfica de Maxemce Emery na Palestina e uma entrevista com Alain Gresh, um jornalista especializado no Médio Oriente.

05/04/2010

80 Jours

Olivier Guéret (argumento)
Nicolas Vadot (argumento e desenho)
Casterman (França, Agosto de 2006)
240 x 320 mm, 72 p., cor, cartonado


Uma boa ideia por si só faz um bom livro (um bom filme, uma boa peça teatral…)? Não. Mas ajuda. Muito.
Quantas vezes lemos/ouvimos aquela ideia de que alguém, nos últimos momentos de vida, "reviveu toda a sua vida, como que num filme…"? Muitas, com certeza. E de certa forma é este princípio que preside a "80 jours", mas transformado na tal boa ideia.
Porque o protagonista, um octogenário, não revê a sua vida no leito de morte, tem antes a hipótese de a reviver - ou viver de novo - ao ritmo de um ano por dia, pois, por razão inexplicável (e inexplicada) acorda cada manhã um ano mais novo. Recuperando progressivamente a sua saúde, as suas capacidades físicas, as suas capacidades intelectuais, o seu vigor. Sem saber porquê, mas também sem se preocupar muito com isso. E rapidamente desiste de pensar no que fazer de uma vida que se esvai com data marcada enquanto se renova dia-a-dia.
Edmond, assim se chama o protagonista criado por Vadot e Guéret, aproveita para gozar a vida (renovada) que lhe foi concedida, sem falsos moralismos nem tentativas de corrigir o que quer que seja, dando-se até ao luxo de cometer novos excessos: volta a fumar, comete um assassínio… - qual o problema se só vai viver umas quantas semanas mais? Isto enquanto reavalia à luz da nova realidade, as tensões relacionadas com cada nova etapa da vida do ser humano (a velhice, a meia-idade, a juventude, a adolescência…).
Ao mesmo tempo que vê crescer um desejo latente, até se tornar quase em obsessão: conquistar Juliette, a jovem e sedutora enfermeira que o assistia na sua doença e que é testemunha incrédula da transformação que se vai desenrolando perante os seus olhos.
O que falha então em "80 jours"? Por um lado, fica a sensação de que faltaram páginas aos autores para explanarem completamente as ideias que estiveram na base do projecto. Depois, o desenho de Vadot, que apesar de ser inspirado nalgumas sequências, noutras é francamente desinteressante, e, finalmente, a conclusão - que não revelo porque apesar disso a leitura recomenda-se - porque demasiado previsível.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #15 de Outubro/Novembro de 2006)

08/03/2010

Dans mes yeux












Bastien Vivés (argumento e desenho)
Casterman + KSTR
(França, Março de 2009)
190 x 276 mm, 136 p., cor, cartonado

Resumo
Dans mes yeux narra uma história de amor. Bela como todas as histórias de amor. Enquanto duram. Triste, como todas as histórias de amor, quando terminam. Porque terminam.

18/02/2010

Quartier Lontain + Un ciel radieux


















Quartier Lointain - Édition intégrale
Jirô Taniguchi (argumento e desenho)
Casterman (França, Novembro de 2006)
173 x 242 mm, 400 p., cor (6 p.) e pb, cartonado

Colecção écritures
Un ciel radieux
Jirô Taniguchi (argumento e desenho)
Casterman (França, Setembro de 2006)
172 x 240 mm, 300 p., pb, cartonado


Escreve Taniguchi no posfácio de "Un ciel Radieux": "Acredito que, durante toda a nossa existência, alguns acontecimentos, certas experiências, são capazes de nos fazer mudar a nossa forma de viver".
E é isso que ele transmite nestes dois livros, que têm (pelo menos) um ponto em comum: acontecimentos extraordinários, ao nível da memória e da consciência.
Em "Quartier Lontain", o protagonista, Hiroshi, após um desmaio, acorda na sua cidade natal, regressando à sua adolescência, embora com os conhecimentos e a sensibilidade dos seus 40 anos.
Em "Um ciel radieux", na sequência de um acidente de automóvel, um adulto daquela idade, (o espírito de) Kazuhiro Kobota, que guiava uma carrinha, acorda aprisionado no corpo adolescente de Takuya Onodéra, que guiava uma motocicleta.
No primeiro caso, Hiroshi consegue o que muitos, com certeza, ansiamos: voltar ao passado, voltar atrás na vida, seja para viver de novo momentos (mais) alegres, seja para corrigir erros passados. De regresso de uma viagem de negócios, após uma noite bem regada, sem bem saber como, em vez de apanhar o comboio de regresso a casa, em Tóquio, apanha uma composição que o leva à sua cidade natal. Uma vez chegado, para fazer horas, decide visitar a campa da mãe no cemitério. E é lá que, de maneira inexplicável, após um breve desmaio, regressa ao seu passado, reencontrando-se dentro do seu corpo de 14 anos, embora mantenha a capacidade intelectual, a memória e os conhecimentos dos seus quase 50 anos de vida.
Nada de especial, dirão muitos, e é verdade, pois a ideia não é nova. E inicialmente o tratamento dado por Taniguchi também não o parece, pois o seu protagonista, atónito com o que se passa, incapaz de compreender o que lhe aconteceu, surpreso por reencontrar a mãe, falecida há mais de 20 anos, e a irmã mais nova, começa por explorar (mais instintiva que conscientemente) a situação, tornando-se facilmente um bom aluno, brilhando no capítulo desportivo e aproveitando esses dois factores para se aproximar da rapariga mais bonita do liceu. Mas continuando a leitura, vemos que, ao contrário de muitos autores que têm optado por esta via mais simples (e comercial), Taniguchi, com uma narrativa serena e intimista, dá mais uma vez mostras da grande sensibilidade e do sentido poético que já revelara em obras como “L’homme qui marche” ou “Le journal de mon pére” (ambos da Casterman). E, por isso, Hiroshi divide-se entre a felicidade da nova existência e o medo de que as alterações que provoque no seu passado venham a modificar o presente que vivia antes do incidente. Indecisão que desaparece quando se apercebe que se encontra a poucas semanas do dia em que o seu pai abandonou para sempre o lar. E com a sua nova percepção da realidade, capaz de compreender o sentir e as reacções dos adultos, decide tentar evitar que a sua família se desmembre. Mas será possível mudar o curso do tempo que corre?
O relato é lento, para aprofundar os sentimentos das personagens, e nos levar a meditar nas consequências das escolhas que fazemos ao longo da vida. E é também amargo, quando Hiroshi descobre que, afinal, o seu pai abandonou a família porque chegou ao limite, porque quis soltar amarras e perseguir sonhos - o que tão poucas vezes somos capazes de fazer - ou quando compreende que a sua mãe apenas está grata por o inevitável ter demorado tanto a acontecer.
Em "Un ciel radieux", o conflito que era interior no caso de Hiroshi, vive-se a dois quando o espírito de Takuya tenta recuperar o corpo que o espírito de Kubota ocupa. Isto porque após o acidente rodoviário, ambos entraram em coma e, ao fim de algumas semanas, enquanto o corpo de Takuya recomeçava a viver, o de Kubota era dado como morto.
Começa então uma vivência difícil, preso no corpo de outro, no seio de uma família que não conhece - uma família que não o reconhece - enquanto vai progressivamente crescendo o conflito interior pela posse do corpo. Conflito ao nível dessa posse e ao nível de representantes de gerações diferentes - bastante diferentes. Conflito que, a certo ponto se torna cooperação, no encaminhamento para um final feliz - se assim se pode designar a morte - que dá corpo à afirmação de Taniguchi citada no início deste texto.
Antes disso, no entanto, vamos vendo como Kubota, que escondia alguns segredos, se convence que a situação presente é provisória e que a deve aproveitar para mostrar e dizer aquilo que em vida nunca conseguiu: expressar o seu amor pela sua mulher e a sua filha. Ao seu lado estará Kaori, namorada de Takuya, que, aceitando a estranha situação, o ajudará a tirar o máximo partido daquela oportunidade.
Mais uma vez o relato de Taniguchi decorre num ritmo lento, com os pontos de vista a multiplicarem-se durante os muitos diálogos que ele contém, sendo surpreendente como o autor consegue transmitir de forma tão forte as emoções presentes em muitas situações, nomeadamente no abraço de Takuya(/Kobuta) a Kaori ou no (re)encontro (e na despedida) deste último com a sua família.
Ambos os relatos são viagens (fantásticas) pelo mais profundo do ser humano, pelos seus sonhos, medos e ambições, pela forma como nos relacionamos (nos damos) com os outros e pela conflitualidade de sentimentos e desejos que é a vida.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #18 de Abril/Maio de 2007)

15/02/2010

Liberty

Warnauts & Raives (argumento e desenho)
Casterman (França, Janeiro de 2010)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado


Resumo

Zaire, 1974. Nas vésperas do combate de boxe “do século” entre Mouhamed Ali e George Foreman, Acabada de completar 16 anos, Tshiland, ainda uma jovenzinha, já uma bela mulher, deixa-se seduzir pelo manager do grupo de James Brown, de passagem pelo evento, e acaba grávida.
Para evitar que o escândalo se abata sobre o seu pai, chefe de segurança de um dos principais hotéis locais, tem que sair do seu país, o que consegue com o auxílio de Edouard, um diplomata francês, e de Mike, um dos músicos de Brown - ambos sensíveis aos encantos da jovem - que lhe conseguem um cartão de residência para os Estados Unidos, onde acabará por dar à luz uma menina, a quem põe o nome de Liberty.

Desenvolvimento
E é Liberty e a sua mãe – ou Tshiland e a sua filha? – ou, melhor ainda, Tshiland e Liberty, mulheres de corpo inteiro e de personalidade forte, vamos acompanhar, vivendo por seu intermédio alguns dos grandes momentos da luta dos negros pelo reconhecimento dos seus direitos nos EUA, dos Black Panters até à eleição de Barack Obama, passando pela guerra do Vietname ou pelo atentado contra as Torres Gémeas, o que faz deste relato um curioso álbum que, de certa forma, se pode apodar de relato histórico.
Porque é a História – parte substancial dela, vista pelos olhar (diferente…) dos negros – que serve de fundo a um relato, onde o desejo de emancipação e de afirmação e a busca de um rumo, primeiro por parte de Tshiland, depois por Liberty, prendem e cativam o leitor. Até porque o tom escolhido, está longe da lamúria ou do panfletário, optando antes por realçar a força (interior) e a vontade (própria) de cada uma, apesar de alguns (muitos) percalços e até retrocessos. Até que o destino cumpra o seu papel. Porque se é histórico (na acepção indicada), este relato é também – antes disso, sem dúvida – sobre pessoas e sentimentos.
Em paralelo com as histórias das duas mulheres, desvendadas aos poucos, com recurso a alguns flashbacks, descobrimos também um pouco mais sobre Edouard e o seu amor (platónico) por Tshiland, e sobre Mike, ex-combatente do Vietname, de onde trouxe a dependência da droga, que mina a sua relação com a bela negra. São eles, com elas, que em off vão fazendo avançar a narrativa, por vezes de forma algo lenta dada a extensão de alguns dos pensamentos que, no entanto, são fundamentais para a boa definição das personagens perante o leitor.
Do traço da dupla Warnauts e Raives, salientam-se os retratos das protagonistas, mais duas belas e sensuais criações para a sua já longa galeria, e a excelente aplicação das cores no tratamento de cenários e paisagens.

A reter
- A forma como Warnauts e Raives continuam a tratar as mulheres nas suas bandas desenhadas - e já agora nos soberbos esboços disponíveis aqui.
- O trabalho de cor de Raives.
- A forma como esta dupla traça a “história negra” dos EUA, através de uns quantos momentos, ilusoriamente soltos, mas elos de uma mesma cadeia comum.

Menos conseguido
- A lentidão do relato nalguns momentos.

Curiosidades
- Como desde há 20 anos, Warnauts e Raives têm uma forma de trabalhar diferente do habitual: depois de longas discussões, o primeiro escreve o argumento; de seguida, ambos trabalham no desenho, para no final Raives aplicar a cor.

22/01/2010

Bonne nuit les petits

Stéphane Lenglet (argumento)
Olivier Mau (desenho)
Casterman (França, Agosto de 2009)
226 x 323 mm, 80 p., pb, cartonado

“Bonne nuit les petits” é um conto urbano curto, (muito) negro e trágico, irónico, cruel e provocador sobre juventudes difíceis e vidas desperdiçadas. É narrado com textos directos e incisivos num preto e branco (e bem aplicados cinzentos), assente num traço generoso semi-caricatural e numa planificação heterogénea e dinâmica.
“Bonne nuit les petits” é a história de Jeanne, que sonha ser actriz, mas perde o seu quotidiano correndo do part-time na livraria para castings duvidosos, de dobragens mal (e tardiamente) pagas para trabalhos de publicidade desinterssantes ou o bar onde toca. Uma jovem de 18 anos, há dois a viver só - solitária - que o pai abusou na infância e que por isso (quase) foge dos homens, mas que continua a sonhar com o dia em que por uma vez se cruzará com a sorte que até agora nunca teve.
E é a história de Fabrice, filho de milionários que sempre lhe deram tudo - tudo menos a atenção e amor de que precisava - que cresceu sozinho apesar dos muitos amigos que as suas festas atraíam, que, no dia em que faz 18 anos, mais uma vez com o pai (sombra ameaçadora sempre) longe, pensa que é altura de (finalmente) fazer uma opção, tomar uma decisão…
Uma jovem esforçada, em muitos aspectos ainda presa à (inocência da chupeta da) infância. E um jovem arrogante, preso apenas à sua própria inutilidade.
Tão distantes em tantas coisas, mas tão próximos em muitas outras, Jeanne e Fabrice vão acabar por se cruzar, como desde o início o leitor intui, embora não vislumbre como. Em mais uma festa dele, em mais um part-time dela. De forma inolvidável para todos os que assistiram… mas que deixo ao leitor descobrir, para não estragar a surpresa do (happy-end?) final.

12/01/2010

Le Fils

Colecção écritures
Ren Zheng-Hua
Casterman (França, Maio de 2007)
174 x 240 mm, 126 p., pb, brochado com badanas

E pronto, depois dos manga (BD japonesa) e dos manhwa (bd coreana), marcam também já presença no mercado franco-belga os manhua (BD chinesa). Ou, no caso presente, quase, porque a autora de "Le Fils", Ren Zheng-Hua, nasceu em Taiwan, que em termos políticos não é exactamente China, embora para a questão da designação isso não seja relevante.
Graficamente esta obra segue as linhas mestras das bandas desenhadas asiáticas, com um traço realista, fino e expressivo, representando parte das personagens mais próximos do modelo ocidental do que da imagem de marca dos manga, embora estas também existam e a autora utilize também o recurso a traço caricatural para representar estados de espírito mais exaltados.
"Le Fils" tem por fundo a eterna questão do triângulo amoroso, em dose dupla pois, de certa forma, são dois os triângulos amorosos que estão na origem de tudo o que se passa nesta banda desenhada pausada, de ritmo lento, em que vamos descobrindo o íntimo dos protagonistas à medida que a narração avança e vamos percebendo o que os condiciona - e há tantas condicionantes nesta história!
Como cenário da acção, a China dos anos 30, mesmo antes de começar a guerra que iria travar com o Japão. Uma China tradicionalista e apegada às convenções sociais - que impunham casamentos combinados e davam importância suprema ao facto de o primeiro filho ser varão (o contrário era motivo suficiente para divórcio!) - que parecem estranhas aos nossos olhos ocidentais, mas que têm princípios que também fizeram lei nesta nossa Europa, embora as épocas fossem outras.
São essas convenções sociais que vão interferir na relação de Yuan Qin, um jovem estudante, de férias (contra sua vontade) na sua cidade natal, onde reencontra a sua amiga de infância Xiao Yu, que sempre foi (ou quis ser) mais do que isso, o que Yuan só agora vai percebendo, descobrindo sentimentos recíprocos em si próprio. Só que Yuan tem na cidade onde estuda uma amante, Linda, a filha do director da sua escola, cujo nível social e de educação é bem mais aproximado do de Yuan. Perdido entre razões sociais, morais e de coração, Yuan apercebe-se aos poucos que está a viver uma situação semelhante à dos pais que despreza (porque até agora não compreendia), sem que isso, no entanto, o ajude na tomada de decisão que tem de fazer, sendo o desfecho o menos importante deste drama familiar, com uma forte componente psicológica, de contornos universais, mesmo nos dias de hoje.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #19 de Junho/Julho de 2007)

18/11/2009

Le Télescope

Jean Van hamme (argumento)
Paul Teng (desenho)
Casterman França, Novembro de 2009)
242 x 321 mm, 86 p., cor, cartonado


Resumo
Julien, Marcello, Charles, René e Louis somam em conjunto 300 anos; Jo, a bela e sensual desconhecida que regularmente espreitam através de um telescópio, pela janela do apartamento em frente ao de Julien, não passou ainda dos 25.
Eles, estão no ocaso da vida, com os sonhos perdidos e as esperanças desvanecidas; sobrevivem, apenas, em grande parte devido à amizade que há muito os une. Ela, habituada a viver de luxos conseguidos à custa do seu corpo e dos seus (falsos) afectos, tem ainda muitos sonhos para cumprir.
O encontro dos seis, vai ter consequências (in)esperadas.

Desenvolvimento
Após esse encontro, os cinco velhos – não haja medo de o escrever, são-no já nos corpos e nas mentes – vão viver seis semanas de sonho (para eles…) e reencontrar uma razão para (voltarem a) viver – vão como que rejuvenescer. Ou para viverem pela primeira vez, esgotando-se fisicamente, esgotando os seus recursos financeiros, como se tivessem todo o tempo do mundo para se recuperarem.
Jo – surpreendentemente – desse contacto, desse tempo, desses encontros, descobre que a vida pode ser bem diferente, que os sonhos não têm que seguir sempre os mesmos caminhos, que a felicidade pode ser menos custosa e estar mais perto do que imagina.
Dessas curtas seis semanas, nasce uma curiosa proposta: tirar partido das informações sigilosas que a bela jovem reuniu enquanto acompanhava um poderoso construtor com fortes ligações ao poder político para que os cinco homens façam fortuna. E, quem sabe, a façam (de novo) feliz.
Com esta base, Jean Van Hamme, longe dos relatos de acção (XIII, Largo Winch, etc.) que o celebrizaram, constrói uma trama de crítica social, sobre a velhice e a (consequente) perda de ilusões, o amor e os seus custos, e as ligações entre a imobiliária e a política.
Fá-lo com a competência habitual, sem deslumbrar mas divertindo, multiplicando as surpresas, mudando o rumo da narrativa a seu bel-prazer, da crónica quotidiana à intriga financeira e ao policial, com toques de humor e ternura, para a terminar como um verdadeiro conto de fadas. Em que todos casam e vivem felizes para sempre. Ou quase.
Que se perdoa e aceita, porque por vezes é preciso acreditar nos sonhos. Nem que seja nos dos outros.
Paul Teng, holandês, 54 anos, foi o escolhido para colocar em imagens este conto urbano, ao qual aplicou um traço semi-realista que evoca o de Boucq, com o qual criou personagens distintas e consistentes, seres humanos vulgares, não super-heróis nem modelos ou actores, sobressaindo apenas os traços da bela Jo.

Curiosidade
- Este álbum é a adaptação de um romance da autoria do próprio Jean Van Hamme, datado de 1992.
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