10/03/2011

Capitão América, 70 anos

Datada de Março de 1941 (embora pareça certo que foi distribuída em Dezembro do ano anterior), a “Captain America Comics” marcou a estreia de um novo super-herói, criado por Joe Simon e Jack Kirby e destinado a auxiliar o seu país na luta contra os nazis na II Guerra Mundial.
Por toda a Europa, onde as forças do Eixo tinham acabado de assinar um pacto, a guerra alastrava; na União Soviética, Trotsky, um dos líderes da Revolução Socialista era assassinado; no Norte de África, nada parecia poder deter as tropas de Mussolini; nos Estados Unidos, os preparativos para a guerra estavam a começar. Por isso, neste contexto, nada mais natural do que criar um herói que servisse de modelo, incentivasse e liderasse os jovens contra os nazis e os seus aliados.
Dessa forma, o Capitão América, sem super-poderes nem artefactos tecnológicos, dependia apenas da inteligência, da força física e da coragem. E, fora do uniforme, era Steve Rogers, numa primeira fase dispensado do exército por inaptidão física e posteriormente utilizado como cobaia de um soro especial, numa experiência que visava criar super-soldados que permitissem aos EUA sair vitoriosos do combate que se avizinhava.
Para apelar ao patrio-tismo, o novo herói, vestia as cores e os símbolos da bandeira dos Estados Unidos (as faixas, as estrelas) e tinha como única arma um escudo, que era triangular na revista de estreia, mas passou a redondo a partir da segunda, para evitar confusões (e um processo judicial) com The Shield, um herói surgido semanas antes.
O sucesso foi imediato e a revista, apesar do tom ingénuo (que hoje reconhecemos nas suas histórias), atingiu rapidamente vendas acima do milhão de exemplares – mais do que a “Times”… -, que se mantiveram mesmo com a saída da dupla de criadores no décimo número.
Ao lado do Capitão América, estava Bucky, um adolescente que por acaso descobriu a sua identidade secreta e Betty Ross, agente do governo e sua grande paixão. Mais tarde surgiriam o Falcão, Nick Fury e os Vingadores, como seus aliados nos combates pela liberdade.
Estes, de início eram contra os espiões que, nos EUA, na sombra, tentavam sabotar o esforço de guerra americano, o que não impediu que o Capitão América logo no segundo tomo, fosse até à Europa desbaratar as forças nazis e socar (literalmente) Hitler e Goering!
O fim da guerra – e a crise que se lhe seguiu – esvaziaram o interesse dos heróis patrióticos, levando ao cancelamento da revista em Fevereiro de 1950, pese embora uma tentativa vã de o transpor para a Guerra da Coreia.
E se hoje em dia morrer e ressuscitar é tão natural como respirar no universo Marvel, o Capitão América foi de certa forma um pioneiro neste aspecto. Desaparecido nas águas geladas do Oceano Ártico, na sequência de uma explosão, no final da II Guerra Mundial, sobreviveu graças ao soro que lhe fora injectado, mantendo-se em animação suspensa, até ser resgatado pelos Vingadores, já nos anos 60, pelas mãos de Stan Lee e, de novo, Kirby, vindo depois a passar pelas mãos talentosas da maior parte dos grandes criadores da Marvel-
Só que os tempos eram outros, o seu protagonismo desvaneceu-se, o seu desencanto com os “novos” EUA foi grande. Combateu então vilões comuns (sempre com o Caveira Vermelha à cabeça) e também políticos corruptos, chegando mesmo a enfrentar o governo americano quando os princípios em que acreditava eram postos em causa.
O início deste século trouxe-lhe novos adversários, os terroristas que atacaram Nova Iorque e Washington e todos aqueles que desafiam o exército americano pelo mundo. Por isso não surpreende vê-lo a servir de modelo e exemplo, nos comics que anualmente a Marvel cria para distribuição gratuita aos soldados americanos no estrangeiro.
Em tempos mais recentes, durante a saga “Guerra Civil”, que opôs super-heróis contra e a favor do registo das suas identidades secretas, os ideais que sempre defendeu fizeram dele o líder por excelência dos que, contra o governo, defendiam o direito à liberdade e à privacidade, o que culminou com a sua prisão e posterior assassinato a tiro à entrada do tribunal onde ia ser julgado. Enterrado com honras militares, o seu lugar seria ocupado por Bucky Barnes (um outro ressuscitado…). De forma temporária, no entanto, porque, pouco tempo depois, o Capitão América original regressou porque o seu legado não pode desaparecer enquanto os EUA tiverem inimigos no mundo.
Apesar do sucesso nos quadradinhos, o Capitão América só chegaria ao pequeno ecrã nos anos 60, como integrante da série animada “The Marvel Super Heroes”. Com excepção de dois filmes televisivos na década seguinte, as restantes aparições do herói, em desenhos animados, nunca foram em séries com o seu nome. Nos anos 90, o cinema dedicou-lhe um filme menor, protagonizado por Matt Salinger, e actualmente está em produção “Capitão América – O Primeiro Vingador”, com estreia prevista para Julho deste ano. Dirigido por Joe Johston, a partir do argumento de Christopher Markus e Stephen Mcfeely (que já trabalham na respectiva sequela), tem como protagonistas Chris Evans (Steve Rogers), Hugo Weaving (Caveira Vermelha), Tommy Lee Jones (General Phillips) e Hayley Atwell (Peggy Carter).

(Versão revista do texto publicado no JN de 5 de Março de 2011)

3 comentários:

  1. Quando era miúdo era dos meus heróis preferidos, mas depois cresci e fiquei sem paciência para aquela cena propagandista norte-americana...
    Mas adorava ler os comics do Cap. quando houve aquela fase contra as "cobras"! Eu gostava das "cobras"!
    :D
    Acho que o Cap. renascido, no universo Ultimate é muito mais "credível" que a versão mais antiga, ou normal, conforme lhe quiserem chamar! Pelo menos gostei muito mais!
    ;)

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  2. Ainda bem que me lembraste disso... vou fazer um post sobre o Serpent Squad!
    ahahaha

    Abraço

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  3. Viva Bongop,
    Pois, é o chamado serviço público...! Sempre ao dispor!
    Abraço!

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