Este foi um dos livros que me motivou para ler com alguma
frequência comics de super-heróis.
Não o descobri numa bela edição como esta que a levoir
disponibiliza hoje com o semanário Sol, antes foi um dos raros formatinhos que
comprei na vida.
Não o adquiri na altura pelo desenho de Mazzucchelli, – de
que depois aprendi a gostar – fi-lo sim pelo nome destacado na capa: Frank
Miller, que na época (ainda) era garantia de boa banda desenhada.
Agora, quase três décadas depois da publicação original, a
escrita de Miller mantém toda a sua capacidade de envolver e seduzir o leitor e
o desenho depurado de Mazzucchelli continua a afirmar-se como o mais indicado
para esta narrativa que reconta a origem do Homem-Morcego mas em que o
protagonismo está entregue a James Gordon, sendo Batman apenas figura
secundária.
Batman: Ano Um
começa com a dupla chegada a Gotham de James Gordon – então apenas detective –
e de Bruce Wayne – ainda só milionário.
Gordon vem para a última oportunidade de uma carreira
manchada por factos que desconhece(re)mos. Vai encontrar uma cidade dominada
pelo medo, a corrupção e a prepotência, e uma polícia ávida de dinheiro e que
aposta em fazer cumprir a lei à sua maneira, escolhendo como e a quem. (Dificilmente
os criadores de “Gotham” não vieram beber aqui a inspiração para as bases da actual
série televisiva…)
Gordon, terá de enfrentar este estado de coisas – e os seus
colegas de corporação que se governam graças á froma como tudo decorre em
Gotham - afirmando a diferença dos seus valores e das suas posições e a defesa
da justiça e da verdade, ao mesmo tempo que gere a sua vida familiar dominada -
ensombrada? - pela gravidez da sua esposa Bárbara, pelo medo das mudanças a caminho
e pelo receio de fazer crescer um filho numa cidade onde impera a violência.
Por seu lado, Wayne vem em busca de vingança para o
assassinato dos seus pais, mas ainda sem saber como e onde a procurar. E sem
saber que há-de assumir uma identidade secreta que mudará a sua vida…
Com as duas narrativas a decorrer em paralelo – o encontro
de ambos acontecerá a montante deste livro, apesar de aos poucos aprenderem a
apreciar-se mutuamente… - Miller adopta um tom intimista – quase de diário
pessoal – mas também de policial negro, mais do que de narrativa de
super-heróis, alternando entre uma e outra com mestria, à medida que medos,
desejos, ambições e fraquezas - bem humanas - que terão de ultrapassar,
suplantando-se a si mesmos e descobrindo os respectivos caminhos, se vão
desenrolando perante os nossos olhos.
A escrita de Miller é envolvente, cativante e dinâmica,
obrigando o leitor a segui-lo página após página, esquecido do seu quotidiano
normal.
Mazzucchelli, apresenta um traço depurado, quase esquemático mas muito legível, o ideal para levar o leitor a
intuir – a ver com os olhos da mente mais do que com os verdadeiros
olhos - uma outra origem do Homem-Morcego, dura e violenta mas terrivelmente sedutora.
Batman: Ano Um
Franl Miller (texto)
Davod Mazzucchelli (desenho)
Levoir + Sol
Portugal, 9 de Janeiro de 2015
170 x 260 mm, cor, cartonada
8,90 €
Eu a 1a vez que li já foi em formato americano da abril,classico.
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