Colecção Marvel Deluxe - Capitán
América #5
Ed Brubaker e Brian Michael
Bendis (argumento)
Steve Epting e Mike Perkins
(desenho)
Frank D’Armata (cor)
Panini Comics (Espanha, Julho de
2011)
175 x 265 mm, 176 p, cor,
cartonado
16,95 €
Resumo
Compilação dos comics Captain America vol. 5, #25 a #30 da
edição original norte-americana, narra o assassinato do Capitão América, na
sequência dos acontecimento do final da saga Guerra Civil, e como esse
acontecimento afecta todos aqueles que de alguma forma estavam a ele ligados.
Desenvolvimento
Se é verdade que as maxi-sagas que recorrentemente abalam os
universos da Marvel ou da DC Comics têm primeiramente um vincado intuito
comercial, quer pelo impacto mediático, quer pela multiplicação de mini-séries
a ela associadas que obrigam à compra de um sem número de edições, a verdade é
que, após deixar assentar a poeira levantada, por vezes é possível encontrar
boas histórias, especialmente nessas tais séries paralelas.
A Guerra Civil que (mais uma vez) revolucionou o universo
Marvel em meados da década passada, não é excepção e o seu momento fulcral – a
morte do Capitão América – é um dos casos atrás descritos.
Líder da resistência contra o registo obrigatório dos super-heróis,
após um combate com o Homem de Ferro que encabeçava a facção oposta, o Capitão
América é preso. Ao ser levado para julgamento, é atingido mortalmente a tiro.
Começava assim, de forma marcante, o Captain America #25, ou
não fosse o seu herói titular um dos maiores (se não mesmo o maior) símbolos
dos EUA nos comics. Ultrapassando as expectativas dos próprios criadores, a
notícia foi então difundida por jornais, rádios e televisões por todos os
Estados Unidos e mesmo no estrangeiro, transformando-se num acontecimento
mediático planetário.
Deixando estes acontecimentos acessórios de lado, de volta
aos quadradinhos, Ed Brubaker, autor que passou pelo Salão de BD do Porto nos
anos 90, “responsável pelo assassinato”, constrói uma história consistente e
bem sustentada, que, iniciada praticamente com o acontecimento de maior
impacto, é desenvolvida depois num crescendo que terá, rapidamente, novo
momento marcante com o surpreendente desvendar de quem (aparentemente?) matou o
super-herói.
Depois, o relato adopta um tom de espionagem e policial que
lhe serve para explorar a forma como as diversas pessoas e organizações
receberam a notícia e qual o impacto que o acontecimento teve nelas e no “povo”
norte-americano em geral, acentuado pela utilização de flashbacks cirúrgicos
que ajudam a compreender acções e reacções e explicar o que o Capitão América
representava, transformando esta história também numa sentida homenagem.
Tudo isto enquanto Tony Stark tenta pôr ordem na SHIELD,
Nick Fury orquestra na clandestinidade, o Caveira Vermelha, auxiliado pela sua
filha Pecado, se revela como o vilão por detrás da morte, Sharon Carter, a
braços com perturbantes segredos, tenta recompor-se do abalo e o Falcão, por um
lado, e o Soldado Invernal (Bucky Barnes), por outro, com intuitos diversos – a
justiça, um, a vingança, o outro – tentam descobrir o responsável pelo
assassinato.
O traço seguro, dinâmico e de grande realismo de Epting,
ajuda a realçar a ambiência que Brubaker lhe imprimiu, mas revela-se igualmente
apto para as cenas e confrontos em que prevalece a faceta super-heróica.
A continuação da história, que passará pela perseguição do
assassino mas,também – inevitavelmente – pelo regresso do herói, em moldes a
desvendar, pode ser lida em “Capitán América – El peso de los sueños”, em breve
aqui no blog.
A reter
- A mestria narrativa demonstrada por Brubaker que faz de um
acontecimento de grande impacto mas curta duração e final expectável, uma bela
história negra em tom policial e de espionagem enquanto também homenageia o
herói tombado.
- O traço hiper-realista de Epting.
- A bela capa do volume, correspondente à do comic-book #25.
- A edição irrepreensível da Panini espanhola, com capa
dura, inclusão de capas alternativas, uma exemplar introdução de Raimón Fonseca
e entrevistas com Ed Brubaker e Steve Epting, entre outros extras.