L’intégrale #1
Dupuis Patrimoine
Frank Le Gall (argumento e desenho)
Yann (argumento)
Dupuis (Bélgica, Junho de 2010)
218x230 mm, 240 p., cor, cartonado, 24 €
Resumo
Primeiro tomo da reedição integral de Theodore Poussin, série estreada por Frank le Gall na revista Spirou, em Outubro de 1984, inclui os álbuns Capitaine Steene, Le Mangeur d’Archipels, Marie Vérité e Secrets, complementados por um pormenorizado dossier inicial que explica e situa cada um deles.
Desenvolvimento
Esta é uma história – ou várias, muitas histórias? - de encontros e desencontros, de mistérios (muitos) e descobertas (bastantes), uma história – ou várias, muitas histórias? – densa e com muitas pontas soltas. Que aos poucos vão sendo atadas.
É uma história – ou várias, muitas histórias? – de um tempo muito diferente daquele a que chamamos hoje, em que todos os sonhos se podiam realizar, todos os mistérios ser desvendados, todas as aventuras podiam ser vividas. No planeta Terra. Neste planeta Terra onde, há menos de 100 anos, ainda havia tanto por descobrir…
Uma história – ou várias, muitas histórias? – na senda das grandes aventuras narradas por grandes romancistas: Verne, Stevenson, London, Conrad…
Mas uma história – ou várias, muitas histórias? – também dourada (?), atenuada (?) pela poesia de Baudellaire.
Porque esta história – estas várias, muitas histórias? - têm com a literatura – com o romance, a aventura, o policial, a poesia… – múltiplos pontos de contacto, feitos de citações, de referências, de piscares de olho, de nomeação, directa e indirecta, de autores e personagens.
O seu protagonista – nunca o seu herói – é Theodore Poussin, alguém “a quem os sarilhos perseguem”, alguém que mais do que motor de acção é só, quase, simples observador, um ponto (ínfimo…) em redor do qual tudo acontece.
Ao seu lado – a sua sombra? – está Novembro, presença misteriosa (indesejada por Poussin), em simultâneo anjo da guarda e demónio tentador. Com eles - em torno deles - por causa deles - apesar deles? – cruzam-se aventureiros e piratas, colonizadores e colonizados, brancos e asiáticos, políticos corruptos e políticos viciados, belas mulheres, mulheres misteriosas… Numa história – ou várias, muitas histórias? – cuja cenário de acção é maioritariamente a Ásia – misteriosa, sedutora, perigosa – da Indochina, de Singapura, da China, os seus mares traiçoeiros, as suas terras recheadas de perigos, o exotismo, a cultura própria, o desconhecido.
Ao longo desta história – destas várias, muitas histórias? – assistimos ao crescimento de Poussin, à sua auto-(re)descoberta, passando de simples empregado de uma empresa de transportes marítimos a viajante, aventureiro, capitão de navios, resgatador de prisioneiros, salvador de mulheres, rebelde…
Com ele Le Gall, com o precioso contributo de Yann a partir do segundo tomo, desenvolveu uma belíssima banda desenhada, densa – já o escrevi, eu sei – complexa, que implica (re)leitura atenta e a capacidade de nos deixarmos cativar, apaixonar por Poussin, Novembro e os outros, reflexos – fortes e credíveis – de seres de um outro tempo, que já não existe mas que ainda podemos reviver.
A reter
- A bela edição deste integral da Dupuis. Mais uma.
- A força da história – das várias, muitas histórias?
- A consistência e qualidade do dossier inicial, em muitos momentos narrado na primeira pessoa por Le Gall.
- A possibilidade de apreciarmos o crescimento de Poussin em paralelo com o de Le Gall, tanto gráfica como narrativamente.
Curiosidade
- Theodore Poussin, aliás Teodoro Pintainho teve direito a ver a sua história de estreia – Capitão Steene – editado em português pela Meribérica/Líber, no já distante ano de 1988. Foi, infelizmente, uma das muitas séries que a editora deixou pelo caminho…