23/12/2011

J. Kendall #79

Sangue do meu sangue
Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero (argumento)
Federico Antinori (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Junho de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
 

Resumo
O assalto a uma clínica de fertilidade e o “rapto” de alguns embriões congelados, pertencentes a pessoas influentes, leva a polícia de Garden City a recorrer uma vez mais à assessoria da criminóloga Julia Kendall, numa história que coloca questões incómodas sobre temas actuais.

Desenvolvimento
Esta é mais uma história de Julia na qual o factor humano se sobrepõe largamente à intriga base policial.
Para começar, atente-se no modo como a trama esta construída, a dois tempos, e como os seus protagonistas – os criminosos, por um lado, e as autoridades policiais e Júlia, por outro – só se cruzam, tangencialmente, uma única vez ao longo de todo o relato, para além do desfecho a posteriori. E sem que isso, em momento algum, ponha em causa a identidade do culpado primordial ou retire consistência ou interesse à narrativa, bem pelo contrário.
Depois, a forma como o seu desenrolar serve para Berardi e Mantero colocarem várias questões actuais, prementes, de resposta difícil - não única nem absoluta - relativas às escolhas que a vida obriga a fazer – porque não escolher já é optar – sobre profissão, carreira, casamento, filhos, amizades, religião, relações, métodos de fertilidade, momento de início da vida… E como cada uma dessas escolhas, implica novas opções, quase sempre igualmente difíceis e fundamentais.
A história, mais uma vez, é muito bem narrada, com os diferentes momentos dos dois níveis de acção a decorrerem a ritmos diferenciados mas apropriados, maioritariamente de forma lenta, para que o leitor possa absorver as pistas que os autores propõem – sem tomar partido ou fazer campanha - e fazer a sua própria reflexão. E a temática em causa, actual, incómoda, sensível, tem, sem dúvida, muito sobre que reflectir. 

A reter
- Mais uma vez em J. Kendall, a forma original e consistente como a narrativa é construída e desenvolvida.
- A actualidade e relevância das questões - éticas, pessoais… - que a trama base permite aos argumentistas colocar.
- A maior consistência física da edição, devido à utilização de um papel de gramagem superior.

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