Não sei se é uma questão geracional ou advém da minha (de)formação enquanto leitor, e sinto que vai soar estranho e haverá certamente vozes discordantes, mas a verdade é que há temáticas de base, tradicionais, recorrentes - escolham o adjectivo que preferirem - que são meio caminho andando para uma banda desenhada me agradar. Como (n)este Moonshine.
O Oeste selvagem, a II Guerra Mundial, a Guerra Fria ou, como no caso
presente, o policial negro associado aos anos da Grande Depressão e
da Lei Seca, parecem ter um magnetismo especial que quase garante a
minha satisfação por um qualquer relato que neles se ambiente - e
quem me conhece sabe o quão exagerado isto soa...!
Escrevo acima 'quase' e a chave aqui é o 'quase', porque,
evidentemente, a imaginação e a criatividade do(s) autor(es) - para
já não entrar em territórios mais questionáveis como a sua
genialidade - são fundamentais para esse êxito.
Azzarello
e Risso, uma dupla que já nos serviu excelentes iguarias - Batman
Noir
ou 100
Balas
(olha, que curioso, dois policiais
negros...!)
são exemplos fáceis - e que volta aqui a demonstrar a sua química
numa história, nos tais anos 1930, baseada na tentativa por parte de
um (re)conhecido gangster de levar para a grande cidade uma bebida
(clandestina) fabricada em zona rural. A existência de diversas
facções vendedoras - ou não; a negociação - por isso - menos
fácil do que o esperado; o contacto com uma realidade diferente
(para um citadino); um
certo clima místico associado a uma das comunidades (negras) rurais;
a
violência crua a que Azzarello já nos habituou, são ingredientes
que tornam mais apetecível o relato, aprimorado pela ambientação
negra e dura que o traço de Risso e as suas cores lisas - à base de
amarelos desmaiados, cinzas de vários tons e azuis - tornam quase
palpável.
Uma
das boas surpresas para mim do final de 2018 - expectáveis (pelo
tema!) e pela dupla criativa - Sangue
e Whisky
adiciona a esta combinação e ao contexto (pré-aprovado) um toque
de fantástico
-
consubstanciado
em... descubram na leitura! - sem
que isso afecte a coerência e a faceta realista do relato,
acrescentando-lhe mesmo um extra de suspense, que o eleva a outro
nível, agarrando ainda mais quem
já estava (pré-)seduzido,
até ao desenlace, inevitavelmente surpreendente e - quase de certeza
- fora das cogitações da maior parte dos seus leitores.
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as apreciar em toda
a sua extensão)
Tambem gostei muito!
ResponderEliminarUm "must have" aguardo o nº2 que espero que a GFloy faça saltar cá para fora.
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