Nie Jun (argumento e desenho)
paquet (Suíça, Janeiro de 2010)
240 x 322 mm, 48 p., cor, cartonado
Mais do que uma narrativa, este é um poema em banda desenhada, protagonizado por Zobo, uma marionete que ganha vida quando a jovem Ryoko lhe coloca no lugar do coração um ramo de flor de cerejeira, planta que no Japão está associada ao amor e ao carácter efémero das alegrias deste mundo. Com esse gesto, desperta a paixão de Zobo – de certa forma um Pinóquio à maneira oriental - que o leva a uma entrega total para a tentar concretizar. Só que, o coração nem sempre faz as escolhas mais óbvias, apesar de todos os sacrifícios que o amor se dispõe a fazer.
Com esta base, a que acrescenta ainda o enigmático Doku, Nie Jun, chinês e não japonês como se poderia pensar, num tom assumidamente romântico, com protagonistas (utópicos e) puros, desenvolve uma história terna e simples, recheada de simbolismos, uns mais evidentes do que outros, sobre amores juvenis, paixões não correspondidas, entrada na idade adulta, diferenças sociais e a necessidade de fazer sacrifícios para atingir a felicidade (ainda que de forma passageira).
E se o desenrolar deste conto – com muitos dos ingredientes dos de fadas que encantam os mais pequenos - é mais ou menos previsível, a verdade é que o seu lirismo, o tom agradável e melancólico, onde paira uma certa magia, o traço delicado e as belas cores a aguarelas, acabam por cativar e seduzir o leitor, por momentos afastado do mundo real, bem menos atractivo.