Séconde Partie
Serge Perrotin (argumento)
Clément Belin (desenho)
Futuropolis (França, 5 de Janeiro de 2012)
215 x 290 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €
Resumo
Depois do rapto do filho, Étienne, no primeiro tomo, por uma das
organizações terroristas colombianas, face à pouca disponibilidade das
autoridades, Michel Garandeau, um operário metalúrgico que nunca viajou, decide
partir para a Colômbia, seguindo os traços que o seu filho deixou.
Desenvolvimento
E é na Colômbia que o encontramos, no início do segundo e
último tomo desta história. Uma história humana e sensível, protagonizada por
um homem comum, amigo do seu amigo, amante do sossego do lar e da sua
cidadezinha, mas disposto a mover – a percorrer - meio mundo para encontrar o
filho.
Uma Colômbia verdejante, exótica e diferente, sim, mas
sem os atractivos turísticos, as estereotipadas imagens de cartão-postal ou as
cores vivas que seriam expectáveis (substituídas por amarelos desmaiados, ocres
e verdes acinzentados), pois é assim que Garandeau a vê – é assim que Belin a
traça, num desenho mais eficiente que chamativo - fixado apenas no propósito
que o levou lá: encontrar o filho.
N(ess)a Colômbia, despojada - não hostil mas também não
acolhedora - Michel continua na pista de Étienne, juntando indícios, conhecendo
quem ele conheceu, pisando o solo que ele pisou, vendo os mesmos sítios que ele
viu – embora com outro olhar… - partilhando – de certa forma – os seus
conhecimentos, as suas amizades e as suas relações.
E, através de tudo isso, numa viagem iniciática, a um
tempo dura, dolorosa e maravilhosa, descobre um filho que cresceu e que o tempo
afastou. Dessa forma – surpreendido – Michel descobre-se também a si mesmo, como
nunca se tinha visto, em muitos casos desconhecendo-se capaz do que está a
fazer. Sentindo cólera, revolta, perplexidade, culpa, um caleidoscópio de
emoções e sentimentos que se sucedem, se sobrepõem, o assaltam e o extravasam. Oscilando
entre a esperança e o desalento, entre a crença e o desespero, entre a
convicção e a dúvida, entre a transcendência e a renúncia. Sempre humano,
profundamente humano.
Como a história que Perrotin narra de forma contida –
muitas vezes sob a forma do diário que Michel mantém para a esposa - cujo final,
mais uma vez à sombra tutelar de “Tintin no Templo do Sol”, não vou desvendar,
mas que, na sua simplicidade, na sua sensibilidade, apenas reforça esse factor
(tão) humano.
A reter
- O tom (tão) humano da história.
- A forma simples, contida e sensível como ela é narrada
e traçada.
- A publicação do segundo tomo, apenas um ano após o
primeiro…
Menos conseguido