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08/11/2023

O Regresso do Capitão Nemo

Final em beleza… quase


Com O Regresso do Capitão Nemo fecha a sétima série da colecção Novela Gráfica, possivelmente aquela em que as propostas foram menos consensuais e mais desafiadoras - afinal um dos principais propósitos da Levoir ao criá-la.
E fecha em beleza, com o mais recente livro de um dos mais fabulosos livros que a banda desenhada já nos proporcionou, o d’As Cidades Obscuras, editado em simultâneo com a edição original francófona.

20/08/2019

A Febre de Urbicanda

Cidade viva

A Febre de Urbicanda, que marca o regresso de As Cidades Obscuras à edição nacional - regresso que se espera não seja único nem solitário - é uma alegoria sobre as ditaduras e as revoluções - mais ou menos pacíficas… - que elas sempre provocam.
Na sua génese está a cidade (ficcional) de Urbicanda, uma metrópole que um rio divide a meio e funciona como fronteira entre dois mundos, dois conceitos. De um lado, a ordem, o rigor arquitectónico, a força das leis - a ditadura. Do outro, a anarquia, o desordenamento espacial, a liberdade individual.

02/05/2011

La frontière invisible, tome 1

Les Cités Obscures
Benoit Peeters (argumento)
François Schuiten (desenho)
Casterman (França, Abril de 2002)
235 x 305 mm, 64 p., cor, cartonado com sobrecapa, 13,50 €


Foi há já 20 anos que foi colocada a primeira pedra das "Cidades Obscuras". Os seus "artífices" são François Schuiten e Benoit Peeters que, "mais do que uma série”, as preferem definir como “a descrição progressiva de um universo...". Um universo desvendado álbum após álbum, "como se descobre um esqueleto enterrado na areia de que não se conhece a forma completa!".
O mais recente elemento, "La frontière invisible, tome 1" (Casterman, cor, 64 p.) é "uma história que começa com a chegada ao Centro de Cartografia de Sodrovno-Voldachie, de Roland, um jovem brilhante que se empenha nas suas tarefas, subindo rapidamente na hierarquia. Ao mesmo tempo, trava conhecimento com Schkodrá, uma bela e jovem prostituta, que se recusa a despir para não revelar o mapa traçado no seu próprio corpo.
Enquanto assistimos à transição de Roland da adolescência para a idade adulta, sentimos que tudo começa a mudar quando modernos aparelhos são trazidos para substituir os meios artesanais existentes e o Centro é visitado pelo marechal Radisic, o dirigente supremo do país, cuja política expansionista, assente na velha máxima de que o fim justifica todos os meios, o que põe em causa o equilíbrio existente nas Cidades Obscuras.
Mais uma vez, a história contada é simbólica, usando tempos e lugares incertos, para falar de realidades recentes como o nacionalismo ou a utilização política da história e da geografia como instrumentos bélicos.
Lembra Schuiten, que mais uma vez associa ao seu traço fino e pormenorizado, uma belíssima utilização da cor, que "uma fronteira é a linha que separa um território de outro, mas é também o que os divide!"

P.S. - Diz-se que a realização de um homem passa por três aspectos: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Saltando a questão da árvore, escrever, depois (ou a par) de várias experiências, tenho-o feito regularmente aqui, nas páginas do JN, não livros, mas sobre livros que li e tenho a oportunidade de partilhar. O filho, nasceu há dias. E é a ti, Daniel, que dedico este texto. Espero que a leitura dos livros que vou destacando, te venha a dar pelo menos tanto prazer como deu a mim, te faça transpor fronteiras, desbravar horizontes e despertar a imaginação, num tempo em que a leitura é, infelizmente, uma actividade cada vez menos praticada.


(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 7 de Maio de 2002, a propósito do nascimento do meu primeiro filho, Daniel, a 2 de Maio)


Nove anos depois: parabéns Daniel!


Nota
Este álbum, primeiro de um díptico concluído dois anos mais tarde, seria editado em português pela Witloof, em Outubro de 2002, com o título “A Fronteira Invisível – Tomo 1”, existindo também uma edição da Casterman que compila os dois tomos que constituem a história.

09/07/2010

A Teoria do Grão de Areia – Tomo 2

Benoit Peeters (argumento) François Schuiten (desenho) Edições ASA (Portugal, Julho de 2010) 300 x 204 mm, 120 p., preto, branco sujo e branco, capa com badanas Desde o passado dia 1, já está nas livrarias o segundo (e ultimo tomo) de A Teoria do Grão de Areia, sobre a qual As Leituras do Pedro já se debruçaram há cerca de um ano, como pode ser comprovado aqui.

17/07/2009

La Théorie du Grain de Sable – Tome 2

La Théorie du grain de sable – Tome 2 François Schuiten (desenho) e Benoit Peeters (argumento) Casterman (França, Setembro de 2008) 300 x 204 mm, 120 p., preto, branco sujo e branco, capa com badanas Resumo Neste segundo tomo de ”La Théorie du Grain de Sable/A teoria do grão de areia”, Schuiten e Peeters unem as pontas que foram espalhando no primeiro tomo, para darem uma conclusão lógica aos acontecimentos que começaram a ter lugar em Brusel, a 21 de Julho de 784: o aparecimento, vindos do nada, e a posterior acumulação de grãos de areia num apartamento e de pedras de peso constante (6793 gramas, um número primo) noutra casa ou na progressiva perda de peso, sem que no entanto emagreça, por parte de um chefe de cozinha, com os quais nos levaram a reencontrar anteriores personagens das Cidades Obscuras, como Mary Von Rathen (de "L'enfant penchée") e Constant Abeels (de "Brusel"). Desenvolvimento Foi longa a espera – de apenas um ano, na verdade, pois foi esse o intervalo entre os dois tomos na versão original francesa - mas a curiosidade era grande após a leitura do tomo 1. E o mínimo que se pode dizer é que a expectativa não foi iludida, quer pelo final inesperado, quer pelo toque tão místico que Schuiten e Peeters dão à conclusão desta história. A partir dos estranhos fenómenos a que Brusel assistiu, com uma fina ironia mas de forma consistente, os autores desenvolvem uma narrativa de contornos ecológicos sobre a confrontação – melhor, sobre as confrontações, cada vez em maior número, cada vez mais inevitáveis nos nossos dias – entre a civilização urbano e ocidental, com factores estranhos - nem melhores, nem piores, só diferentes - ou desconhecidos, provenientes de outros mundos, outras realidades, outras civilizações. Uma antevisão poética, talvez, mas mesmo assim criadora de dúvidas e receios legítimos, sobre o confronto ocidente/oriente, que muitos analistas consideram inevitável, e que poderá tomar muitas formas… No caso presente, os pequenos grãos de areia surgidos do nada que vão emperrar – e quase destruir - a máquina – nem sempre bem oleada, admita-se – que faz funcionar a grande metrópole de Brusel. Pelo caminho, pelos vários caminhos que como todos os seus álbuns também este tem – e esta minha leitura, não é mais do que isso, a minha leitura – aproveitam para homenagear o belga Victor Horta e a sua arquitectura arte-nova, representada pela sua Maison Autrique, sem dúvida personagem importante do relato, dado o lugar central que ocupa até ao seu misterioso desaparecimento e pelo seu posterior reaparecimento surpreendente, que deixo aos leitores descobrir. Ao mesmo tempo que convido também a reverem o traço sumptuoso de Schuiten, magnífico no preto e branco sujo, pintalgado de um branco forte, aqui perturbante, ali luminoso, além revelador, no traço fino e detalhado, na utilização de sombras, manchas de negro e de fabulosos contrastes de claro/escuro, no tratamento da figura humana quanto na representação de edifícios ou de paisagens naturais, na forma como a planificação, variada e heterogénea conduz o ritmo da narrativa, condiciona a nossa leitura e nos leva numa viagem inesquecível por este universo fantástico. (Versão revista e actualizada do texto publicado no BDJornal #24, datado de Outubro de 2008)

16/07/2009

A teoria do grão de areia - Tomo 1

A teoria do grão de areia - Tomo 1 Benoit Peeters (argumento) e François Schuiten (desenho) Edições ASA (Portugal, Junho de 2009) 300 x 204 mm, 112 p., preto, branco sujo e branco, capa com badanas Resumo Uma série de acontecimentos insólitos, aparentemente sem ligação entre si, leva Mary Von Rathen, “coleccionadora de fenómenos inexplicáveis”, até Brusel, para os investigar. Desenvolvimento Universo fantástico, só possível em BD, paralelo ao nosso, com múltiplos pontos de contacto, referências ou desenvol-vimentos, combinando presente, passado e futuro e dotado de cidades (quase) com vida própria - as verdadeiras protagonistas de cada livro - onde se distinguem alguns habitantes, atentos ou desencadeadores dos pormenores que despoletam cada história, a série "As cidades obscuras", associa o traço sumptuoso - mas extremamente legível e funcional - de François Schuiten, que cria e recria arquitecturas e mundos, e os argumentos inteligentes, ao mesmo tempo profundos e claros, de Benoit Peeters. Neste álbum, que começa com alguns factos insólitos aparentemente sem interligação, mas que se vão acentuando com o passar do tempo - a morte por atropelamento de um estrangeiro de aspecto bárbaro, a acumulação regular de grãos de areia num apartamento e de pedras de peso constante (6793 gramas, um número primo) noutra ou a progressiva perda de peso, sem que no entanto emagreça, por parte de um chefe de cozinha - mostrando o perigo do aumento descontrolado de pequenos problemas de fácil solução na sua origem, Peeters e Schuiten constroem uma fábula ecológica que alerta para os perigos do aquecimento global, ao mesmo tempo que mostram que o que vem de fora (da Europa comunitária…) não tem que ser obrigatoriamente mau, só porque é diferente. Nele, reencontramos a (já não) pequena Mary Von Rathen (de "A menina inclinada"), chamada de Phâry para conduzir o inquérito sobre os estranhos acontecimentos, e Constant Abeels (de "Brusel"), anos depois das histórias que (co-)protagonizaram, que vão ser observadores privilegiados dos insólitos fenómenos que dão um toque de fantástico, até aqui praticamente ausente na série, e que contrasta com o traço hiper-realista com que Schuiten, a pincel, construiu os cenários, e pontuam a acção deste livro, em formato italiano (deitado), que marca o regresso ao preto e branco (e branco - puro, uma "terceira" cor, de que só os leitores e Mary se apercebem, mas cuja mancha vai crescendo página a página), numa obra que reafirma a vontade de Schuiten e Peeters inovarem constantemente, pondo sempre em causa todas as soluções anteriormente experimentadas nas Cidades Obscuras e questionando continuamente o universo que criaram. A reter - O traço primoroso de Schuiten. - O desenvolvimento em crescendo do ritmo da narrativa, paralelo aos efeitos dos fenómenos em Brusel. - A forma como é utilizada a cor “branca”, a par do preto e do branco sujo, para acentuar os fenómenos fantásticos que dão o mote à história. - A bela edição da ASA, em tudo fiel à original. Menos conseguido - O único senão a apontar é o facto de este ser o primeiro de dois tomos, restando-nos aguardar pelo segundo, que está prometido até final do corrente ano. Com impaciência.

Curiosidade

- A edição à venda na FNAC é acompanhada do “DVD de Presse” francês, que inclui um documentário sobre o making-of do álbum. (Versão revista e actualizada do texto publicado a 11 de Julho de 2009 no suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

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