15/05/2013

Lucky Luke: Calamity Jane











René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 15 de Maio de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €



Se, como muitos, teria muitas outras séries e/ou colecções a sugerir – e que preferia, de longe - para serem editadas pelo jornal Público e a ASA, penso que esta segunda colecção de Lucky Luke foi uma boa escolha. Porque, convém que a minoria que compra regularmente BD se lembre, estas colecções não são só para eles, mas tentam também chegar – e chegam com certeza, senão as suas vendas não as sustentariam - a um público mais genérico.
Sob este ponto de vista, a reedição de um excelente lote de títulos clássicos de Lucky Luke – do melhor que a série tem – há muito esgotados entre nós, com a benesse de um preço muito convidativo (em tempo de crise), só pode ser louvada.


Posto isto, deixo uma breve análise a “Calamity Jane”, que encerra com chave de ouro esta colecção. Se em Lucky Luke, as mulheres em papéis com algum protagonismo são uma raridade, este álbum é uma digna excepção, mesmo que dificilmente se reconheça Calamity Jane (aliás  Martha Jane Cannary) como uma boa representante do sexo dito belo e frágil. Porque, reconheça-se, ela não é uma coisa nem outra.
Figura lendária do oeste – cuja lenda, ao que parece, ela própria alimentou como neste álbum é reforçado – Calamity Jane – que a BD já tratou de outras formas – serve a Goscinny para explorar em tom mordaz as diferenças entre sexos e os estereótipos geralmente ligados ao feminino, num tempo e num meio onde imperavam a violência, a falta de cortesia e mesmo de respeito.
O banho de Lucky Luke, as experiências culinárias, a hipocrisia das beatas, o episódio do professor de etiqueta ou o chá com a nata da sociedade feminina, são mais uma série de momentos irresistíveis, numa história em que se chega a ter pena dos facínoras que o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra desta vez enfrenta.

Nota final: (Re)li “Calamity Jane” na edição da Meribérica/Líber de 1989, e foi de lá que extraí as imagens que ilustram este texto.


14/05/2013

IX Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja: As Exposições

1 a 16 de Junho de 2013


21 EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS E COLECTIVAS
9 NÚCLEOS EXPOSITIVOS NO CENTRO HISTÓRICO
AUTORES DA ARGENTINA, BRASIL, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, FRANÇA, GRÉCIA, JAPÃO E PORTUGAL
16 DIAS DE PROGRAMAÇÃO PARALELA
APRESENTAÇÃO DE PROJECTOS, LANÇAMENTOS, CONVERSAS, OFICINAS, SESSÕES DE AUTÓGRAFOS, CINEMA E MÚSICA
MERCADO DO LIVRO – A MAIOR LIVRARIA DO PAÍS

O FESTIVAL INAUGURA DIA 1 DE JUNHO, SÁBADO, ÀS 14H30

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
ANDRÉ FERREIRA – Portugal

ANDRÉ LIMA ARAÚJO – Portugal

ANDREIA RECHENA – Portugal

DAVID CAMPOS – KASSUMAI – Portugal

FRANCISCO PAIXÃO – Portugal

JEAN-CLAUDE MÉZIÈRES – França

JOÃO AMARAL – Portugal

JORGE GONZÁLEZ – Argentina

JOSÉ RUY – UM MESTRE DA BANDA DESENHADA PORTUGUESA – Portugal

PEDRO ZAMITH – " HELL COME TO MY WORLD " – Portugal

SAMA – Brasil


EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
HERÓIS DE BARRO – Portugal

GIBANDA: DO PARANÁ AO BAIXO ALENTEJO – Brasil

HERÓIS DE BANDA DESENHADA NO SÉCULO XXI – Portugal

ILAN MANOUACH & PEDRO MOURA – VARIAÇÕES SOBRE O ANJO DA HISTÓRIA – Grécia / Portugal

JOANA AFONSO & NUNO DUARTE – O BAILE – Portugal

JOÃO SEQUEIRA & MIGUEL COSTA FERREIRA – PSICOSE – Portugal

PRÉMIOS PROFISSIONAIS DE BD – Portugal

STAN LEE – JUST IMAGINE… STAN LEE TEM 90 ANOS – Estados Unidos da América

SAKURA & BANZAI – Japão / Portugal

TÓ TRIPS & PEDRO GONÇALVES – DEAD COMBO SOUND FILES – Portugal


MOSTRAS NA BEDETECA
CARLOS ROCHA & AIDA TEIXEIRA – VAMOS APRENDER – Portugal

HUGO TEIXEIRA & VIDAZINHA – MAHOU. PERDIDOS NO TEMPO – Portugal

JOÃO RAZ – OUTROS MUNDOS – Portugal

JÔ BONITO & NUNO AMADO – ZAKARELLA – Portugal


EM BREVE DISPONÍVEL TODA A PROGRAMAÇÃO PARALELA

(Texto da responsabilidade da organização)

13/05/2013

Super-heróis da DC Comics com o jornal Público










Ainda estão frescas as notícias da próxima colecção do Público, dedicada ao Marsupilami e, nas bancas, as revistas brasileiras com os Novos 52 da DC Comics vão apenas no terceiro número, e As Leituras do Pedro apuraram que está a ser preparada uma colecção com os super-heróis da DC Comics, que será publicada pelo jornal Público, de novo em parceria com a Levoir, tal como aconteceu com os “Heróis Marvel”  há sensivelmente um ano.
Desta vez serão 20 volumes, protagonizados pelo Super-Homem, Batman, Lanterna Verde, Arqueiro Verde, Flash e outros, cuja publicação deverá ter início nas primeiras semanas do  Verão.
Nesta colecção, que tentará o equilíbrio entre narrativas clássicas e outras mais recentes, será possível encontrar a assinatura de nomes como Neal Adams, Geof Johns, Ivan Reis, Brian Azzarello ou Jim Lee.
Assim que houver mais informações, As Leituras do Pedro voltarão ao tema.

Star Wars em Maio


 (Planeta DeAgostini)

Comics Star Wars #9 - Clássicos 9
13 de Maio de 2013

Comics Star Wars #10 - Clássicos 10
20 de Maio de 2013

Comics Star Wars #1 - Clássicos 11
27 de Maio de 2013

12/05/2013

Prémios Profissionais de BD 2012 - Nomeados



ÁLBUM DO ANO

O BAILE (KINGPIN BOOKS)

DIÁRIO RASGADO (MUNDO FANTASMA)

HAN SOLO (POLVO)

SANGUE VIOLETA E OUTROS CONTOS (EL PEP) 


ARGUMENTISTA DO ANO

NUNO DUARTE (O BAILE)
MARCO MENDES (DIÁRIO RASGADO)
RUI LACAS (HAN SOLO & ASTEROID FIGHTERS 2 – OS ORÁCULOS)
MIGUEL PERES (CINZAS DA REVOLTA)


DESENHADOR DO ANO

JOANA AFONSO (O BAILE)
MARCO MENDES (DIÁRIO RASGADO)
RUI LACAS (HAN SOLO & ASTEROID FIGHTERS – OS ORÁCULOS)
AFONSO FERREIRA (LOVE HOLE)


COLORISTA DO ANO

JOANA AFONSO (O BAILE)
RUI LACAS (HAN SOLO & ASTEROID FIGHTERS 2 – OS ORÁCULOS)
ARTUR CORREIA (O PAÍS DOS CÁGADOS)
JOÃO AMARAL (CINZAS DA REVOLTA)


LEGENDADOR DO ANO

MÁRIO FREITAS (O BAILE)
MARCO MENDES (DIÁRIO RASGADO)
RUI LACAS (ASTEROID FIGHTERS 2 – OS ORÁCULOS)
RUI LACAS & HUGO JESUS (HAN SOLO)


DESIGNER DE PUBLICAÇÃO DO ANO

MÁRIO FREITAS (O BAILE)
MARCO MENDES (DIÁRIO RASGADO)
RUI LACAS (HAN SOLO)
JOANA PIRES (MESINHA DE CABECEIRA #23)


ANTOLOGIA DO ANO

ZONA DESENHA (ASSOCIAÇÃO TENTÁCULO)
GRAPHITE #O (GBS EDIÇÕES)
MESINHA DE CABECEIRA #23 (CHILI COM CARNE)
ZONA NIPPON 1 (ASSOCIAÇÃO TENTÁCULO)


WEBCOMIC DO ANO

MARGEM SUL (PEDRO BRITO)
THE MIGHTY ENLIL (PEDRO CRUZ)
OS POSITIVOS (OS POSITIVOS)
STORY OF GODZ (PEDRO FERNANDES, GEVAN & LUÍS VALENTE – YUCCA STUDIOS)

Os PRÉMIOS PROFISSIONAIS DE BD (PPBD) foram criados em 2012 e estão a ser organizados por cinco pessoas ligadas à banda desenhada e ao jornalismo: André Oliveira, Inês Fonseca Santos, Maria José Pereira, Mário Freitas e Nuno Amado. A iniciativa tem como objectivo distinguir as melhores obras portuguesas de BD publicadas no nosso país no ano civil anterior àquele em que são atribuídos os prémios. Pretende ainda apresentar-se como uma montra e um motor permanente do que de melhor se faz na BD nacional.
As obras nomeadas para a primeira edição dos PPBD foram seleccionadas por um Grande Júri composto por 25 personalidades ligadas a esta área – de autores a investigadores, passando por jornalistas e divulgadores. Em análise, encontram-se mais de 30 obras publicadas em Portugal entre Janeiro e Dezembro de 2012.
O anúncio dos nomeados em cada categoria – Álbum do Ano; Argumentista do Ano; Desenhador do Ano; Colorista do Ano; Legendador do Ano; Design de Publicação do Ano; Antologia do Ano; WebComic do Ano – foi feito no dia 11 de Maio, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Lisboa, durante o Festival Anicomics.
Dia 24 de Maio, o auditório da Torre do Tombo acolherá a cerimónia de entrega dos PPBD.
Acrescente-se ainda que, num primeiro momento, será no Festival Internacional de BD de Beja, em Junho, e na livraria Kingpin Books, em Lisboa, que vão poder ser vistas as obras vencedoras, estando previstas outras exposições a divulgar oportunamente.

(Comunicado da organização, actualizado por As Leituras do Pedro)

Leituras a fazer

Edições publicadas recentemente, um pouco por toda a parte,
que eu gostava de ter.
E que nalguns casos até já tenho!


La Gallerie des Illustres
Vários autores
Dupuis
Bélgica

 Luluzinha – Primeiras histórias #1
John Stanley e Irving Tripp
Pixel, Classic Media
Brasil

Lire: Un siécle de BD
Hors-Série #15
L'Express

Turma da Mônica: Laços
Colecção Graphic MSP
Vítor e Lu Cafaggi
Panini Comics
Brasil

10/05/2013

Hallali pour Ric Hochet








A. P. Duchateau (argumento)
Tibet (desenho)
Le Lombard
França, Janeiro de 1979
223 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
8,30 €


Paixão de adolescência – a que reconheço hoje alguma ingenuidade – regresso recorrentemente a Ric Hochet, não esperando ser surpreendido pelas intrigas policiais de Duchateau e Tibet, antes com a certeza (e a segurança?) do que vou (re)encontrar.

09/05/2013

BD e TV partilham heróis











O lançamento recente em Portugal de novos volumes aos quadradinhos de “A Guerra dos Tronos” (Planeta) e de “The Walking Dead" (Devir), é apenas a ponta de um icebergue de proporções cada vez maiores: a relação próxima entre BD e televisão.

Curiosamente, os dois exemplos citados têm percursos diversos. “A Guerra dos Tronos” da HBO baseou-se nos romances de Georges R. R. Martin, ambientados no universo místico de Westeros e na luta pelo poder dos Sete Reinos, transportando-os para a televisão com assinalável sucesso; isso originou a apetência da Marvel para criar uma versão aos quadradinhos, da autoria de Daniel Abraham e Tommy Paterson, já com dois volumes editados entre nós.
Quanto a “The Walking Dead”, cujas exibições têm batido todos os recordes de audiência, teve como base a banda desenhada de culto de Robert Kirkman, Tomy Moore e Charlie Adlard, que transformou num sucesso comercial. Curiosamente, BD (que já ultrapassou a centena de números mensais, um quarto dos quais compilados em cinco tomos em português) e série televisiva da AMC seguem caminhos paralelos mas dispares, com personagens fundamentais a surgirem e/ou desaparecerem em momentos distintos.
Isso levanta uma questão importante – extensível a todos os tipos de adaptação: para funcionarem no novo suporte, têm que assumir as suas regras e características, embora mantendo a fidelidade ao espírito – não à forma – da criação de partida.
Isso é evidente também em “Arrow”, uma produção do The CW, protagonizada por Stephen Amell e Katie Cassidy, em exibição na RTP 1 aos domingos à tarde, que traz para o pequeno ecrã as origens do Arqueiro Verde, um dos justiceiros da DC Comics. Nesta série, Oliver Queen um jovem playboy, após passar cinco anos numa ilha deserta, regressa à sua cidade natal decidido a combater o crime e a corrupção sob identidade secreta.
Menos feliz foi a transposição de “XIII”, um dos grandes sucessos da BD franco-belga, criado por Van Hamme e Vance, parcialmente editado em português, para a série com o mesmo título exibida no AXN. Co-produção franco-canadiana, protagonizada por Stephen Dorff, conta a saga de um homem sem memória envolvido num atentado contra o presidente dos Estados Unidos, em busca da sua identidade e do seu passado.
E para quem gosta destas parcerias entre os heróis de papel e os do pequeno ecrã, o Verão, já bem próximo, anuncia-se prometedor: Dexter (protagonizado por Michael C. Hall) e The X-Files - com os célebres agentes Mulder (David Duchovny) e Scully (Gillian Anderson) - são duas séries televisivas de sucesso que vão trilhar novos caminhos – para já envoltos nalgum segredo - em banda desenhada, num mercado norte-americano onde já coexistem ou passaram recentemente versões desenhadas de Castle, 24, Mad Men, CSI ou Fringe.
A um outro nível – e tantas vezes erradamente designados como banda desenhada - muitos dos desenhos animados que ao longo dos anos vimos na TV também transitaram entre o pequeno ecrã e os livros aos quadradinhos.
Para lá dos mais óbvios heróis Disney, vindos do Japão, DragonBall e Yu-Gi-Oh! (que a ASA editou parcialmente) e Naruto (cuja estreia em livro a Devir anuncia para breve) são casos evidentes, nascidos em papel e transformados em êxitos televisivos para várias gerações.
Os super-heróis da DC Comics presentes mensalmente nos quiosques portugueses são há muito, igualmente, matéria-prima por excelência para produções televisivas. “Liga da Justiça sem limites” e “Batman: valentes e audazes” são dois exemplos de séries animadas em exibição no Panda Bigs que vale a pena espreitar. Da rival Marvel, estão disponíveis versões animadas de Homem de Ferro, Homem-Aranha ou Vingadores.
O caminho contrário, da TV para a BD, foi trilhado – embora com menos sucesso – pelos Simpsons e os protagonistas de Futurama, duas criações de Matt Groening.
Nos últimos anos, a TV decidiu também aproveitar a produção de excelência que a BD franco-belga constitui. Os Schtroumpfs, os Dalton, Billy the Cat, Titeuf - criação de Zep cujas tiragens em França só têm paralelo com Astérix – ou Marco António – em exibição na RTP2 e curiosamente baseado numa BD espanhola - são alguns dos exemplos possíveis.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Maio de 2013)

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