Jerry Scott (argumento)
Jim Borgman (desenho)
Gradiva (Portugal, Novembro
de 2011)
210 x 220 mmm, 128 p., pb e
cor, capa brochada
14,50 €
1.
Aqueles que acompanham séries – de BD,
televisivas… com regularidade – também com alguma paixão… - acabam por criar
com os protagonistas laços, por vezes até bem fortes.
2.
Laços que fazem com que se acompanhe com
interesse e curiosidade – ou com medo, temor, solidariedade ou, escrevo outra
vez, paixão – o seu dia-a-dia…
3.
Graças a esses laços, aprendemos – sim, sou um
daqueles que acompanha séries com alguma paixão! – a conhecer os seus
protagonistas.
4.
A saber a sua forma de estar e de (re)agir
perante os problemas quotidianos ou as situações limite que enfrentam, a forma
como interagem com os que lhes são próximos ou com os desconhecidos, o que
sentem, como o expressam, o que reservam para si…
5.
Como vivem.
6.
Jeremy, de Zits, é um desses casos.
7.
Um (quase) eterno adolescente, por quem o tempo
passa muito devagar – mas vai passando, embora nos quadradinhos das tiras
diárias e pranchas dominicais que protagoniza, a um ritmo muito mais lento do
que o da vida real…
8.
Que neste tomo já tem idade para ter carta,
desfrutando do facto de poder conduzir da forma que só os recém-encartados o
fazem.
9.
E pelo que atrás deixei escrito, torna-se
evidente que ele – os seus autores – já não surpreendem quem o lê.
10. A
sua postura – relaxada, indolente, quase imobilidade absoluta – é a mesma…
11. Os
grunhidos e monossílabos que troca com os pais repetem-se…
Aa linguagem adolescente em que assentam as
suas conversas com os colegas também não mudou…
12. A
sua relação com Sara, a partilha da carrinha com Hector, as questões sociais e
existenciais do “multi-piercing-ado” Pierce continuam recorrentes…
13. O
domínio da tecnologia e a proximidade com ela – que espanta e desespera os pais
– acentua-se…
14. Mas,
apesar disso, aparentemente contradizendo-me, se tudo continua igual, Zits
consegue sempre surpreender-nos.
15. Porque
cada uma das suas tira(das), cada uma das suas reacções, cada uma das suas
saídas, cada uma das complicações que provoca, cada uma das situações
vivenciadas, diverte e faz sorrir (ou mesmo rir), tanto o leitor novo quanto o
veterano das suas tiras.
16. Devido,
ao humor puramente visual que recria no papel, como realidade visível, as
metáforas banais do dia-a-dia – uma das grandes qualidades de Zits,
principalmente expressa nas (bem) coloridas e graficamente melhor trabalhadas
pranchas dominicais…
17. …
e também porque Scott e Borgman, aliam àquele humor um sentido crítico e
irónico e uma imensa capacidade de traduzirem nos seus quadradinhos, de forma
única e irresistível – recorrente, mas sempre surpreendente! - uma das fases
mais complicada, atabalhoada, contraditória, desesperante, depressiva e
estimulante da vida do ser humano: a adolescência.