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17/08/2012

Hän Solo












Rui Lacas (argumento e desenho)
Polvo (Portugal, Junho de 2012)
240 x 170 mm, 64 p., 2 cores, brochado com badanas
9,90 €



Aviso: Hän Solo nada tem a ver com a saga de ficção-científica Star Wars; é apenas um pequeno conto em torno da vida de Hän, um homem só.

Hän é um holandês bipolar, de volta à Lisboa onde estudou, a viver uma bela e intensa história de amor com Sandra, enquanto tenta (sobre)viver como fotógrafo.
Fotógrafo, sim, mas também pintor, desenhador, pelo menos quando a doença bipolar - controlada pelos fármacos, exacerbada pelos seus excessos – deixa. Um homem só, à procura dos outros – imaginando-os mesmo onde não está ninguém – perdido nos seus próprios excessos emocionais, sujeito às desilusões quotidianas e às desfeitas dos outros.
Mas Hän Solo é, antes de mais, uma demonstração da mestria de narrar aos quadradinhos de Rui Lacas - num registo graficamente próximo de “A Ermida”, que surge praticamente em simultâneo com “Asteroid Fighters” #2 - onde se revela tão à vontade no retratar da figura humana quanto na transposição para o papel dos cenários reais (Lisboa, Madrid) que escolheu para o seu relato, e exemplar no modo como o pouco texto e as imagens se coordenam, fluem, prendem, cativam e arrastam o leitor pela história.
Uma história - surpreendente na sua simplicidade, cativante na forma sentida como capta e transmite sensações e emoções - apanhada a meio pelos leitores e abandonada pouco mais de meia centena de pranchas depois, muito antes que ela se conclua – tal como as vidas daqueles com quem ocasionalmente nos cruzamos.
Mas que, como Hän Solo, deixam em nós uma marca indelével e uma forte vontade de os ter conhecido melhor.


17/07/2012

Asteroid Fighters #2 - Os Oráculos














Rui Lacas
ASA (Portugal, Junho de 2012)
205 x 290 mm, 72 p., cor, cartonado



Resumo
A corporação dos Asteroids Fighters continua a tentar evitar que o planeta Terra seja destruído pelos misteriosos asteróides explosivos, ao mesmo tempo que tentam descobrir a sua origem e quem está por detrás do seu lançamento.

Desenvolvimento
Depois de um intervalo demasiado longo – Asteroid Fighters#1 – O Início foi editado em Outubro de 2009 - surge finalmente o segundo tomo desta saga que, de forma resumida – embora algo precipitada – pode ser classificada (apenas) como uma verdadeira história de super-heróis.
Curiosamente, a sua maior qualidade – a originalidade do contexto e (dos poderes) das personagens – é também o seu maior defeito. Porque falta ao leitor sentir a familiaridade que geralmente sente em relação a outras narrativas de super-heróis, e que gera a empatia necessária com elas.
Apesar disso, a narrativa, bem ritmada, lê-se com agrado – e cumpre, assim, aquela que é sem dúvida a sua primeira premissa: divertir – e, apesar de já fornecer algumas respostas, nomeadamente quanto à origem e identidade do vilão de serviço, deixa o leitor suficientemente em suspenso, ansiando pelo próximo tomo da série.
Para isso contribui o traço desenvolto de Lacas, que revela uma grande segurança e à-vontade, quer no retrato das personagens, quer na composição das cenas, ricas, diversificadas e, geralmente, com uma planificação muito dinâmica - a que não é estranha alguma influência manga, assimilada ao seu estilo bem pessoal – contribuindo o todo para garantir um bom ritmo narrativo.
Claro está, fosse outro o meio aos quadradinhos em que Asteroid Fighters nasceu – um contexto onde existisse uma indústria e um mercado reais – e esta poderia ser apenas a introdução a um universo com muito para contar e por onde se desenvolver – apesar da especificidade das ameaças que os Asteroid Fighters combatem – pois as personagens ricas e estimulantes, com passado, presente e futuro para explorar são muitas. Estando nós em Portugal, resta-nos esperar pela conclusão deste tríptico – era esse o plano inicial – se possível num prazo menos dilatado do que aquele que mediou entre os dois primeiros tomos.

A reter
- A originalidade do conceito e das personagens que sustentam esta saga.
- A desenvoltura gráfica de Rui Lacas, um dos grandes narradores portugueses contemporâneos aos quadradinhos.
- O aproveitamento das guardas para apresentação dos vários intervenientes…
- … que, curiosamente, são inspirados nos amigos – também autores de BD ou ilustradores – de Lacas.

Menos conseguido
- O excessivo período de tempo que mediou entre a edição dos dois primeiros tomos de Asteroid Fighters.


22/12/2011

A Ermida

Rui Lacas (argumento e desenho)
Polvo (Portugal, Julho de 2011)
210 x 148 mm, 56 p., 2 cores, brochado
7,90 € 

Resumo
O roubo de algumas jóias, entregues pelo rei D. Carlos a um padre de Lisboa, em vésperas da implementação da República em Portugal, é o mote para esta história de tom vagamente histórico e policial. 

Desenvolvimento
Resultado de um desafio lançado pelo projecto Travessa da Ermida, esta é uma pequena história à margem da implementação da República em Portugal (embora este facto tenha uma importância decisiva no seu desfecho), protagonizada por um padre e um (travesso) menino Jesus de pedra que tem por base um roubo numa igreja e como local privilegiado da acção a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, em Belém, Lisboa.
Pequena história, já o escrevi, dotada de humor simples e cativante, narrada (com mestria), quase sem palavras, numa combinação de fantástico e realidade que cativa e dispõe bem, é a confirmação – se tal fosse ainda necessário – do talento para a narrativa sequencial gráfica de um dos mais produtivos – e interessantes – jovens autores nacionais.
Porque, apesar de ser uma história simples, na forma como foi concebida, no argumento desenvolvido e na concretização da narrativa, conduz o leitor, curioso e intrigado, ao longo das suas páginas, sem momentos mortos nem lapsos narrativos, fruto especialmente da planificação dinâmica e diversificada - apesar da sua (aparente) simplicidade de apenas uma ou duas vinhetas por página, bem trabalhadas com uma única cor (verde) adicionada ao preto e branco – numa sucessão de grandes planos, vistas de conjunto ou zoom sobre pormenores que têm como único objectivo disponibilizar ao leitor tudo o que é importante para completa compreensão e fruição da história que é contada.
História essa que adopta um tom vagamente policial, com as jóias entregues ao padre a desaparecerem misteriosamente, sem que haja pistas nem suspeitos. Perplexo e desesperado, por de alguma forma ter sido traída a confiança em si depositada, o padre investiga à sua maneira, sendo o desfecho, que tem lugar a dois tempos, duplamente surpreendente, por razões que convido o leitor a descobrir. 

A reter
- A enganadora simplicidade do relato, que esconde a mestria narrativa de Rui Lacas.


05/02/2010

Asteroid Fighters, Tomo 1 - O Início

Rui Lacas (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Outubro de 2009)
205 x 293, 77 p., cor, cartonado

Depois de várias obras neo-realistas de temática humana e social, entre os quais o muito interessante “Obrigada, patrão”, Rui Lacas, um dos valores seguros da moderna banda desenhada portuguesa, surpreende com este relato misto de antecipação cientifica e de super-heróis, de que este álbum é apenas o inicio, de uma (prevista) trilogia. Da história e do projecto, que prevê uma eventual edição em formato comic-book nos EUA e num eventual álbum integral em França…
Mantendo o seu estilo gráfico, apoiado num traço grosso linha clara, de cores quase sempre vivas, uma planificação dinâmica e multifacetada, com a utilização de múltiplos enquadramentos, aqui apoiados por uma utilização da cor e das sombras mais cuidada, Lacas, que mantém uma grande originalidade nas (eficazes) onomatopeias, leva-nos até 2112. Nesse futuro (im)possível(?), a Terra tem à sua frente um governo mundial de unidade, no seguimento de um cataclismo provocado pela queda de um asteróide um século antes e que, se causou muitas mortes e destruiu as cidades costeiras, teve o condão de unir a humanidade na luta pelos interesses comuns.
Para evitar a repetição da catástrofe, foram desenvolvidos estudos que levaram à criação de uma raça de super-seres, os Asteroid Fighters que dão título à obra. E cuja missão urge mais do que nunca, quando um misterioso ser começa a bombardear o nosso planeta com asteróides artificiais. Recheada de citações (em especial a registos de comics e manga) e homenagens – aos amigos que trabalham com ele no estúdio e aos “verdadeiros” super-heróis -, a história, ritmada, divertida e recheada de momentos de tensão e suspense, desenvolve-se a bom ritmo, com a informação necessária para a sua compreensão bem diluída nos diálogos, um dos aspectos em que Lacas, mais uma vez, brilha, cumprindo com distinção o seu objectivo: divertir e entreter.
O que não é pouco, nos dias que correm, ficando o voto que os restantes tomos chegues depressa, porque este, fazendo muitas perguntas e dando poucas respostas, deixa água na boca.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 30 de Janeiro de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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