Gallimard
França, Abril de 2010
175 x 245 mm, 128 p., cor, cartonado
Resumo
Zoé leva uma vida vazia e sem objectivos, entre o seu trabalho como hospedeira de acolhimento em eventos e salões, de produtos tão diversos como queijos ou automóveis, e as noites passadas com o seu companheiro, mais interessado em comida na mesa e sexo do que em partilhar a vida.
Thomas Rocher é um (ex-)escritor de sucesso, em falha de inspiração, que vive como um autêntico recluso no seu apartamento de onde nunca sai.
O acaso vai fazer com que os dois se cruzem e com que as suas vidas se modifiquem totalmente.
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Leve e despretensiosa mas bem escrita, esta é uma comédia romântica, terna e divertida, que aborda as relações pessoais e os meandros da criação, literária, no caso.
Por um lado, temos Zoé, desiludida com a vida que leva mas sem vontade e/ou capacidade de lhe dar a volta. Que descobre Thomas e, com ele, uma nova relação com novos desafios. E novas preocupações.
Depois, há também Thomas, escritor de sucesso, com falta de inspiração e um grande segredo na sua vida. Que em Zoe (re)encontra uma musa inspiradora. Mas também a necessidade (custosa) de (se) partilhar e revelar.
E finalmente, Agathe, ex-musa e ex-mulher de Thomas e (ainda) editora, com um papel relevante nos mecanismos da escrita e uma invulgar capacidade para descobrir talentos.
Com eles, Bagieu constrói uma cadeia de relações, de certa forma a três, embora longe do tradicional triângulo amoroso, por onde passam sentimentos como desespero, amor, cuidado, atenção, ciúme, e onde projectos de vida e ambições por vezes coincidem, por vezes se afastam, causando choques, obrigando a ajustes.
Pelo meio, a autora, ainda jovem, de 28 anos, mas demonstrando um grande conhecimento de como funciona o ser humano, vai revelando tiques e comportamentos, por vezes estereotipados e por isso reconhecíveis - o que torna a narrativa mais credível - mas verdadeiros. E condimenta-os com breves apontamentos de um humor mordaz e desconcertante, e umas quantas surpresas, que acabam por conduzir o relato para um final muito diferente do que aquele que o seu início – e mesmo esta resenha - pareciam indicar. Com nítidas vantagens para a obra… e para os seus leitores.
- O equilíbrio entre a novela romântica e os contornos mordazes de que a autora revestiu o todo.
- A expressividade dos rostos e do movimento corporal das personagens, com os quais Bagieu transmite sensações e emoções, que por vezes, tornam uma sequência muda ou uma simples vinheta bem mais eloquentes do que muitas páginas de texto.
- A forma como a autora conduz o leitor a seu bel-prazer, induzindo-o sucessivamente em erro, até ao inesperado – mas divertido – final.
Curiosidade
- Este álbum foi publicado na colecção Bayou, dirigida por Joann Sfar.
- As primeiras 15 pranchas do álbum podem ser lidas aqui.
- E as aventuras (reais) de Pénélope Bagieu no seu blog Ma vie est toute à fait fascinante.
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