Considerado por muitos ‘o mais europeu dos mangakas’
(autores de banda desenhada japoneses), pelo seu estilo próximo da linha clara,
Taniguchi era um autodidacta que iniciou o seu percurso na BD na década de
1970, como assistente de Kazuo Kamimura, um autor de renome no Japão. Na
segunda metade daquela década, publicou as suas primeiras obras, de tom
policial, com o argumentista Natsuo Sekigawa.
A descoberta da banda desenhada ocidental, nos anos 1980, seduziu-o
de imediato e fê-lo descobrir que havia outras formas de narrar e de abordar temas
mais adultos e complexos em autênticos romances gráficos com apenas umas poucas
centenas de páginas, em oposição às séries de sucesso do seu país de origem,
que facilmente somam milhares de páginas.
Entre 1985 e 1991 publicou, de novo com Sekigawa, Botchan no Jidai, uma panorâmica da
literatura japonesa em homenagem ao escritor Natsume Sôseki.
O início da sua publicação no mercado francófono, em 1995,
pela Casterman, e a rápida adesão dos leitores ocidentais, levou-o a dedicar-se
a uma série de obras de carácter mais pessoal, marcadas por protagonistas muito
humanos, cujos temas fortes são a introspecção, as relações humanas e
familiares e a ligação do homem com a natureza, numa atitude respeitadora e
contemplativa.
Estes temas estão presentes em A arte de Jirô - O Homem que
Caminha (colecção Os Clássicos da
Banda Desenhada – Série Ouro, edição Devir com o jornal Correio da Manhã, em 2005), O
Diário do meu Pai e Terra
de Sonhos (colecção Novelas Gráficas,
2015 e 2016; edição Levoir com o jornal Público), três das suas obras mais
marcantes e as únicas editadas em português.
Da sua bibliografia, vasta e diversificada, onde também se
encontram westerns e obras de cariz culinário, fazem parte igualmente L’Orme
du Caucase, La
Montagne Magique, Ícaro (uma
colaboração com Moebius), Sky Hawk
(um western!), Le
Sauveteur ou Un
ciel radieux ou Quartier Lontain.
Este último foi distinguido com o Alph’Art
para melhor argumento, em 2003, pelo Festival de BD de Angoulême, que dois anos
depois o recompensaria com o troféu para melhor desenho, por Le sommet des dieux, tendo-lhe ainda dedicado
uma exposição retrospectiva em 2015.
(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Fevereiro de 2017; clicar no título dos livros a cor diferente para encontrar uma leitura
crítica da obra; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)
As publicações em português da sua obra fizeram-me ficar um verdadeiro fã.
ResponderEliminarGrande autor, com uma abordagem muito intimista.
Filipe Simões
Seria bom a Levoir dar continuidade à publicação de mais obras.
ResponderEliminarLuís Campos
Não esperava...Li os dois que foram publicados pela Levoir, gostei muito do "Terra de Sonhos". Deixa uma obra bonita de cariz muito humano. Espero que publiquem mais obras suas.
ResponderEliminarÀ imagem dos comentários anteriores também eu foi um leitor que ficou marcado pelas obras de Jirô Taniguchi por cá publicadas. Obras de um sentimento difícil de igualar.
ResponderEliminarEu também espero que as editoras portuguesas continuem a publicar as suas obras.