Stéphane Lenglet (argumento)
Olivier Mau (desenho)
Casterman (França, Agosto de 2009)
226 x 323 mm, 80 p., pb, cartonado
“Bonne nuit les petits” é um conto urbano curto, (muito) negro e trágico, irónico, cruel e provocador sobre juventudes difíceis e vidas desperdiçadas. É narrado com textos directos e incisivos num preto e branco (e bem aplicados cinzentos), assente num traço generoso semi-caricatural e numa planificação heterogénea e dinâmica.
“Bonne nuit les petits” é a história de Jeanne, que sonha ser actriz, mas perde o seu quotidiano correndo do part-time na livraria para castings duvidosos, de dobragens mal (e tardiamente) pagas para trabalhos de publicidade desinterssantes ou o bar onde toca. Uma jovem de 18 anos, há dois a viver só - solitária - que o pai abusou na infância e que por isso (quase) foge dos homens, mas que continua a sonhar com o dia em que por uma vez se cruzará com a sorte que até agora nunca teve.
E é a história de Fabrice, filho de milionários que sempre lhe deram tudo - tudo menos a atenção e amor de que precisava - que cresceu sozinho apesar dos muitos amigos que as suas festas atraíam, que, no dia em que faz 18 anos, mais uma vez com o pai (sombra ameaçadora sempre) longe, pensa que é altura de (finalmente) fazer uma opção, tomar uma decisão…
Uma jovem esforçada, em muitos aspectos ainda presa à (inocência da chupeta da) infância. E um jovem arrogante, preso apenas à sua própria inutilidade.
Tão distantes em tantas coisas, mas tão próximos em muitas outras, Jeanne e Fabrice vão acabar por se cruzar, como desde o início o leitor intui, embora não vislumbre como. Em mais uma festa dele, em mais um part-time dela. De forma inolvidável para todos os que assistiram… mas que deixo ao leitor descobrir, para não estragar a surpresa do (happy-end?) final.
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