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25/11/2019

Batman: Ano Um

Sempre


A Levoir acaba de lançar, no seu novo selo DC Black Label, o álbum Batman: Ano Um. Se é verdade que esta é MAIS uma edição desta obra - que começou por sair entre nós em formatinho, pela Abril, teve depois edições pela Devir, e, há cinco anos, pela própria Levoir, na colecção Batman 75 anos, é também indiscutível que esta é uma daquelas obras que deveria estar sempre disponível nas livrarias.
Seja para novos leitores, seja para aqueles que a querem numa edição melhor - na transição do formatinho para o tamanho americano, da capa mole para a capa dura e para uma edição maior…

09/01/2015

Batman: Ano Um










Este foi um dos livros que me motivou para ler com alguma frequência comics de super-heróis.
Não o descobri numa bela edição como esta que a levoir disponibiliza hoje com o semanário Sol, antes foi um dos raros formatinhos que comprei na vida.
Não o adquiri na altura pelo desenho de Mazzucchelli, – de que depois aprendi a gostar – fi-lo sim pelo nome destacado na capa: Frank Miller, que na época (ainda) era garantia de boa banda desenhada.
Agora, quase três décadas depois da publicação original, a escrita de Miller mantém toda a sua capacidade de envolver e seduzir o leitor e o desenho depurado de Mazzucchelli continua a afirmar-se como o mais indicado para esta narrativa que reconta a origem do Homem-Morcego mas em que o protagonismo está entregue a James Gordon, sendo Batman apenas figura secundária.

08/04/2013

Cidade de Vidro











Paul Karasik (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
ASA
Portugal, Março de 2013 (2ª edição)
140 x 210 mm, 138 p., pb, brochada com badanas
15,50 €







A transposição de uma obra de um género para outro - a vulgar adaptação - para ser bem-sucedida tem que conseguir cumprir dois quesitos principais. Primeiro: manter o espírito e a essência da obra original - o espírito, friso bem. Segundo: que a "adaptação" funcione autonomamente no género que a acolhe, sem que haja necessidade do conhecimento da obra original para a fruir plenamente.
O melhor exemplo de más adaptações de literatura para banda desenhada, são aquelas que mantêm a versão escrita original, funcionando o todo apenas como texto (quantas vezes mal) ilustrado e não como uma verdadeira BD - ou seja, uma obra composta por imagens sequenciais em que, quando existente, o texto não é independente dos desenhos, nem vice-versa.
Ora, isto não acontece em "Cidade de vidro" que funciona perfeitamente na adaptação aos quadradinhos feita por Paul Karasik e David Mazzucchelli, pese embora o carácter quase abstracto do texto original de Paul Auster.
Relembro que na base deste relato está Quinn, um escritor de segunda categoria que, após receber diversos misteriosos telefonemas nocturnos que procuravam um detective de nome Paul Auster, decide assumir essa identidade, sendo encarregado de seguir um certo Peter Stilman, e evitar que este se aproxime do filho para o matar. Quinn transforma-se então na sombra de Stilman, até este desaparecer, altura em que o pretenso investigador decide sentar-se 24 horas por dia em frente à sua porta, acabando por se fundir com as paredes, o beco onde está, os caixotes de lixo que o "enfeitam" - com aquela cidade, uma cidade de vidro que tudo mostra mas onde nos tornamos assustadoramente vazios, ocos, partes inúteis de um todo que funciona sem nós/apesar de nós.


Só que no resumo deste policial sem acção, a intriga parece enganadoramente linear, já que Auster, como noutras ocasiões, optou por um enredo complexo, muito baseado nas ideias - em ideias - em conceitos e no valor variável das palavras, nas ilusões que provocam, conforme são ditas e ouvidas…
Isto, na verdade, só torna mais notável a forma como Karasik e Mazzucchelli conseguiram transpor o romance para BD. Se a história era opressiva, obsessiva, sufocante, quase um delírio, é isto que o traço de Mazzucchelli - quase só esboço, por vezes próximo da absoluta depuração - recria e acentua, tornando o todo incómodo para o leitor.
Veja-se como um discurso se pode tornar estranho - e como muda o seu significado, o seu impacto - pelo tão simples pormenor de o balão que o contém não apontar para quem o profere, como é normal, mas sair de dentro da personagem, do seu íntimo - das suas entranhas… E veja-se também como Karasik e Mazzucchelli, conseguem reproduzir em BD a predominância das palavras - e o espírito intrinsecamente abstracto do relato - ao utilizarem imagens que parecem filmadas por uma câmara rotativa, que tanto vai mostrando cenários como intervenientes, enquanto roda pelo espaço, se aproxima e se afasta em efeitos de zoom, que acompanham o fluir das palavras, envolvendo, mergulhando, perdendo o leitor nos seus densos e diversificados sentidos.
Um bom exemplo, é a sequência em que Peter Stilton ("que não é Peter Stilton") se apresenta, em que parece graficamente "aprisionado" numa planificação fixa e inalterável de 9 vinhetas iguais por página, ao longo de várias pranchas, que muito naturalmente se acabam por fundir numa prancha única, falsamente composta pelas tais 9 vinhetas e mas que o leitor também pode visualizar como a porta de uma cela, onde a "imagem branca entre as vinhetas" - esse notável conceito da BD, um pedacinho de espaço/tempo em que o leitor vê/imagina o que acontece entre duas vinhetas sucessivas - tem o papel das grades dessa porta.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Outubro de 2006, com o título “O desenho das palavras da Cidade de Vidro”)


10/12/2012

Heróis Marvel série II - Demolidor: Renascido





  




Frank Miller e Denny O’Neil (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
Christi e Max Scheele (cor)
Levoir/Público
(Portugal, 6 de Dezembro de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €




Resumo
Descobrindo que Matt Murdock é a identidade secreta do Demolidor, o Rei do Crime arquitecta uma imensa trama que fará com que ele perca emprego, amigos, dinheiro e casa, numa espiral descendente que o levará quase à loucura e à morte.
Em Nevoeiro, a história que encerra o volume, a morte de Heather arrasta o super-herói cego para o estado depressivo que se acentuará na saga principal deste volume, cronologicamente posterior.

Desenvolvimento
Há duas semanas, de forma implícita, destaquei aqui nas minhas leituras “Wolverine: Velho Logan”, como a melhor BD desta colecção. Sabia que ainda viria este “Demolidor: Renascido”, obra-prima da história dos comics de super-heróis que eu já conhecia – é mesmo uma das raras edições que comprei em “formatinho” e ainda conservo.
Não retirando uma vírgula ao que então escrevi, confesso que entre a descoberta que constituiu “Wolverine: Velho Logan” e o prazer da releitura de “Demolidor: Renascido”, numa edição que faz jus à sua arte, hesito pouco em escolher esta última.
Onde “Velho Logan” era emoção, explosão de cor, violência insana, corrida em direcção ao abismo, adrenalina pura, “Renascido” é uma obra cerebral e complexa, de emoções, também, mas controladas, de traço contido e uma violência diferente, talvez mais incómoda e chocante pelo tom extremamente realista que assume.
Para todos os efeitos história de super-heróis, passa quase ao lado destes para dar o protagonismo aos três narradores que a vão contando e fazendo avançar: o Rei do Crime, o jornalista Ben Ulrich e o próprio Matt Murdock.
Este, depois de a sua identidade secreta ter sido vendida por uma dose de droga por uma antiga namorada transformada em actriz porno, rapidamente despojado de tudo – amizades, profissão, posição social, dinheiro, casa, dignidade… - enfrenta uma descida aos seus abismos mais profundos, de onde, no entanto, renascerá mais forte e mais capaz, numa notável declaração de humanidade e de confiança no melhor do ser humano.
Escrita de forma directa, assertiva e brilhante por Frank Miller, que constrói uma narrativa com personagens marcantes, bem caracterizadas e definidas, densa, de ritmo lento, em que as coisas vão acontecendo a seu tempo – um tempo longo na leitura mesmo que nalguns casos seja rápido na realidade da acção - foi superiormente desenhada por David Mazzucchelli que conseguiu transmitir visualmente a escuridão e desespero em que Murdock mergulha, através de um traço realista e contido, bem servido por tons sombrios, pelo qual o tempo não passou.
A par da (imensa) violência psicológica da trama – a perda total de tudo que preza e ama leva Murdock quase a passar os seus limites e à loucura ou a por um fim a si próprio – Miller construiu, como destaca João Miguel Lameiras numa introdução particularmente feliz, um paralelo entre a sua narrativa e a morte e ressurreição cristãs, que confere uma outra dimensão a este “Renascido” e o torna uma obra mais profunda e tocante sobre a dignidade e a capacidade de resistência do ser humano.

A reter
- A possibilidade de (re)ler numa edição digna um dos grandes clássicos da BD de super-heróis, que a passagem do tempo não afectou em nada.
- O poder do argumento de Miller: directo, consistente, violento, humano.
- O inigualável trabalho gráfico de Mazzucchelli, perfeitamente ajustado ao relato e enriquecido com uma planificação diversificada e muitas vezes simbólica. E talvez mais notável ainda na história curta que finaliza o volume, na qual consegue tornar quase palpável o nevoeiro que assola Nova Iorque e lhe dá título.

Menos conseguido
- A cedência (possivelmente inevitável?) ao género de super-heróis (apenas) no capítulo final.


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