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29/03/2013

Le Client












Zidrou (argumento)
Man (desenho)
Dargaud
França, Março de 2013
230 x 305 mm, 56 p., cor, cartonado
14,99 €




Resumo
Augustin Miralles é um homem vulgar, de constituição frágil, mais uma figura anónima no meio da multidão, até ao dia em que decide raptar Serena, a filha de Selznic, um mafioso local, para a trocar por Maria Auxiliadora Ayala, a prostituta equatoriana por quem se apaixonou, desaparecida do bordel onde a costumava visitar.

Desenvolvimento
Thriller de tom policial, “Le Client” tem como primeiro ponto forte este inusitado início, pois nada parece capaz de fazer do frágil professor de arte, um adversário capaz para o violento mafioso, mesmo que movido pela força do amor… Por isso, avançamos na leitura sempre à espera da sua escorregadela – ou mesmo queda total – que ele teima em adiar – não indefinidamente… - descobrindo no amor que o move a força para continuar Por isso – também por isso – consegue estabelecer com Selznic alguns pontosa de contacto e mesmo uma relação que poderia ser amigável, fossem outras as circunstâncias…
A narrativa de Zidrou - um autor a seguir com atenção – é tensa, bem escrita, que avança ao mesmo tempo que, em sucessivos flashbacks documenta o leitor sobre o passado recente dos protagonistas e o mantém em suspense sobre o desfecho. Para isso contribuem também os diálogos, equilibrados, no tom certo, com um toque de humor triste.
Man, que já conhecia de "Mia", cujo desenho linha clara, expressivo, me tinha convencido, surge aqui com um traço mais duro, menos agradável à vista mas perfeitamente apropriado ao registo policial que o relato adopta. E destaca-se, de novo, pelos enquadramentos, muito diversificados, aqui e ali ousados, que conferem um ritmo mais vivo à leitura.
E se não vou revelar o final de “Le Client”, para que tenham o mesmo prazer que eu tive na sua descoberta, termino dizendo que este é um (apesar de tudo triste) conto de fadas dos tempos modernos e uma história de amor, se não bela, pelo menos tocante, capaz de fazer pensar no que (nos) pode (levar a) mover montanhas…

A reter
- A bela capa do catalão Man.
- O surpreendente enredo.


26/01/2010

Mia

Man (argumento e desenho)
Dargaud (França, Janeiro de 2008)
240 x 130 mm, 80 p., cor, cartonado

Mia é uma adolescente que sofre de bulimia. Desde pequena, sente uma necessidade imperiosa de vomitar tudo o que come. Por isso, apesar de bonita e sensual (tem as medidas de uma top-model…) - e também porque os pais não a compreendem - sente-se só e abandonada por todos, e sente inacessível aquele por quem se apaixonou, por quem vai todos os dias à biblioteca da universidade (que ainda não frequenta) tentando ganhar coragem para lhe falar.
Ele, é Dany. Que parece ter tudo para ter sucesso na vida: atraente e rico, que mais desejar? A atenção do pai, que lhe dá tudo menos aquilo que ele deseja: companhia, solidariedade, interesse.O caminho de ambos vai-se cruzar, numa armadilha do destino, que leva a que Dany seja raptado no exacto momento em que Mia ganhou coragem para falar com ele - ainda que só para lhe perguntar as horas… E que faz com que Mia seja a única a reagir, acabando por ser também levada pelos raptores, interessados em receber um belo resgate pelo rapaz.
Finalmente juntos, numa situação extrema, encontram-se e encontram no fundo de cada um as forças desconhecidas que os farão dar as respostas necessárias e poderem encarar juntos (até quando) um futuro mais que duvidoso.
Porque apesar do aparente happy end, a verdade é que o catalão Man deixa bem claro que todos os problemas continuam. E somos obrigados a pensar que, às vezes, é mais fácil encarar situações extremas do que viver o dia-a-dia, igual e monótono, aceitando as diferenças dos outros. Porque num relato aparentemente de tom policial, é às relações humanas - e de cada um consigo mesmo - que o autor dá todo o destaque, arrastando-nos até ao âmago de Mia e Dany.
Graficamente atraente, com um traço limpo de pormenores desnecessários, em que as expressões fisionómicas são o mais marcante, com uma planificação multifacetada e dinâmica, a obra trilha um caminho que muitos, possivelmente, vão seguir nos próximos tempos: o cruzamento entre o grafismo asiático e a construção narrativa ocidental, embora sejam claramente inspirados naquele género algumas sequências mudas (ou quase), em que a imagem ganha toda a força da narração.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Janeiro/Fevereiro de 2008)
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