Mostrar mensagens com a etiqueta O'Neil. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta O'Neil. Mostrar todas as mensagens

13/06/2016

Superman vs. Muhammad Ali




Em 1978, depois de vários encontros do Super-Homem com ícones reais norte-americanos como John Kennedy, Bob Hope ou Lerry Lewis, a DC Comics imaginou um impossível combate entre o maior de todos os heróis dos quadradinhos e Muhammad Ali, campeão mundial de pesos pesados.
O recente falecimento deste último, no passado dia 4, justificou uma releitura deste ‘estranho’ clássico’.

12/09/2013

Lanterna Verde/Arqueiro Verde: Inocência Perdida










Super-Heróis DC Comics #10
Denny O’Neil (argumento)
Neal Adams (desenho)
Levoir/Público
Portugal, 12 de Setembro de 2013
170 x 260 mm, 176 p., cor, cartonada
8,90 €



Este é, possivelmente, um dos mais interessantes volumes da colecção que o jornal Público e a Levoir estão a disponibilizar semanalmente.
Datadas do início da década de 1970, as histórias nele contidas, originalmente publicadas na revista Green Lantern # 76, #77, #83, #85 a #87 e #89, representam um dos primeiros e maiores expoentes de realismo que os comics de super-heróis já assumiram.
Numa época em que os Estados Unidos viviam o pesadelo da derrota no Vietname e o crescimento da contestação ao racismo e tentavam superar o impacto dos assassinatos de John Keneddy e Martin Luther King, este ciclo de histórias apresentam como ponto de partida o despertar do Lanterna Verde/Hal Jordan para a realidade do seu próprio país, através de uma viagem em companhia do Arqueiro verde e de um dos Guardiões de AO, por uma América profunda, recheada de contrastes, desigualdades, injustiças, prepotência, opressão, subornos, pequenos crimes motivados pela sobrevivência, luta pela sobrevivência…
Uma viagem em busca “de respostas, fé e identidade”, como escrevia Denny O’Neil – de forma vibrante e emotiva - na introdução do segundo destes contos, para tentar traduzir a luta interior vivida pelo Lanterna Verde, habituado a ver tudo a preto e branco, a dividir o mundo entre bons e maus e a ver o mal apenas personificado em super-vilões e ameaças galácticas. Dessa forma, o até aí crédulo super-herói, parante um mundo em que impera o cinzento, passa a questionar – embora quase sempre a contragosto – autoridade e justiça, e a descobrir que polícias e juízes nem sempre estão do lado certo – e até que por vezes o lado certo não existe…

Podendo algumas das narrativas soar um pouco ingénuas nos nossos dias, 40 anos após a sua criação – nem todas envelheceram bem, até por alguma linearidade narrativa face à complexidade dos temas abordados – outras mantêm uma incómoda actualidade - e o traço dinâmico e expressivo de Adams tem um importante contributo para isso - patenteando muita da objectividade (subjectiva) e da razão de ser de quando foram criadas.
Com esta série de histórias – e outras da mesma época e calibre tiveram de ficar de fora devido às limitações de páginas do volume – O’Neil e Adams levantam – subjectivamente e em tom de denúncia – questões como as desigualdades sociais, o racismo (que vai para lá da diferença de tratamento de negros ou pele-vermelhas e afecta também os brancos desfavorecidos), a impunidade de políticos, ricos e poderosos, a oposição entre justiça e humanidade, ecologia, sobrepopulação, poluição…
Não sendo inéditas em Portugal – boa parte delas foram publicadas (corajosamente) por Jorge Magalhães no Mundo de Aventuras na década de 1980, atrevendo-se então a desafiar leitores habituados a outro tipo de registo – têm agora um tratamento gráfico mais adequado e justificam plenamente uma leitura atenta - e crítica.
Quase a terminar, duas referências: a primeira, para o facto de Adams ter dado a cara de Nixon e do seu vice-presidente aos vilões de uma das histórias; a outra para salientar a inclusão do relato em que Speedy, o parceiro juvenil do Arqueiro Verde, é mostrado como um drogado, uma das bandas desenhadas que me fez dar o salto da BD juvenil e de aventuras para registos mais adultos.

Notas finais
Este texto foi escrito com base na edição brasileira da Panini Comics, que compilou todo o arco comum ao Lanterna Verde e ao Arqueiro Verde em dois volumes da colecção Grandes Clássicos DC. Por esse motivo, algumas das referências feitas atrás podem dizer respeito a histórias não incluídas no volume da Levoir/Público.
Quanto às imagens apresentadas, são de edições norte-americanas.

10/12/2012

Heróis Marvel série II - Demolidor: Renascido





  




Frank Miller e Denny O’Neil (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
Christi e Max Scheele (cor)
Levoir/Público
(Portugal, 6 de Dezembro de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €




Resumo
Descobrindo que Matt Murdock é a identidade secreta do Demolidor, o Rei do Crime arquitecta uma imensa trama que fará com que ele perca emprego, amigos, dinheiro e casa, numa espiral descendente que o levará quase à loucura e à morte.
Em Nevoeiro, a história que encerra o volume, a morte de Heather arrasta o super-herói cego para o estado depressivo que se acentuará na saga principal deste volume, cronologicamente posterior.

Desenvolvimento
Há duas semanas, de forma implícita, destaquei aqui nas minhas leituras “Wolverine: Velho Logan”, como a melhor BD desta colecção. Sabia que ainda viria este “Demolidor: Renascido”, obra-prima da história dos comics de super-heróis que eu já conhecia – é mesmo uma das raras edições que comprei em “formatinho” e ainda conservo.
Não retirando uma vírgula ao que então escrevi, confesso que entre a descoberta que constituiu “Wolverine: Velho Logan” e o prazer da releitura de “Demolidor: Renascido”, numa edição que faz jus à sua arte, hesito pouco em escolher esta última.
Onde “Velho Logan” era emoção, explosão de cor, violência insana, corrida em direcção ao abismo, adrenalina pura, “Renascido” é uma obra cerebral e complexa, de emoções, também, mas controladas, de traço contido e uma violência diferente, talvez mais incómoda e chocante pelo tom extremamente realista que assume.
Para todos os efeitos história de super-heróis, passa quase ao lado destes para dar o protagonismo aos três narradores que a vão contando e fazendo avançar: o Rei do Crime, o jornalista Ben Ulrich e o próprio Matt Murdock.
Este, depois de a sua identidade secreta ter sido vendida por uma dose de droga por uma antiga namorada transformada em actriz porno, rapidamente despojado de tudo – amizades, profissão, posição social, dinheiro, casa, dignidade… - enfrenta uma descida aos seus abismos mais profundos, de onde, no entanto, renascerá mais forte e mais capaz, numa notável declaração de humanidade e de confiança no melhor do ser humano.
Escrita de forma directa, assertiva e brilhante por Frank Miller, que constrói uma narrativa com personagens marcantes, bem caracterizadas e definidas, densa, de ritmo lento, em que as coisas vão acontecendo a seu tempo – um tempo longo na leitura mesmo que nalguns casos seja rápido na realidade da acção - foi superiormente desenhada por David Mazzucchelli que conseguiu transmitir visualmente a escuridão e desespero em que Murdock mergulha, através de um traço realista e contido, bem servido por tons sombrios, pelo qual o tempo não passou.
A par da (imensa) violência psicológica da trama – a perda total de tudo que preza e ama leva Murdock quase a passar os seus limites e à loucura ou a por um fim a si próprio – Miller construiu, como destaca João Miguel Lameiras numa introdução particularmente feliz, um paralelo entre a sua narrativa e a morte e ressurreição cristãs, que confere uma outra dimensão a este “Renascido” e o torna uma obra mais profunda e tocante sobre a dignidade e a capacidade de resistência do ser humano.

A reter
- A possibilidade de (re)ler numa edição digna um dos grandes clássicos da BD de super-heróis, que a passagem do tempo não afectou em nada.
- O poder do argumento de Miller: directo, consistente, violento, humano.
- O inigualável trabalho gráfico de Mazzucchelli, perfeitamente ajustado ao relato e enriquecido com uma planificação diversificada e muitas vezes simbólica. E talvez mais notável ainda na história curta que finaliza o volume, na qual consegue tornar quase palpável o nevoeiro que assola Nova Iorque e lhe dá título.

Menos conseguido
- A cedência (possivelmente inevitável?) ao género de super-heróis (apenas) no capítulo final.


28/07/2010

Green Lantern: 70 anos


Corria o ano de 1940, Superman e Batman tinham posto os super-heróis na moda, a II Guerra Mundial em curso era terreno de eleição para a sua actuação contra as Forças do Eixo (do mal…) e em Julho, a revista “All-American Comics” #16 estreava mais um, de seu nome Green Lantern – Lanterna Verde, escrito por Bill Finger (também ligado à criação do Homem-Morcego) e desenhado por Martin Nodell.
Como principal marca distintiva ostentava um anel verde, que lhe permitia concretizar tudo o que a sua mente fosse capaz de imaginar. Na sua origem o anel era mágico mas, em vidas (aos quadradinhos) posteriores, seria uma criação tecnológica dos Guardiões do Universo, que em cada mundo habitado designavam o Green Lantern local. Como senão, o anel tinha que ser recarregado a cada 24 horas, numa (quase) cerimónia mística que incluía um juramento no qual o seu portador se comprometia a defender o bem contra as forças do mal.
O Green Lantern original era um engenheiro na vida civil, que esteve para se chamar Alan Ladd, num trocadilho com Aladin, o possuidor de uma lâmpada mágica com um génio dentro! O editor achou fraca ideia e mudou-lhe o nome para Scott. Perdeu uma bela oportunidade de, meses mais tarde aproveitar para fazer uma colagem para um novo actor que começava a brilhar em Hollywood chamado… Alan Ladd!
Com o fim da guerra, as vendas dos super-heróis entraram em declínio e as aventuras de Scott foram suspensas.
Em Outubro de 1959, por iniciativa do editor Julius Schwartz, nascia um novo Green Lantern, que na vida civil era Hal Jordan, piloto de testes da Força Aérea. As suas histórias eram assinadas por John Broome e desenhadas por Gil Kane, que fizeram dele um dos membros da Liga da Justiça.
Hal Jordan viveria os seus melhores momentos nos anos 70, quando Denny O’Neil e Neal Adams o associaram ao Arqueiro Verde (uma espécie de super-Robin Hood) levando-os numa viagem de costa a costa pelos Estados Unidos, na qual descobriram, revelaram e combateram a verdadeira criminalidade: assaltantes, políticos corruptos, promotores imobiliários à margem da lei, traficantes de droga…
O auge do realismo, patente também na abordagem da (complicada) vida sentimental dos dois heróis, foi atingido num arco em que descobriram que Speedy, o jovem pupilo do Arqueiro Verde, era ele próprio um drogado, numa história que marcou uma época e levou os super-heróis às páginas de publicações (sérias…) como o The New York Times, The Wall Street Journal ou a Newsweek. Foi também nesse período que surgiu John Stewart, um Green Lantern negro, o que permitiu uma abordagem à questão do racismo. Apesar do sucesso crítico e mediático as vendas não corresponderam e o título seria de novo suspenso.
Stewart seria mais um dos portadores do anel, tal como Kyle Rayner e Guy Gardner, entre outros. Posteriormente Jordan viria a transformar-se no vilão Parallax, morrendo e regressando como Spectre, ao mesmo tempo que as aventuras se tornavam mais cósmicas e místicas, perdendo o tom realista e apresentando como adversário recorrente Sinestro, um Green Lantern renegado, possuidor de uma anel de cor amarela.
Recentemente, Geoff Johns recuperou o herói como estrela de primeira grandeza do universo da DC Comics nas sagas “Green Lantern: Rebirth” (2004) e “Blackest Night” (2009).
Isso tornou-o um alvo apetecível face ao interesse crescente do cinema pelos super-heróis, estando, assim, em produção um filme realizado por Martin Campbell, escrito por Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg, que terá como principais protagonistas Ryan Reynolds, Black Lively, Peter Sarsgaard e Mark Strong. O lançamento deverá ocorrer dentro de sensivelmente um ano, em Julho de 2011, devendo seguir-se uma segunda longa-metragem de animação, depois da boa aceitação de “First Flight”, bem como uma série de desenhos animados para o Cartoon Network.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Julho de 2010)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...