Rui Zink (argumento)
António Jorge Gonçalves (desenho)
Museu Nacional de Arte Contemporânea (Dezembro de 2010)
250 x 340 mm, 32 p., cor, cartonado, 16 €
Resumo
O desaparecimento de três pintores – José Malhoa, Silva Porto e Moura Girão - do quadro “O Grupo do Leão”, de Columbano, exposto no Museu do Chiado, leva um dos seus responsáveis a chamar a polícia, na pessoa do Inspector Columbano, para proceder à respectiva investigação.
Desenvolvimento
Nascido como um (falso?) policial, esta nova colaboração entre Rui Zink e António Jorge Gonçalves - depois de “A Arte Suprema”, “Rei” e “VIH, o vírus da sida” – nascida de um convite do Museu do Chiado para dar a conhecer os contornos daquele que foi talvez o mais influente movimento da arte portuguesa de finais século XIX, rapidamente se transforma num passeio em tom de divagação pelo mundo da arte, da pintura (e mesmo da banda desenhada). Por isso, ao longo das páginas são mostradas diversas pinturas e esculturas, nalguns casos inseridas num contexto actual, de forma bem curiosa.
No seu epicentro está “O Grupo do Leão”, um quadro pintado por Columbano Bordalo Pinheiro, em 1885, no qual imortalizou a tertúlia de artistas e intelectuais que se costumava reunir na cervejaria Leão. Partindo dos seus inte-grantes, Zink leva-nos a acom-panhar o trajecto – não isento de percalços - do quadro ao longo das décadas, numa história que, sendo didáctica, está longe de excessos que a tornem aborrecida, ressaltando da sua leitura a fluidez com que o leitor é guiado através das páginas, cuja planificação raramente é convencional, mesmo apesar da multiplicidade de personagens, enquadramentos e soluções gráficas adoptadas. Nalguns casos, estratégias aparentemente simples, mas bem conseguidas, como o passeio pelo “interior” de alguns dos quadros abordados, cujas molduras servem de (falsas) vinhetas, ou o percurso dos protagonistas ao longo de vários locais numa mesma prancha, que também contribuem para tornar a leitura mais dinâmica.
Tal como o passeio pela arte, também a inves-tigação é levada a bom termo – longe no entanto daquilo que se esperaria se se tratasse de um policial tradicional - num todo que destaca a importância não das obras mas dos autores e das pessoas reais que as inspiram e elas retratam. No final, fechado o álbum, pode o leitor concluir que os criminosos foram afinal os autores do livro, apostados em mostrar um novo “grupo”, não do Leão, mas deste país que temos. Mais actual sem dúvida; mais genuíno, possivelmente; mas também mais pobre intelectualmente. Por isso, fica a (incómoda e triste) sensação de que Portugal, o actual, em que vivemos, fica bem pior no novo retrato…
Curiosidade
- No quadro O Grupo do Leão, abaixo reproduzido, Columbano retratou, sentados, da esquerda para a direita: Henrique Pinto, José Malhoa, João Vaz, Silva Porto, António Ramalho, Moura Girão, Rafael Bordalo Pinheiro e Rodriges Vieira; e de pé, da esquerda para a direita: Ribeiro Cristino, Alberto d'Oliveira, o empregado de mesa Manuel Fidalgo, Columbano Bordalo Pinheiro, outro criado (Dias) ou o dono da Cervejaria, António Monteiro e Cipriano Martins.
Sem comentários:
Enviar um comentário