A banda desenhada acaba de perder um dos seus maiores
poetas, Frédéric Othon Théodore Aristidés, mais conhecido como Fred.
Francês de ascendência grega, nascido a 5 de Março de 1931,
publicou a sua primeira banda desenhada, “Journal de bord”, em 1954, na “Zero”.
Aí conheceu Georges Bernier (o célebre professor Choron) e François Cavanna,
com quem fundara a “Hara-Kiri”, em 1960, de que foi director artístico.
Cinco anos mais tarde, juntou-se à equipa da “Pilote”, dando
um contributo decisivo para fazer da banda desenhada uma arte (também) para
adultos, assinando as primeiras aventuras de Philémon, uma série poética,
filosófica e experimental, cujo protagonista, um sonhador, começou por saltar
de letra em letra, na palavra Atlântico, pois cada uma é uma ilha no meio
daquele oceano, e depois partiu à descoberta de novos mundos e realidades
paralelas.
O último álbum da série, “Le train où vont les choses”, que Fred
fez ponto de honra terminar para “fechar o círculo”, foi publicado há poucas semanas,
constituindo assim uma espécie de testamento artístico de um autor que
Angoulême distinguiu com o Grande Prémio, em 1980, e que homenageou de novo com
uma exposição antológica na edição deste ano.
Autor inquieto, crítico da sociedade e em busca da
diferença, que foi capaz de inovar na narrativa aos quadradinhos cuja estrutura
soube explorar graficamente como poucos, Fred, a par dos 16 álbuns de
“Philémon” (apenas o primeiro, “O Náufrago do ‘A’” foi editado em português,
pela Meribérica/Líber), legou-nos também obras como “Le Petit Cirque” (1973), “Le
Journal de Jules Renard lu par Fred” (1988; “O Diário De Jules Renard lido por
Fred”, Bertrand Editora), “L’Histoire du corbac aux baskets” (1993; Melhor
Álbum de Angoulême 1994; “A história do corvo de Ténis”, Meribérica/Líber), “L’Histoire
du conteur électrique” (1995; “A História do Contador Eléctrico”,
Meribérica/Líber) ou “L’Histoire de la dernière image” (1999) cuja (re)leitura
vivamente aconselho.
Uma pena! E igualmente triste do que perder um aritsta dessa natureza é constatar que talvez não haverá mais artistas assim.
ResponderEliminarUma pena!
Abraços.
Fabiano Caldeira.
Caro Fabiano,
EliminarPartilho a tristeza mas acredito que a BD ainda nos vai dar muitos outros criadores, tão relevantes como Fred, embora com características diferentes!
Boas (re)leituras de Fred!
Quase desconhecido mas mesmo assim um dos meus favoritos. Fica a obra que é... fantástica!
ResponderEliminarQuase desconhecido mas mesmo assim um dos meus favoritos. Fica a obra que é... fantástica!
ResponderEliminarFantástico, sem dúvida, Mário!
EliminarAcabei de reler o primeiro Philémon e A História do corvo de ténis e confirmei - como se fosse preciso - a grande perda que é para a BD.
É (mais) um símbolo de uma geração e de um momento marcante da BD francófona que se vai...
Boas (re)leituras de Fred!
Grande Fred, enorme Fred! Lembro a maravilhosa adaptação que ele fez do Diário de Jules Renard...
ResponderEliminarSaudações cordiais.
Caro Ricardo António Alves,
EliminarFoi nesse livro que o conheci, numa inesperada edição da Bertrand...
Boas (re)leituras de Fred!
A genialidade e o espírito inventivo de Fred foram sempre patentes para quem leu as suas obras. O que se lamenta é que tão poucas tenham sido publicadas em Portugal, sobretudo "Philémon", para mim a sua maior criação. Poderá afirmar-se categoricamente que Fred era um autor pouco comercial? Por essa ordem de ideias, outros génios da BD também o eram... mas as suas criações ainda perduram. Será que alguns dos nossos editores só vêem (viam) cifrões?
ResponderEliminarTambém vou reler o Fred...
Abraços do
Jorge Magalhães
Caro Jorge Magalhães,
EliminarFred é mais um dos (muitos e bons) autores esquecido em Portugal.
Pouco comercial? Acredito que sim. Mas também acredito que qualquer autor do seu gabarito poderá vender desde que seja trabalhado devidamente...
Boas (re)leituras de Fred!