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04/07/2018
24/05/2016
23/05/2013
Rugas, o filme
Título Original: Arrugas
Realizador: Ignacio Ferreras
Actores: Vozes de: Rui Mendes, Rui Oliveira, Custódia
Gallego
Distribuidora: ZON Audiovisuais
Distribuidora: ZON Audiovisuais
País: Espanha
Ano: 2011
Género: Animação
Duração (minutos): 89
Ano: 2011
Género: Animação
Duração (minutos): 89
Baseado na banda desenhada do mesmo nome, editada em Portugal pela Bertrand Editora, de Paco Roca,
(Prémio Nacional del Cómic 2008), RUGAS é uma longa-metragem de animação em 2D
para um público adulto.
Rugas mostra a amizade entre Emilio (voz de Rui Mendes)
e Miguel (voz de Rui Oliveira), dois senhores idosos fechados num lar de
terceira idade.
O recém-chegado Emilio, numa fase inicial de Alzheimer, é
ajudado por Miguel a evitar que o transfiram para o temido andar de cima do
lar, também conhecido como o andar dos "assistidos" ou das causas
perdidas. O seu louco plano, que irá também incluir a sua amiga Antónia (voz de
Custódia Gallego) enche o dia-a-dia dos idosos, normalmente entediante, de
humor e ternura, porque apesar de para alguns as suas vidas estarem a terminar,
para eles é só o começo.
(Informação da distribuidora)
20/03/2013
Rugas
Paco Roca
Bertrand Editora
Portugal, Março de 2013
160 x 240 mm, 104 p., cor, brochada com badanas
16,60 €
Pode uma história ser a um tempo divertida, assustadora e
terna?
A resposta é sim e “Rugas” é um exemplo disso.
Nele, o espanhol Paco Roca, numa linha clara magnífica – que
me obriga a acompanhar cada novo título seu - compila uma série de episódios – reais – indiscutivelmente divertidos -
quando observados à distância… - sobre o envelhecimento e as suas
consequências: doenças, cismas, falta de memória, perda da noção do tempo…
O que se provoca pelo menos sorrisos bem-dispostos, também
provoca alguns calafrios, se lidamos regularmente com situações do género ou se
anteciparmos que poderemos ser um dia protagonistas de episódios similares…
E esse desconforto acentuar-se-á se à situação anterior
acrescentarmos o retrato duro que Roca traça dos lares de idosos, tantas vezes
armazéns de seres humanos que esperam a morte ou autênticos estabelecimentos
prisionais nos quais os utentes não têm direitos, apenas deveres. Locais frios
e inóspitos, raramente familiares, quase sempre impessoais, com o tempo –
parado… - preenchido com rotinas vazias.
Em “Rugas”, tudo começa quando Emílio, um ex-bancário
reformado, com princípios de Alzheimer, é “depositado” pelo filho num lar. Aí,
vai conhecer Juan, ex-locutor de rádio que só repete o que os outros dizem;
Sol, sempre à procura de um telefone para ligar à filha; Rosário,
permanentemente em viagem para Istambul no Expresso do Oriente; Dolores e
Modesto, casal amoroso que tenta manter a relação - e resistir ao inevitável? -
agarrado a um pequeno segredo de juventude… E Miguel, de uma alegria (que
tenta) contagiante, de uma (pequena) rebeldia militante, que tenta fazer
da(quela) vida algo que (ainda) vale a pena.
Entre os quotidianos vazios, a repetição de situações, as
perdas momentâneas de noção da realidade - que podem tornar tão dolorosos os
períodos de lucidez – o desconhecimento de quem o rodeia, o apagamento
progressivo da memória ou o vazio de uma espera por um fim anunciado, Roca, com
uma imensa ternura - que toca mas também choca - vai mostrando a progressão da
doença que as últimas páginas acentuam com o desaparecimento do rosto dos
interlocutores de Emílio, a progressiva indefinição do traço ou mesmo o
aparecimento de vinhetas completamente brancas…
Tudo sintetizado, com invulgar felicidade, na belíssima e marcante
capa em que o protagonista, Emílio, à janela de um comboio, de cabeça
(literalmente) aberta, desfruta o vento fresco que ao mesmo tempo lhe retira do
cérebro, uma a uma as imagens, as memórias que o mantinham preso à vida…
Nota final
Li “Rugas” na edição original francesa da Delcourt, há uma
meia dúzia de anos. E escrevei sobre ele, na altura, num texto entretanto
recuperado aqui.
Esta edição portuguesa justificou nova leitura – atenta,
interessada, com novas descobertas – e, voluntariamente, a)nova reflexão
escrita (a que está acima).
Comparem as duas, se tiverem curiosidade.
09/04/2012
El Invierno del Dibujante
Paco Roca
Astiberri (Espanha,
Novembro de 2010)
175 x 250 mm, 128 p.,
cartonado
16,00 €
Resumo
Na Primavera de 1957, cinco desenhadores de primeiro plano –
Carlos Conti, Guillermo Cifré, Joseph Escobar, Eugenio Giner e José Peñarroya –
decidem deixar a Editorial Bruguera para criarem a sua própria casa editorial a a sua própria revista - Tio Vivo - e
serem, assim, os únicos donos do seu trabalho e dos seus originais.
Esta é a história desse (ilusório) acto (revolucionário) em
plena Espanha franquista.
Desenvolvimento
Este livro é um documentário – mais fiel e preciso do que,
possivelmente, se pode imaginar – sobre um momento marcante da história da “historieta”
espanhola, bem enquadrado no tempo em que decorreu, em que a televisão começava
a mostrar-se, a corrida espacial entre russos e americanos se agudizava e o
regime franquista impunha medidas cada vez mais duras.
Mas façamos um ponto da situação. A Editorial Bruguera,
criada em 1910 como El Gato Negro, era, nos anos 1950, a mais importante
editora espanhola de BD, com revistas como Pulgarcito, com uma (estonteante)
tiragem que ultrapassava o milhão de exemplares semanais, e personagens
hiper-populares como El Repórter Tribulete, Zipi y Zape, Doña Urraca, Las
Hermanas Gilda ou Mortadelo y Filemón.
Fundada por Juan Bruguera, entretanto substituído pelos
filhos Pantaleón e Francisco, assentava num trabalho minucioso e num controle
ao pormenor, numa estrutura na qual os desenhadores eram simples operários,
cujo único direito era o do pagamento das páginas (se) regularmente entregues.
A editora reservava para si a posse dos originais, o direito de lhes impor
todas as correcções – no argumento e no desenho - que julgasse necessárias, o
direito de os reimprimir gratuitamente sempre que lhe aprouvesse.
Foi contra este estado de coisas, agravado pela pressão das
entregas, a necessidade de redobrarem a produção para garantirem a sua
subsistência, o desprezo manifestado por familiares e amigos por quererem
passar a vida a fazer “desenhitos”, que os autores acima referidos tentaram rebelar-se,
criando uma das primeiras editoras geridas pelos próprios artistas, experiência
de (algum) sucesso mas de pouca duração, como esta (bela) história de Paco Roca
(muito bem) mostra.
É verdade que o autor espanhol, dono de uma belíssima linha
clara, não se mostra neste livro tão virtuoso como em obras anteriores, e que a
planificação é algo monótona, o que talvez fosse difícil de evitar pois quase
toda a trama assenta nas conversas entre os protagonistas. O que, se provoca
algumas quebras no ritmo de leitura, acentua o tom assumido de documentário –
de época, atrevo-me a escrever – que, se numa fase inicial pode parecer
estranho ao leitor, rapidamente se torna natural e até estimulante.
Feita de avanços e recuos – que vão acompanhando motivos e
razões para as diversas atitudes assumidas ao longo do cerca de ano e meio que
a história dura - a narrativa assenta também em páginas cuja cor de fundo –
sempre suave – se vai alterando de acordo com o estado de espírito – da euforia
à depressão – dos cinco protagonistas que, não por acaso, coincidem também com
estações do ano. De alguma forma, pode dizer-se que a trama parte de um “sonho
de uma noite de primavera” (em tons de rosa bebé), passa pelo calor (emocional)
de um verão sufocante (em ocre) e tem o seu epílogo (traído…) no
azul-acinzentado que marca as páginas invernais onde tem lugar o (inevitável) desfecho.
Terminada a leitura, fechado o livro, ao documentário
(lido), sobrepõe-se, como o autor explica no posfácio, o acto de justiça e de
reconhecimento para com os autores que, na infância, o divertiram, fizeram
sonhar e “amar os cómics”, e a declaração de amor à arte (desenhada) que Paco
Roca escolheu como sua.
A reter
- A bela homenagem feita aos quadradinhos espanhóis (não
seria magnífica obra similar sobre os bastidores do Mosquito, Papagaio ou
Diabrete?).
- O tom de documentário de época assumido e conseguido.
- O belo trabalho cromático de Paco Roca, que tem por base a
substituição do branco habitual (dos fundos de páginas, balões e outros
pormenores) pelas três cores (rosa, ocre, azul-acinzentado) que marcam as
diferentes épocas da história.
Curiosidades
- El Invierno del Dibujante foi contemplado, entre vários
outros, com os prémios para Melhor Álbum e Melhor Argumento no Salon
Internacional del Comic de Barcelona, em 2011.
25/11/2009
Rides
Paco Roca (argumento e desenho)Delcourt (França, Março de 2007)
200 x 263 mm, 104 p., cor, cartonado com sobrecapa com badanas
Velhos são os trapos, diz o adágio popular. Mas velhos seremos, também, todos nós, um dia, se o tempo nos deixar chegar lá. Se o corpo mandar. E, principalmentem, se a mente quiser. Porque, eu pelo menos acredito nisso, a velhice é um estado de espírito. Que faz de muitos "jovens", seres completamente senis, e de muitos "velhos", jovens na flor de idade.
"Rides", de Paco Roca, fala-nos da velhice. Não tanto enquanto estado de espírito, embora o conceito lá esteja subjacente, mas enquanto realidade incontornável. Isto, porque se passa quase totalmente num asilo - num lar de idosos, preferirão alguns, por soar mais "politicamente correcto".

Mas o que pode ter de "politicamente correcto" um lar como o que é aqui recriado - possivelmente espelho demasiado fiel (e em muitas casos até optimista) da triste realidade que estas instituições são - quando este não é mais do que um depósito de idosos, dividido em dois andares, o de baixo para os que ainda são autónomos, o de cima para os que pouco mais fazem do que vegetar à espera do fim, mas todos condicionados à mesma rotina estéril que apenas parece prepará-los (empurrá-los?) para o seu fim: acordar-tomar o pequeno-almoço-ver televisão-almoçar-ver televisão-jantar-dormir…
Narrativa ficcional, mas baseada em factos verídicos, que o autor viveu/ouviu contar/investigou, começa quando Émile é colocado no tal lar pelo seu filho (e nora…) quando os primeiros sinais da doença de Alzheimer se começam a manifestar, levando-o, cada vez mais frequentemente, a perder as memórias do presente, "refugiando-se" no passado - e atente-se na forma como Roca mostra isto graficamente, não só mostrando Émile quando era novo, mas, principalmente apagando as faces dos que o rodeiam ou deixando vinhetas/páginas em branco, dando uma força inusitada às consequências da sua doença.
A (in)adaptação de Émile, o seu relacionamento com os outros "hóspedes", as especificidades de cada um (da doença de cada um…), a sua progressiva perda de faculdades, num declínio inexorável e assustador, são narrados com crueza mas também ternura por Paco Roca e se o tom do relato é aparentemente leve e bem-disposto, ao que ajuda a sua linha clara, agradável, de traço delicado, e com toques de bom humor - a velhice origina muitas situações caricatas - o todo incomoda e choca. Por vermos como a sociedade (lemos os outros? - só os outros….?) trata os seus velhos.Por sentirmos que, um dia, podemos ser nós a estar lá.
(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #18 de Abril/Maio de 2007)
21/07/2009
Les Rues de Sable
Les Rues de SablePaco Roca (argumento e desenho)
Delcourt (França, Abril de 2009)
202 x 257 mm, 96 p., cor, capa cartonada
Resumo
Um jovem, atrasado para se encontrar no banco com a sua companheira, para assinar um contrato de empréstimo à habitação, corta caminho por um velho bairro da sua cidade, cuja saída não consegue achar. Acaba por ir ter a um hotel repleto de personagens absurdas, que vivem um quotidiano vazio e repetitivo, convencidas que nunca o poderão mudar.
Desenvolvimento
Este é um delírio (autobiográfico?) aos quadradinhos, com as sombras tutelares de Hergé e Borges, que explora o mais fundo da mente humana, convidando a que nos percamos com o autor nas armadilhas do subconsciente do protagonista, que, sem o perceber, se vai
encontrando com diferentes possibilidades de si próprio, sempre incapaz de fazer (novas) escolhas e opções, sempre preso a momentos, recordações, objectos que o marcaram. Tal como na sua vida real, em que as hesitações, o medo de dar o passo em frente, parecem mais fortes do que o desejo de assumir em pleno a relação amorosa.Para o narrar, Paco Roca explana mais uma vez o seu belo traço linha clara, combinado com uma planificação sóbria mas diversificada e labiríntica como a própria introspecção que conduz.
Após a leitura, fica a ideia de que a vida é (pode ser) como uma BD, como uma bela BD, na qual sempre pode aparecer a palavra
(continua). Resta saber se o protagonista chegou – quis chegar – a tempo ao banco ou se preferiu passar (mais uma parte d)a vida preso nos seus sonhos de liberdade.A ler, sem qualquer dúvida, apesar de um final demasiado aberto… como quase todos os sonhos. E vidas.
A reter
- Como adepto confesso da linha claro, tenho que destacar o traço de Roca.
Curiosidades
- Tintin, Popeye e o (óbvio) Corto Maltese são alguns heróis de BD que Paco Roca homenageia, expondo-os nas primeiras pranchas do relato.
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