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29/12/2014

Green Arrow e Rocket Raccoon desenhados por portugueses













Nos últimos anos tem sido recorrente falar de autores portugueses a desenhar para o competitivo mercado norte-americano. Agora, no passo seguinte, encontramo-los associados a projectos de maior destaque, como “Green Arrow” ou “Rocket Raccoon”.

30/09/2013

Super-Heróis DC Comics #12 - Arqueiro Verde: Os Caçadores











Mike Grell (argumento)
Neal Adams (desenho)
Levoir/Público
Portugal, 26 de Setembro de 2013
170 x 260 mm, 160 p., cor, cartonada
8,90 €


Curiosamente, regresso à colecção Super-Heróis DC Comics que o jornal Público e a Levoir estão a disponibilizar semanalmente, com novo volume protagonizado pelo Arqueiro Verde, depois do incontornável “LanternaVerde/Arqueiro Verde: Inocência Perdida”, algo que não foi premeditado, mas que aconteceu naturalmente, pela qualidade dos dois relatos e, em especial, pela surpresa agradável que este, nas bancas até à próxima quinta-feira, constituiu para mim.


Antes da leitura do texto que se segue  aconselho a introdução (bem) escrita pelo JoãoMiguel Lameiras, que me vou abster de repetir, querendo apenas frisar dois aspectos: a mini-série aqui compilada, datada de 1987, marca um recomeço para o Arqueiro Verde e fica marcada pela ausência da faceta super-heróica, aproximando mais o encapuzado esmeralda do conceito de detective/justiceiro, tal como acontece na série televisiva “Arrow”, actualmente em exibição – aos domingos – na RTP 1.

Dito isto, entremos então nesta obra de Mike Grell - que os leitores do Mundo de Aventuras recordarão como autor de “Warlord” - marcada por por um grafismo que, se surge algo datado, se destaca pelo equilíbrio contrastante combinação entre o desenho mais tradicional e vinhetas com aplicação de cor directa, geralmente muito bem conseguidas e que marcam momentos fundamentais da narrativa. No traço de Grell é justo destacar também o seu (quase sempre) bom desempenho ao nível dos rostos, extremamente realistas e expressivos.
Numa história de tom negro e pessimista, em que o Arqueiro Verde e a Canário Negro, recém-chegados a Seatle, têm que lidar, cada um por seu lado, com um serial killer que escolhe prostitutas como alvo, uma série de assassinatos cometidos com flechas e com traficantes de droga, não surpreende que o nível de violência dispare, embora seja surpreendente, isso sim, a forma crua como ele é mostrada (bem como algumas cenas menos despudoradas), se tomarmos em conta que estamos a falar de um comic de super-heróis norte-americano.
A tudo isto há que acrescentar uma história de uma vingança antiga, num conjunto que se vai desenrolando a um ritmo premeditadamente lento, que permite aos leitores percepcionarem as emoções e sentimentos que vão perpassando pelos protagonistas, descobrindo ao mesmo tempo que eles os contornos mais abrangentes da situação que estão a enfrentar.
Grell, enquanto narrador, desenvolve assi um relato forte, consistente, cativante e centrado em questões (que continuam) actuais, combinando cenas de maior dinamismo – com alguns pontos altos bem conseguidos – com as cenas em que aprofunda o lado humano dos seus heróis, o que contribui para um grande equilíbrio narrativo e para a credibilização de um relato que francamente aconselho.

12/09/2013

Lanterna Verde/Arqueiro Verde: Inocência Perdida










Super-Heróis DC Comics #10
Denny O’Neil (argumento)
Neal Adams (desenho)
Levoir/Público
Portugal, 12 de Setembro de 2013
170 x 260 mm, 176 p., cor, cartonada
8,90 €



Este é, possivelmente, um dos mais interessantes volumes da colecção que o jornal Público e a Levoir estão a disponibilizar semanalmente.
Datadas do início da década de 1970, as histórias nele contidas, originalmente publicadas na revista Green Lantern # 76, #77, #83, #85 a #87 e #89, representam um dos primeiros e maiores expoentes de realismo que os comics de super-heróis já assumiram.
Numa época em que os Estados Unidos viviam o pesadelo da derrota no Vietname e o crescimento da contestação ao racismo e tentavam superar o impacto dos assassinatos de John Keneddy e Martin Luther King, este ciclo de histórias apresentam como ponto de partida o despertar do Lanterna Verde/Hal Jordan para a realidade do seu próprio país, através de uma viagem em companhia do Arqueiro verde e de um dos Guardiões de AO, por uma América profunda, recheada de contrastes, desigualdades, injustiças, prepotência, opressão, subornos, pequenos crimes motivados pela sobrevivência, luta pela sobrevivência…
Uma viagem em busca “de respostas, fé e identidade”, como escrevia Denny O’Neil – de forma vibrante e emotiva - na introdução do segundo destes contos, para tentar traduzir a luta interior vivida pelo Lanterna Verde, habituado a ver tudo a preto e branco, a dividir o mundo entre bons e maus e a ver o mal apenas personificado em super-vilões e ameaças galácticas. Dessa forma, o até aí crédulo super-herói, parante um mundo em que impera o cinzento, passa a questionar – embora quase sempre a contragosto – autoridade e justiça, e a descobrir que polícias e juízes nem sempre estão do lado certo – e até que por vezes o lado certo não existe…

Podendo algumas das narrativas soar um pouco ingénuas nos nossos dias, 40 anos após a sua criação – nem todas envelheceram bem, até por alguma linearidade narrativa face à complexidade dos temas abordados – outras mantêm uma incómoda actualidade - e o traço dinâmico e expressivo de Adams tem um importante contributo para isso - patenteando muita da objectividade (subjectiva) e da razão de ser de quando foram criadas.
Com esta série de histórias – e outras da mesma época e calibre tiveram de ficar de fora devido às limitações de páginas do volume – O’Neil e Adams levantam – subjectivamente e em tom de denúncia – questões como as desigualdades sociais, o racismo (que vai para lá da diferença de tratamento de negros ou pele-vermelhas e afecta também os brancos desfavorecidos), a impunidade de políticos, ricos e poderosos, a oposição entre justiça e humanidade, ecologia, sobrepopulação, poluição…
Não sendo inéditas em Portugal – boa parte delas foram publicadas (corajosamente) por Jorge Magalhães no Mundo de Aventuras na década de 1980, atrevendo-se então a desafiar leitores habituados a outro tipo de registo – têm agora um tratamento gráfico mais adequado e justificam plenamente uma leitura atenta - e crítica.
Quase a terminar, duas referências: a primeira, para o facto de Adams ter dado a cara de Nixon e do seu vice-presidente aos vilões de uma das histórias; a outra para salientar a inclusão do relato em que Speedy, o parceiro juvenil do Arqueiro Verde, é mostrado como um drogado, uma das bandas desenhadas que me fez dar o salto da BD juvenil e de aventuras para registos mais adultos.

Notas finais
Este texto foi escrito com base na edição brasileira da Panini Comics, que compilou todo o arco comum ao Lanterna Verde e ao Arqueiro Verde em dois volumes da colecção Grandes Clássicos DC. Por esse motivo, algumas das referências feitas atrás podem dizer respeito a histórias não incluídas no volume da Levoir/Público.
Quanto às imagens apresentadas, são de edições norte-americanas.
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