Esta é uma viagem ao mundo da infância, ao imaginário
infantil, às brincadeiras, partidas, disparates e maldades de que só os mais
pequenos são capazes.
Nota distintiva: tem lugar na Costa do Marfim, em meados da
década de 1970.
Marguerite Abouet (argumento)
Mas há também uma discussão entre irmãos sobre se as meninas podem ou não jogar futebol, que termina com um final politicamente incorrecto, em que um corcunda é tomado por alguém que engole bolas (!), uma dissertação sobre a possibilidade dos macacos substituírem irmãos menores ou uma história (não aconselhável a pessoas de estômago sensível) sobre lombrigas.
Pénélope Bagieu (argumento e desenho)
Patrick McEown (argumento e desenho)
E é de penitência, de (des)encontros, de errâncias sentimentais e de sexualidade mal assumida que nos fala este romance denso e complexo, no qual, muitas vezes, o relato se confunde com os sonhos – os pesadelos – do protagonista, hesitante entre viver o presente ou deixar que os seus sentimentos de culpa, os seus medos e as suas angústias assumam o controle e o impeçam de o desfrutar.
Por isso, a par da alegria do reencontro e da possibilidade de viverem o seu amor, surgem as sombras, as memórias, os falhanços e os momentos penosos de então, que pesam mais do que a possibilidade de ser (finalmente) feliz. Não só da parte dele, mas também da parte de Naomi, perdida numa busca errante e auto-destrutiva, incapaz de se assumir e de assumir os seus sentimentos, tentando encontrar na provocação e na transgressão de limites o que ela própria não consegue dar.

Jacques Ferrandez (argumento e desenho)
Jacques Ferrandez, também argelino, com uma planificação em que utiliza muitas vezes pranchas (ou pelo menos grandes vinhetas) duplas, traçadas com belas aguarelas, em que enquadra (outr)as vinhetas em que decorre a acção, consegue dar o protagonismo ao país, à agreste paisagem, quase lunar, conseguindo belos efeitos e retardar a leitura, pausando-a e reforçando sensações de silêncio, solidão, impotência…