O norte-americano Burne Hogarth, considerado por muitos o maior desenhador de Tarzan nos quadradinhos, nasceu a 25 de Dezembro de 1911, fez ontem exactamente 100 anos.
Natural de Chicago, revelou tendência para o desenho desde
pequeno, o que levou o seu pai, um simples carpinteiro, a fazer poupanças de
modo a inscrevê-lo no Art Institute of Chicago, onde foi admitido aos 12 anos,
tendo aprofundado os seus conhecimentos de arte, anatomia e ciências.
Três anos depois, devido ao falecimento do pai, Hogarth teve
que começar a trabalhar em publicidade. Em 1929, teve o primeiro contacto com
os quadradinhos, como desenhador da tira diária Ivy Hemmanhaw, de pouco
sucesso.
Como consequência da Grande Depressão, mudou-se para Nova
Iorque, tendo começado a trabalhar como assistente para o King Features
Syndicate em 1934, onde, após ter desenhado uma série de piratas, Pieces of
Height (1935), sucederia a Hal Foster (futuro criador do Príncipe Valente) na
prancha dominical de Tarzan, onde se estreou a 9 de Maio de 1937.
A mudança de
artista trouxe progressivamente alterações gráficas à série, na qual Hogarth
empregou os seus conhecimentos de anatomia e de arte, combinando classicismo e
expressionismo, para obter pranchas de uma grande plasticidade, extremamente
dinâmicas e de um esplendor barroco, com um retrato realista e selvagem do
herói e dos indígenas e animais com quem se cruzava e que Portugal viu pela
primeira vez no Diabrete #101, de 5 de Dezembro de 1942.
A sua ligação ao rei
da selva, que revolucionou a forma de narrar aos quadradinhos e lhe valeu o
epíteto de “Miguel Ângelo da BD”, prosseguiria até 1950, com um ligeiro
interregno (1945-1947) durante o qual se dedicou ao desenho de Drago, uma obra
pessoal.
Paralelamente, Hogarth começou também a ensinar desenho na
School of Visual Arts, que ajudou a fundar, tendo passado a dedicar-se
inteiramente ao ensino após abandonar Tarzan, devido a desentendimentos sobre
questões financeiras e de direitos de autor, leccionando disciplinas práticas e
de história das artes e escrevendo e desenhando manuais de anatomia que se
tornaram uma referência para gerações de artistas.
O apelo da selva e de Tarzan far-se-ia ouvir de novo já na
década de 1970, quando recriou em BD dois livros baseados na personagem de Edgar
Rice Burroughs que, pela sua qualidade e inovação – duas autênticas graphic
novels antes do tempo - lhe valeram diversos prémios.
A morte encontrou-o em Paris, França, a 28 de Janeiro de 1996,
um dia após ter sido justamente homenageado no Festival Internacional de BD de
Angoulême.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de
Dezembro de 2011)
Grande Hogarth! Pena que tenha abandonado o Tarzan tão cedo. Lirio.
ResponderEliminarBem-vindo Lino!
ResponderEliminarÉ verdade, foram poucos anos, mas (muito) bons!
Boas leituras!