Resumo
Convidados para participarem no (fictício) Blogadores Festival de Lisboa, Frantico e Sapin acabam por se ver envolvidos numa mega-tramóia em torno do Mega-krav-maga, uma versão muito aperfeiçoada da arte de combate pessoal criada pelo exército israelita.
Desenvolvimento
A primeira meia centena de pranchas desta banda desenhada dizem respeito à presença dos dois autores no (fictício) festival português e apresentam, nos seus estilos peculiares, relativamente próximos, baseado num traço rápido, quase só esquemático, expressivo e legível, apesar de maioritariamente passadas em interiores (do hotel e de restaurantes) algumas paisagens da capital portuguesa que, possivelmente, não seriam reconhecíveis se não soubéssemos que ela servia de cenário à história. A isso, Sapin e Frantico, juntam alguns clichés e preconceitos pouco abonatórios dos portugueses, num inexplicável auto-convencimento de superioridade, postura também cultivada habitualmente por Lewis Trondheim em relação aos locais que a sua profissão obriga (!?) a visitar.
Este, é o mentor do projecto, publicado no formato Tankobon próprio dos mangas, agora adoptado para a colecção Shampooing que dirige na Delcourt e inicialmente publicado num blog criado para o efeito (http://www.megakravmaga.com/index.php?id=2009-12-16).
Se esta BD tem um início (aparentemente) autobiográfico (pois os dois autores vão intercalando pranchas desenhadas por um ou por outro com o relato da sua presença no festival português), transforma-se rapidamente num delírio ficcional em torno da eventual existência de uma versão melhorada do Krav-maga, a técnica de combate desenvolvida pelo exército israelita.
Mas tudo vai precipitar-se quando Sapin e Frantico são abordados numa rua lisboeta por um ucraniano (!) que num anterior contacto lhes propusera droga próximo de uma esquadra de polícia. Neste segundo encontro propõe-se revelar-lhes os segredos do Mega-Krav-Maga, uma técnica de combate pessoal até hoje desconhecida por ser mantido em grande segredo pelos que o praticam, para atraírem maior atenção para o seu blog.
Seduzidos pela demonstração do ucraniano, os autores exemplificam-na nas suas pranchas, divulgadas na net, ficando assim sob ameaça de morte por revelarem os segredos daquela arte, tão ciosamente mantidos até então.
Começa então um périplo rocambolesco (quase) planetário, pontuado por segredos, confrontos, fugas e mortes, que leva os dois autores por percursos separados, cada um mantido cativo por uma das sociedades rivais que defende o MKM, que em tom leve e descontraído, apresenta alguns momentos divertidos mas peca pela extensão do relato, que só se concluirá num segundo tomo, a publicar já em Fevereiro.
A reter
- A maneira como os autores conseguem subverter o espírito do Krav-Maga, exagerando no uso da capacidade de antecipação como sua principal arma.
- Alguns momentos bem conseguidos, como a sequência em que Frantico simula a fuga por diversas vezes, sem nunca a concretizar.
- As divertidas “cartas” MKM que ilustram a contracapa e o interior das badanas.
Menos conseguido
- A extensão do relato.
- Alguma confusão inicial na identificação das personagens, devido às diferenças entre o traço dos dois desenhadores que, no entanto, se atenua com o decorrer do relato.
Curiosidade
- O Krav Maga ("combate próximo, fechado" em hebraico) é um sistema de defesa pessoal criado na década de 1940 para capacitar os grupos que lutavam pela independência do Estado de Israel. Não é considerado um desporto porque não tem uma vertente competitiva uma vez que não existem regras que limitem esta arte de combate. Todos os golpes são permitidos e treinados de forma a ultrapassar todo e qualquer tipo de situação de violência do modo mais rápido e eficaz possível.