03/02/2017

La más buscada de S.H.I.E.L.D.

Influências



‘Marvel’, nos nossos dias, soa de forma diferente consoante a geração que ouve. Os mais novos, crianças e adolescentes, pensarão de imediato nos desenhos animados que passam nas TV’s, as gerações seguintes evocarão os filmes de sucesso que regularmente estreiam e, curiosamente, serão os que contam mais anos que associarão a Casa das Ideias primeiramente às histórias aos quadradinhos. Que estão, como todos sabemos, na origem de tudo o resto…

Seja na inspiração para os filmes e animações, recriando no ecrã o que até há poucos anos era possível só no papel, seja na ‘promoção’ de super-heróis ‘menores’ – e os Guardiões da Galáxia são aqui um bom exemplo…
Mas, esta lógica está longe de ter sentido único e assim, inversamente, há situações cinematográficas e televisivas que são transportadas para o papel (numa lógica de uma certa ‘homogeneização’ dos vários expoentes do mesmo universo), não só no conteúdo, mas muitas vezes também no estilo – e isto é algo que não vem só de agora…
Vem este intróito – que já vai longo – a propósito deste La más buscada de S.H.I.E.L.D., compilação dos primeiros seis comics de Black Widow vol. 7 - publicados na segunda metade de 2016 nos EUA e agora (já) editados em livro aqui ao lado em Espanha…
Protagonizado pela mais conhecida espia da Marvel – também ela puxada para a ribalta depois da sua participação nos filmes dos Vingadores em que, e isto não é secundário, foi interpretada por Scarlett Johansson – mostra-a sozinha, contra tudo e contra todos, pressionada para desviar documentos da S.H.I.E.L.D., enquanto o seu passado (soviético) volta a assombrá-la e um terrível segredo desse período ameaça torná-la um alvo por parte dos Vingadores que em tempos integrou, com o Iron Man à cabeça.
História de espionagem e acção, de tom leve e descontraído - e isto nada tem de errado… - apesar de alguns confrontos mais violentos e do sangue que facilmente jorra, num primeiro momento a sensação que o leitor pode ter é que Chris Samnee, co-argumentista e, para o que agora é relevante, também desenhador, bebeu no género manga a inspiração para retratar Natasha Romanoff e os seus feitos. Se ao nível dos rostos isso pode transpirar aqui ou ali, é mais na planificação das cenas de acção e no uso de linhas cinéticas de movimento que isso se torna mais visível. Parece-me, no entanto, que uma análise mais cuidada acabará por indiciar outra influência mais significativa: a dos desenhos animados, pela forma acelerada, ritmada e quase muda como as cenas mais dinâmicas – combates, perseguições, fugas… - surgem aos nossos olhos. Nelas, a narrativa faz-se quase só ao nível gráfico, não surpreendendo – mesmo sendo surpreendente! - que em mais de meia centena de pranchas (!) o uso de balões seja residual ou mesmo inexistente. [O que indicia o público-alvo a que primeiramente se destina, numa tentativa (?) de ganhar para os quadradinhos os que chegaram à Marvel por outras vias, num fechar de círculo importante para a sustentabilidade dos diversos segmentos.]
Isso contribui sobremaneira para a tal leitura ‘leve e descontraída’ até porque o ritmo acelerado que é imposto e o dinamismo atingido acaba por dissimular algumas fragilidades do argumento, da sua linearidade à facilidade com que a protagonista resolve situações extremas.

Viuda Negra: La más buscada de S.H.I.E.L.D.
Inclui Black Widow vol. 7 #1 a #6 (EUA, 2016)
Colección 100 %
Mark Waid (argumento)
Chris Samnee (argumento e desenho)
Mathew Wilson (cor)
Panini Comics
Espanha, Janeiro de 2017
175 x 260 mm, 136 p., cor, capa dura
15,00 €


(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

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