Apocalipse
Filipe Melo (argumento)
Juan Cavia (desenho)
Santiago Villa (cor)
Martin Tejada (adaptação sequencial)
George A. Romero (prefácio)
Tinta-da-China (Portugal, 1 de Novembro de 2011)
170 x 240 mm, cor, 112 p., brochado com badanas
16,90 €
Resumo
Depois de evitarem o fim do mundo. Dog Mendonça, o lobisomem de meia-idade, PizzaBoy, agora operador de call-center, o demónio Pazuul e a gárgula falante são obrigados a juntar-se novamente, desta vez para evitar o Apocalipse…
E para além deste quarteto fantástico, numa catástrofe de proporções bíblicas, até a Virgem de Fátima faz uma perninha!
Desenvolvimento
Neste novo livro, a história começa cinco anos após os acontecimentos marcantes do primeiro volume, em belos cenários desenhados por Juan Cavia, servidos por cores mais claras e um traço bem mais definido que muito valorizam a obra, embora custe a acreditar que numa país chamado Portugal, num intervalo de tempo tão curto, Lisboa fosse tão rapidamente reconstruída…!
PizzaBoy trabalha agora num call-center, onde presta ajuda informática. A atitude enfadada, o desinteresse pela tarefa, a falta de atenção dada a quem telefona, os conselhos factuais – “tente desligar o router e reiniciar o computador” - mostram que afinal estamos no mundo real!
Quanto à trama, ela é espoletada por um padre perseguido pelo Vaticano que recorre a Dog Mendonça e à sua equipa para deterem o Apocalipse… iniciado “há quinze minutos e dez segundos”. E se a ética impede o detective de salvar “o mundo à borla”, a precipitação dos acontecimentos não lhe dará outra hipótese, levando ao reencontro dos quatro protagonistas.
Desencadeia-se então a acção, em grande estilo e em ritmo acelerado, que, entre pragas, confrontos monumentais, perseguições e a análise da previsão bíblica através de uma edição… infantil (!), vai levar os protagonistas a Fátima – onde, tal como Jacinta, Francisco e Lúcia, terão direito à respectiva aparição.
Num volume, mais uma vez recheado de referências a uma certa cultura pop, da música, do cinema, da televisão, da própria BD e até auto-citações (!), consubstanciada em zombies, monstros fofinhos, bestas do apocalipse, teorias da perseguição, conspirações religiosas e o mais que os leitores se vão divertir a descobrir, Filipe Melo cria uma obra plena de bom humor, bem escrita e cativante que o leitor não tem outro remédio do que ler num só fôlego.
Aos diálogos, escritos como poucas pessoas o fazem em Portugal – na BD, para além de Arlindo Fagundes não me ocorre mais ninguém – ritmados, vivos, credíveis, divertidos, repletos de alusões e trocadilhos, Melo e os seus companheiros acrescentam também uma planificação muito dinâmica, com múltiplas tomadas de pontos de vista e alguns efeitos bem conseguidos em termos narrativos, como a mudança de cenas mantendo os planos e dando sequência às frases, logo nas páginas iniciais, uma melhoria evidente na aplicação da cor e na iluminação das cenas, bem mais claras e legíveis, e um aprimoramento do traço ágil, caricatural e expressivo, mostrando-se Juan cavia completamente à vontade tanto com a figura humana como nos cenários - naturais ou dantescos - com os quais vão prendendo e surpreendendo o leitor, página após página.
Desta forma, este livro confirma tudo o que o primeiro já tinha mostrado e prometido, indo ainda mais além, com o refinamento da escrita, a melhoria gráfica e a melhor colorização, tendo tudo para ser mais um sucesso em Portugal (à dimensão do nosso mercado, claro) e para passar além-fronteiras, como aliás já está a acontecer com uma nova história, a ser actualmente publicada na revista norte-americana Dark Horse Presents, de que hei-de falar proximamente.
No final, com Lisboa mais uma vez destruída (o que não indicaria um daqueles estudos psicológicos de pacotilha…?), fica a inevitável ponta solta que promete uma continuação para as aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy.
Que, já antevejo, terão no título algo como “assombrosas” ou “espantosas” e um “III” no final…
A reter
- A escrita de Filipe Melo: incisiva, divertida, fluente.
- A significativa melhoria da iluminação, da cor, que realçam ainda mais o traço - melhorado com a prática - de Juan Cavia.
- As boas recordações que as muitas referências trazem a quem foi passando por elas.
- O dossier final com o making-of do livro.
- A mais-valia do prefácio de George A. Romero.
Lançamentos
Tal como aconteceu com o primeiro volume, também este vai ser objecto de uma mini-tournée de apresentação e lançamento, sempre com a presença de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa, numa promoção empenhada que não justifica por si só o sucesso que a obra inicial conquistou, até porque o seu valor e potencial são inegáveis, mas ajuda a explicá-lo. Por que em Portugal, poucas vezes a BD tem sido alvo da promoção que poderia alavancá-la para lá do nicho habitual de consumidores…
Eis as datas já anunciadas:
1 de Novembro
16h – Lançamento oficial, AmadoraBD 2011 – Fórum Luís de Camões, à Brandoa
17h-19h – Sessão de autógrafos, AmadoraBD 2011
20h – Lançamento na Tertúlia de BD de Lisboa – Parque Mayer
23h – Lançamento no Shortcutz – Bicaense, Lisboa
2 de Novembro
22h – Lançamento no Shortcutz – Hardclub, Porto
3 de Novembro
18h30 – Lançamento na FNAC Chiado, Lisboa
4 de Novembro
18h00 – Lançamento na FNAC Santa Catarina, Porto
19h30 – Lançamento na Mundo Fantasma, Porto
5 de Novembro
15h – Lançamento na Bertrand, Caldas da Rainha
6 de Novembro
15h – Sessão de autógrafos, AmadoraBD 2011
16h – Lançamento “Dog na Dark Horse”, AmadoraBD2011
17h-19h – Sessão de autógrafos, AmadoraBD 2011
9 de Novembro
18h30 – Lançamento na Dr. Kartoon, Coimbra
21h – Lançamento na FNAC Coimbra
10 de Novembro
10h - Aula aberta de BD com João Lameiras, Guimarães
Já o li e é sem dúvida um livro a salientar, não só neste Amadora BD, como um dos grandes lançamentos deste ano em português!
ResponderEliminarBrevemente também irei fazer um post sobre este livro!
;)
Abraço
Olá Bongop,
ResponderEliminarSem dúvida este livro está muito bom - tal como a história da Dark Horse Presents!
É altamente recomendável!
Boas leituras!
A da Dark Horse ainda não li porque não a tenho completa. Só tenho o Dark Horse Presents nº4...
ResponderEliminar:(
Pedro, que semelhanças ou não semelhanças, encontra entre o "Dylan Dog" e o "Dog Mendonça e PizzaBoy"?
ResponderEliminarAntónio Quadros
Bongop,
ResponderEliminarEu já li os três primeiros episódios - que de certa forma são autoconclusivos - que vão sair na DHP e que abordam a origem e juventude do Dog Mendonça e acho que estão perfeitamente ao nível deste livro...
E a Dark Horse gostou deles o suficiente para encomendar mais um...
Boas leituras!
Caro António Quadros,
ResponderEliminarAqui está sem dúvida uma questão muito interessante e apetecível que, quem sabe até poderá dar um (grande) post futuramente aqui em As leituras do Pedro.
Não há dúvida que há muitos pontos de contacto entre o Dylan Dog e o Dog Mendonça - estou até convencido que o DD - cuja leitura também aconselho vivamente - é uma das leituras de referência do Filipe Melo.
De forma breve, pode-se dizer que algumas das semelhanças mais evidentes, para além da persença da palavra "Dog" no nome de ambos - eh eh eh!) são a abordagem humorística (com muito nonsense) ao género terror fantástico, as múltiplas referências e citações que se encontram nas respectivas bandas desenhadas e a forma como os protagonistas se parodiam muitas vezes a si próprios...
Boas leituras... do Dog e do Dylan!