24/05/2010

Turma da Mônica Jovem #15 a #17

Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Novembro de 2009 a Janeiro de 2010)
160 x 210 mm, mensal, 128 p., preto e branco, brochada

Odiada por alguns, bem recebida pela (maior parte da) crítica, amada pelos (seus muitos) leitores, a Turma da Mónica Jovem é um dos maiores sucessos aos quadradinhos de sempre no Brasil.
Se o efeito curiosidade – saber como seriam os elementos da Turma da Mónica uns anos mais velhos - poderá ter servido para o desencadear, a verdade é que só por si não seria suficiente para o manter ao longo de mais um ano. Por isso, as razões para o explicar devem ser procuradas nas próprias histórias.
Uma delas, é a forma coerente como Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali se tornaram adolescentes, sem se descaracterizarem, não perdendo as qualidades e defeitos que lhes eram (re)conhecidas enquanto crianças, mas adaptadas à sua nova idade. Outra é porque o tom leve e despretensioso habitual nas histórias, a naturalidade dos diálogos, o sentido de humor de Maurício de Sousa, continuam presentes, mostrando porque é um dos autores de quadradinhos mais lidos de sempre. Depois, porque a temática e os cenários vão mudando de história para história: por isso podem narrar o quotidiano adolescente (que é igual ao do seu público-alvo – mas onde estão longe de se esgotar os seus leitores), ou pode emular os ambientes fantásticos de tantas criações de referência – dos manga, do cinema, da TV –, caras aos adolescentes, o que serve para aumentar a cumplicidade de quem lê e de quem é lido. E também, porque se (indiscutível e assumidamente) há algum tom pedagógico e educativo nas histórias da TMJ, ele surge com naturalidade, sem incomodar nem afastar os leitores.
A chegar às bancas portuguesas, o 17º número da revista mensal, traz a terceira e última parte da saga “Monstros do ID”, para mim, uma das mais consistentes e conseguidas até agora protagonizada pela TMJ. O seu tema são os “monstros” que existem dentro de nós, que nos levam a fazer o que não queremos, a ter reacções despropositadas, a magoar aqueles de quem gostamos, a eixar de gostar de nós...
Monstros a que a equipa que produziu esta saga da TMJ conseguiu dar corpo e substância, com equilíbrio e credibilidade, conseguindo dessa forma mostrar com uma outra força e intensidade as consequências dos confrontos que normalmente são interiores e que se sentem com mais força exactamente na adolescências, na fase de formação do carácter, quando as solicitações são maiores.
A utilização de duas cores – vermelho e azul - para distinguir o “lado bom” e o “lado mau” de cada um – tantas vezes na BD representados por um anjo e um diabo – é um recurso simples mas muito eficaz que ajuda à compreensão do enredo e dá uma outra vida a estas pranchas em estilo manga que, por vezes, parecem mesmo estar a pedir cor

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