100% Cult Comics
Jonathan Hickman
Panini Comics
Espanha, Novembro de 2012
170 x 260 mm, 176 p., cor, brochado com badanas
16,00 €
Resumo
Compilação de “The Nightly News”, originalmente publicado nos
Estados Unidos em seis comic-books entre Novembro de 2006 e Junho de 2007, é
uma reflexão sobre o papel dos meios de comunicação para moldar a realidade ao
gosto daqueles que os detêm.
Como ponto de partida tem uma série de atentados organizados
por uma organização clandestina, A Mão, e coordenados pelo seu líder, A Voz,
contra jornalistas, locutores e repórteres de imagem, com o objectivo de
desestabilizar os meios de comunicação social.
Desenvolvimento
A primeira surpresa nesta obra, originalmente surgida numa
editora independente norte-americana, a Pronea, é o nome do seu autor: o mesmo Jonathan
Hickman que refez há pouco tempo o Quarteto Fantástico, “matando” o Tocha
Humana e transformando-o em FF (Fundação Futuro).
(Re)conhecido como argumentista, Hickman, aqui também
desenhador, opta por um traço aqui e ali mais próximo do design, com evidentes
limitações, em especial ao nível do movimento, com algumas planificações pouco
eficientes e o recurso à repetição de poses, o que introduz uma série de condicionamentos
e obriga a um esforço acrescido por parte do leitor.
Muito densa na sua concepção – dá a sensação que Hickman
quis abordar demasiados aspectos ao mesmo tempo – obriga a uma leitura muito
atenta, para interligar a narrativa propriamente dita com os múltiplos aspectos
co-relacionados que o autor vai integrando nas pranchas, de diversas formas –
notas de rodapé, referências, comentários, infografias…
Denúncia, obviamente subjectiva e ideológica, em tom cínico
e descrente, das pressões, influências e manipulações da comunicação social
pelos pod(e)res instituídos – económicos, políticos, religiosos, militares… – torna-se
algo incómoda por nos obrigar a reconhecer (mesmo não querendo) uma realidade nossa que
rejeitamos mas à qual não conseguimos fugir, mesmo não sentindo afinidade com a solução demasiado radical que
Hickman explana: a destruição pura
e simples, com recurso à violência extrema, daqueles que nos informam –
informam mesmo? – quotidianamente.