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26/12/2011

Burne Hogarth

O maior desenhador de Tarzan 
O norte-americano Burne Hogarth, considerado por muitos o maior desenhador de Tarzan nos quadradinhos, nasceu a 25 de Dezembro de 1911, fez ontem exactamente 100 anos.
Natural de Chicago, revelou tendência para o desenho desde pequeno, o que levou o seu pai, um simples carpinteiro, a fazer poupanças de modo a inscrevê-lo no Art Institute of Chicago, onde foi admitido aos 12 anos, tendo aprofundado os seus conhecimentos de arte, anatomia e ciências.
Três anos depois, devido ao falecimento do pai, Hogarth teve que começar a trabalhar em publicidade. Em 1929, teve o primeiro contacto com os quadradinhos, como desenhador da tira diária Ivy Hemmanhaw, de pouco sucesso.
Como consequência da Grande Depressão, mudou-se para Nova Iorque, tendo começado a trabalhar como assistente para o King Features Syndicate em 1934, onde, após ter desenhado uma série de piratas, Pieces of Height (1935), sucederia a Hal Foster (futuro criador do Príncipe Valente) na prancha dominical de Tarzan, onde se estreou a 9 de Maio de 1937.
A mudança de artista trouxe progressivamente alterações gráficas à série, na qual Hogarth empregou os seus conhecimentos de anatomia e de arte, combinando classicismo e expressionismo, para obter pranchas de uma grande plasticidade, extremamente dinâmicas e de um esplendor barroco, com um retrato realista e selvagem do herói e dos indígenas e animais com quem se cruzava e que Portugal viu pela primeira vez no Diabrete #101, de 5 de Dezembro de 1942.
A sua ligação ao rei da selva, que revolucionou a forma de narrar aos quadradinhos e lhe valeu o epíteto de “Miguel Ângelo da BD”, prosseguiria até 1950, com um ligeiro interregno (1945-1947) durante o qual se dedicou ao desenho de Drago, uma obra pessoal.
Paralelamente, Hogarth começou também a ensinar desenho na School of Visual Arts, que ajudou a fundar, tendo passado a dedicar-se inteiramente ao ensino após abandonar Tarzan, devido a desentendimentos sobre questões financeiras e de direitos de autor, leccionando disciplinas práticas e de história das artes e escrevendo e desenhando manuais de anatomia que se tornaram uma referência para gerações de artistas.
O apelo da selva e de Tarzan far-se-ia ouvir de novo já na década de 1970, quando recriou em BD dois livros baseados na personagem de Edgar Rice Burroughs que, pela sua qualidade e inovação – duas autênticas graphic novels antes do tempo - lhe valeram diversos prémios.
A morte encontrou-o em Paris, França, a 28 de Janeiro de 1996, um dia após ter sido justamente homenageado no Festival Internacional de BD de Angoulême.








(Texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de Dezembro de 2011)
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